CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 18 de agosto de 2015

14ª Aula Parte A – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 2º ANO – FEESP

PERFEIÇÃO MORAL

AS VIRTUDES E OS VÍCIOS - DAS PAIXÕES - DO EGOÍSMO - CARACTERES DO HOMEM DE BEM - CONHECIMENTO DE SI MESMO

AS VIRTUDES E OS VÍCIOS

Na busca por nosso progresso reencarnamos inúmeras vezes, até atingir o mais alto grau de perfeição que comporta nosso planeta. A cada reencarnação temos desafios que, se traduzem em lições a serem refeitas.

Mas, o que significa lições a serem refeitas? O nosso planeta é semelhante a uma escola, com seus vários graus de ensino e diversos tipos de alunos. Todos, sem exceção, começam seus estudos pelo nível mais baixo, porém, a medida que assimilamos os estudos correspondentes a cada série somos promovidos a série seguinte. Há alunos que desejam ardentemente aprender, outros que o fazem por fazer e uns que odeiam estudar e preferem se divertir.

Vê-se então que todos se encontram num mesmo caminho, ou seja, o do aprendizado, porém, cada um trilhando determinado percurso da estrada. Todos têm grandes lições a aprender, e outras, a serem refeitas, estamos em processo de evolução.

As lições a serem refeitas são aquelas que apresentam maior dificuldade de assimilação. Desta forma, temos que nos empenhar mais, estudar com mais afinco, fortalecer nossa vontade de aprender a fim de atingir nossa meta.

Os vícios representam as lições a serem refeitas em nossas vidas.

Para tanto, é importante o autoconhecimento, que identifique sua realidade, seus vícios assim como as virtudes que eventualmente possua.

Quais são? Como identificá-los? Qual possui?

Vamos ao significado das palavras Virtudes e Vícios.

Virtudes: são todos os hábitos que levam o homem para o bem, é uma disposição adquirida voluntariamente para o bem e consiste na boa qualidade moral do homem, Excelência moral, forca interior, retidão, austeridade.

Vícios: ausência das virtudes. São ações que tendem para o mal, os costumes censuráveis, os hábitos perniciosos, entre os quais: o fumo, a gula, o álcool, os abusos sexuais. Já os defeitos consistem nas imperfeições ou desvios das leis morais, como o orgulho e seus filhos: o egoísmo, a inveja, o ciúme, a maledicência, etc.

Todas as virtudes são louváveis, porque implicam no cumprimento da Lei do Progresso. Existem pessoas que fazem o bem espontaneamente, isso é um sinal de progresso realizado. Esses lutaram outrora e triunfaram. Por isso é que os bons sentimentos nenhum esforço lhes custam e suas ações lhes parecem simplíssimas.

O bem se lhes tomou um hábito. Devidas lhes são as honras que se costuma tributar a velhos guerreiros que conquistaram os seus altos postos. (LE 894)

Há pessoas que demonstram um desinteresse natural pelas coisas materiais, no entanto, o descuido irrefletido de nossos bens constitui sempre falta de juízo.

A riqueza, do mesmo modo que não é dada a uns para ser aferrolhada num cofre forte, também não o é a outros para ser dispersa ao Vento. Representa um depósito de que todos terão de prestar contas, porque terão de responder por todo o bem que podiam fazer e não fizeram, por todas as lagrimas que podiam ter estancado com o dinheiro que deram aos que dele não precisavam. (LE 896)

O bem deve ser feito caritativamente, isto é, com desinteresse. Procede como egoísta todo aquele que calcula o que lhe possa cada uma das suas boas ações renderem na vida futura. Nenhum egoísmo, porém, há em querer o homem melhorar-se, para se aproximar de Deus, pois que é o fim para o qual devem todos tender. (LE 897-B)

E útil que nos esforcemos por adquirir conhecimentos científicos, pois, isso nos põe em condições de auxiliar nossos irmãos. Nos intervalos das encarnações, aprenderemos numa hora o que na Terra exigiria anos de aprendizado. Nenhum conhecimento é inútil; todos contribuem para o progresso, porque o Espírito, para ser perfeito, tem que evoluir, e fazer com que o progresso se efetue em todos os sentidos, todas as ideias adquiridas ajudam no desenvolvimento do Espírito.

De dois homens ricos que empregam suas riquezas exclusivamente em gozos pessoais, o mais culpado é aquele que conheceu os sofrimentos, porque sabe o que é sofrer. A dor, a que nenhum alívio procura dar, ele a conhece; porém, como frequentemente sucede, já dela não se lembra. (LE 899)

Cuidado ao observar as imperfeições alheias, porque isso é faltar com a caridade. Se o fizer, porém, para auxiliar o próximo para que este possa evitá-lo, esse estudo poderá ser-lhe de alguma utilidade.

Importa não esquecer, porém, que a indulgência para com os limites de outrem é uma das virtudes contidas na caridade. “Antes de censurardes as imperfeições dos outros, vede se de vós não poderão dizer o mesmo”.

Tratai, pois, de possuir as qualidades opostas aos defeitos que criticais no vosso semelhante. Esse é o meio de vos tornardes superiores a ele. Se lhe censurais a avareza, sede generoso; se for orgulhoso, sede humildes e modestos; se for aspereza, sede brandos; se for pequenez, sede grandes. Numa palavra, fazei de maneira que não se vos possam aplicar estas palavras de Jesus: “Vê o argueiro no olho do seu vizinho e não vê a trave no seu próprio”. (LE 903)

DAS PAIXÕES

O princípio que dá origem as paixões não é mau quando bem dosado, e pode levar o homem a grandes feitos. O perigo da paixão esta no excesso da vontade descontrolada, visto que o principio que lhe da origem foi posto no homem para o bem. O abuso que delas se faz é que causa o mal. (LE 907)

As paixões são como um automóvel que, só tem utilidade quando Governado e, se toma perigoso desde que passe a governar. Uma paixão toma-se perigosa a partir do momento em que não podemos governá-la e que resulta um prejuízo qualquer para vos mesmos, ou para outrem. (LE 908)

A paixão é a exageração de uma necessidade ou de um sentimento. Está no excesso e não na causa, e esse excesso se toma um mal, quando tem como consequência um mal qualquer. Toda paixão que aproxima o homem da natureza animal afasta-o da natureza espiritual. (LE 908, comentário de Kardec)

DO EGOÍSMO

O egoísmo é a fonte de todos os vícios que caracterizam a imperfeição humana. Dele derivam a ambição, o ciúme, a inveja, o ódio, e toda sorte de males que infelicitam a Humanidade, pelas mágoas que produzem, pelas dissensões que provocam e pelas perturbações sociais a que dão ensejo.

O egoísmo funda-se num sentimento exagerado sobre si mesmo, no qual a pessoa deseja que o mundo gire em tomo de si. Ela é o centro das atenções. Esta chaga da humanidade deverá desaparecer da Terra, porque impede o seu progresso moral.

Ao Espiritismo cabe a tarefa de fazê-la elevar-se na hierarquia dos mundos.

Portanto, o egoísmo é o alvo para o qual todos os verdadeiros crentes devem dirigir Suas armas, Suas forcas e sua coragem. Coragem, porque esta é a qualidade mais necessária para vencer-se a si mesmo do que para vencer aos outros.

Que cada qual dedique toda a sua atenção em combatê-lo em si próprio, pois esse monstro devorador de todas as inteligências, esse filho do orgulho, é a fonte de todas as misérias terrenas. Ele é a negação da caridade, e por isso mesmo, o maior obstáculo a felicidade dos homens.

O egoísmo cresce com a civilização e parece até que esta o excita e mantém. Quanto maior é o mal, mais hediondo se torna. É preciso que o egoísmo produza muito mal, para que se faca compreensível a necessidade de extirpá-lo.

Quando os homens se despojarem do egoísmo, viverão como irmãos, sem se fazerem mal algum e auxiliando-se reciprocamente, impelidos pelo sentimento mutuo da solidariedade.

CARACTERES DO HOMEM DE BEM

Reconhece-se o verdadeiro homem de bem pela sua elevação espiritual, que é provocada pela compreensão da vida espiritual e pelas suas atitudes evidenciadas na pratica da lei de Deus, ou seja, das leis morais.

Os Espíritos são seres imortais criados por Deus, e possuem uma destinação gloriosa - a perfectibilidade. Para efetivar esse itinerário são dotados de recursos e talentos incontáveis, quais a razão, o amor, o livre-arbítrio.

Assim, o Espírito vai gradativamente, realizando sua caminhada evolutiva, errando e acertando, formando sua bagagem de conhecimentos, pessoal e intransferível, a qual Jesus se refere como verdadeira e que a ferrugem nem a traça consomem.

Nessa caminhada vão se estruturando os sinais que evidenciam o progresso já alcançado pelo Espírito.

Comprova-se, facilmente, a elevação espiritual de um individuo pela sua conduta moral no dia-a-dia.

“O Espírito prova a sua elevação quando todos os atos da vida corpórea constituem a prática da Lei de Deus e quando compreende por antecipação a vida espiritual” (LE 918). Quando vivência espontaneamente as leis naturais, quando se harmoniza com a essência divina que o caracteriza, o grandioso processo de transcendência foi iniciado e novas dimensões se abrem para o ser.

O homem de bem busca continuamente uma auto avaliação de si mesmo, para conscientizar-se de seus atos. Ele pratica a lei de justiça, amor e caridade na sua mais completa pureza (LE 918).

Valendo-se da Lei de Liberdade, pratica o bem pela alegria de praticar o bem, e não porque estivesse condicionado por algum castigo ou recompensa.

Se Deus lhe concedeu o poder e a riqueza, administra-os, seguindo a Lei da Caridade, servindo-se deles como um depósito a ser utilizado em proveito de muitos. Se a ordem social colocou homens sob sua dependência, respeita de fato a Lei de Igualdade, tratando-os com benevolência e respeito, valendo-se da autoridade para apoiá-los moralmente.

Pratica a Lei do Amor ao ser, indulgente para com as fraquezas dos outros, porque sabe que ele mesmo tem necessidade de indulgência. Respeita, enfim, nos seus semelhantes, todo o direito decorrente da lei natural, como desejaria que respeitassem os seus (LE 918).

Busca, enfim, a sua perfectibilidade moral, pois vivência em sua consciência a necessidade de superação em respeito à Lei do Progresso. Ciente da bondade de Deus que se revela em cada criatura, vivência a Lei de Sociedade através da pratica do amor ao próximo, da exteriorização do amor em meio aos homens. O homem de bem edifica sua vida sobre a rocha, pois ao identificar-se com o bem, terá sempre forca interior contra as adversidades da vida.

A parábola da Semente (Marcos, 4:26-29) representa perfeitamente o modo de aproveitarmos as lições do Evangelho para nosso crescimento moral. Realmente, o Reino de Deus é como uma semente. As pessoas têm a opção de aceitá-lo ou ignorá-lo. Esta parábola baseia-se em algo da natureza: o crescimento da semente. Deus é o semeador. As sementes são seus ensinamentos e a terra representa todos nos. Deus lança a semente na terra e seu desejo é de que todas germinem, cresçam e frutifiquem. Entretanto, o solo pode ainda não estar convenientemente, preparado, adubado, e assim a semente não germina. No momento em que esta terra for tratada, adubada a semente vingará e dará frutos. Quando nos despertarmos e conscientizarmos de que somos a terra e, portanto depende de nossa vontade de ser adubada, e tratada para que a semente germine. Somos filhos de Deus e se estamos aqui é porque temos uma grande tarefa. Assim quando oramos: “Venha a nós Vosso Reino” temos que trazer este Reino para dentro de nos e fazer com que ele cresça e se espalhe a nossa volta, ajudando a transformar o mundo. Às vezes podemos ter pressa para que o mundo seja melhor num instante, mas, temos que ter paciência e fazer a cada dia o melhor que nos compete, há um tempo para tudo.

CONHECIMENTO DE SI MESMO

“Conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”, afirmou Jesus (João, 8:32). Quanto mais consciente de si, mais livre será o Espírito. Da mesma forma, recomendam os Espíritos que o meio mais prático para se melhorar nesta vida e resistir ao arrastamento do mal é o “conhece-te a ti mesmo” (LE 919)

É muito importante a conscientização da necessidade de reforma intima, como meio de transformação interior, de superação dos erros, de acionar a vontade para substituir os vícios por virtudes. No autoburilamento consiste a chave do progresso individual, por isso não se pode mais dispensar o esforço consciente, não se deve mais viver simplesmente seguindo impulsos e instintos.

O primeiro passo para o conhecimento de si mesmo, segundo Santo Agostinho, consiste em interrogar a cada dia a própria consciência e ver se não se faltou ao cumprimento do dever, se ninguém tem nada de se queixar sobre a sua pessoa.

Mas como julgar a si mesmo? A dificuldade esta justamente em conhecer a si próprio. Existe, segundo o Livro dos Espíritos, um meio de controle que não pode enganar: “Quando estais indecisos quanto ao valor de uma de vossas ações, perguntai como a qualificaríeis se tivesse sido praticada por outra pessoa”. Se a censurardes em outros, ela não poderia ser mais legitima para vós, porque Deus não usa de duas medidas para a justiça (LE 919a).

É assim que podemos julgar nossas ações segundo uma máxima universal: Não fazer aos outros o que não se deseja para si mesmo.

O que conhecer? Vemos constantemente os erros e defeitos dos que nos rodeiam e somos incapazes de perceber nossos próprios. Nossas faltas são sempre justificadas por nos mesmos. É importante a humildade em aceitar as limitações para que se possa crescer e superar-se. Que aquele que tem a verdadeira vontade de se melhorar explore, portanto, a sua consciência, a fim de arrancar dali as mas tendências como arranca as ervas daninhas de seu jardim (LE 919a). No entanto, importa conhecer não somente as limitações mas, sobretudo, as potencialidades, aquilo que existe de divino no Espírito, a forca interior, o amor, a inteligência, a capacidade de transcender a si mesmo.

BIBLIOGRAFIA:
KARDEC, Allan - O Livro dos Espíritos, questões 893 a 919-a;
KARDEC, Allan -A Gênese - cap. I, parágrafo 38; cap. III; cap. XVIII;
KARDEC, Allan - O Céu e O Inferno - Código Penas Futuras;
KARDEC, Allan - Obras Póstumas - Egoísmo e Orgulho, Causas e Efeitos e Meios de Destruí-las; Da Obsessão e da Possessão, parágrafo 58,
item “Questões e Problemas”, As Expiações Coletivas e ultimo parágrafo;
KARDEC, Allan - O Que é Espiritismo - questão 132;
KARDEC, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. VII, item 12; cap. X, itens 9 e 10; cap. XI, itens 11 e 12; cap. XII, itens 1 a 3; cap.
XVII, itens 1 a 4, e, 8; cap. XVIII, item 16;


Fonte da imagem: Internet Google.

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