CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 5 de junho de 2018

11a Aula Parte A - CURSO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA 1º ANO FEESP


ANIMISMO E MISTIFICAÇÃO

Animismo: sistema fisiológico que considera a alma como causa primaria de todos os fatos intelectuais e vitais (do latim: anima = alma +ismo + doutrina).

George Ernst Sthal (1660-1734) médico e químico alemão refutou o estudo, em medicina, da anatomia, da filosofia e da química, por entender que a cura de um doente estava baseada na alma. Assim, estabeleceu o sistema que se tornou célebre pelo nome de animismo.

O Espiritismo, desde o inicio, expõe o fenômeno anímico como a manifestação da alma do médium, portanto, em conceituação diferente daquela fixada por Stahl. A alma do médium pode manifestar-se como qualquer outro Espírito, desde que goze de certo grau de liberdade, pois recobra os seus atributos de Espírito e fala como tal e não como encarnado.

Devemos lembrar que, o perispírito é o órgão sensitivo do Espírito, por meio do qual este percebe coisas espirituais que escapam aos sentidos corpóreos. Pelos órgãos do corpo, a visão, a audição e as diversas sensações são localizadas e limitadas às percepção das coisas materiais, pelo sentido espiritual, ou psíquico, elas se generalizam: o Espírito vê, ouve e sente, por todo o seu ser, tudo o que se encontra na esfera de irradiação do seu fluido perispirítico. (GE. Cap. XIV item 22)

Kardec conta-nos um fato anímico: Um senhor, habitante da província, nunca quis casar-se, malgrado as instancias de sua família. Um dia, estando em seu quarto, ficou admiradíssimo de se ver em presença de uma jovem, vestida de branco, e a cabeça ornada com uma coroa de flores. Surpreso com essa aparição, e estando seguro de que estava acordado, informou-se se alguém tinha vindo nesse dia; mas lhe disseram que pessoa alguma fora vista. Um ano depois cedendo às novas solicitações de uma parenta, decidiu ir ver a jovem que lhes propunham. Chegou no dia de Corpus Christi, e, quando voltava da procissão, uma das primeiras pessoas que vê (entrando na casa é uma jovem que reconhece como sendo a que lhe tinha aparecido; estava vestida do mesmo modo). Ele ficou desorientado e, de sua parte, a jovem soltou um grito de surpresa e sentiu-se mal.

Voltando a si, disse: eu já tinha visto esse senhor em igual dia do ano precedente. Isso foi em 1835. (LM, Cap. VII, item 117).

Ernesto Bozano em seu livro - “Animismo ou Espiritismo‘?” Cap. III esclarece que, as comunicações mediúnicas entre vivos (fenômenos anímicos) provam a realidade das comunicações mediúnicas com os desencarnados (fenômenos espíritas).

Os Espíritos Erasto e Timóteo, explicam: “O médium, no momento em que exerce sua faculdade, o seu estado não difere sensivelmente do estado normal, sobretudo nos médiuns escreventes. Acrescenta que, a alma do médium pode se comunicar como a de qualquer outro” (LM. Cap. XIX, item 223). Cada médium revestirá o pensamento recebido com suas próprias palavras, e Kardec ressalta que “a expressão desse pensamento pode e deve mesmo mais frequentemente, ressentir-se da imperfeição desses meios” (LM, Cap. XIX, item 224).

“Como um médium cuja inteligência atual ou anterior esteja desenvolvida, nosso pensamento se comunica instantaneamente, de Espírito a Espírito, graças a uma faculdade peculiar a essência mesma do Espírito. Nesse caso encontramos no cérebro do médium os elementos apropriados a roupagem das palavras correspondentes a esse pensamento. É por isso que apesar de diversos Espíritos se comunicarem através do médium , os ditados por ele recebidos trazem sempre o cunho pessoal do médium, quanto à forma e estilo.

Porque embora o pensamento não seja absolutamente dele, o assunto não se enquadre em suas preocupações habituais, o que desejamos dizer não provenha dele de maneira alguma, ele não deixa de exercer sua influência na forma, dando-lhe as qualidades e propriedades características de sua individualidade” (LM , cap.XIX item 225)

Para que se possa distinguir se o Espírito do médium ou outro Espírito que se comunica, é necessário observar a natureza das comunicações, através das circunstâncias e da linguagem. Quanto à diferenciação entre o pensamento do médium e do Espírito comunicante no médium intuitivo, Kardec diz que: “A distinção, de fato, e às vezes bastante difícil de se fazer. Pode-se, entretanto, conhecer o pensamento sugerido pela razão de não ser jamais preconcebido, surgindo na proporção em que escreve...”

André Luiz conceitua animismo como o “conjunto dos fenômenos psíquicos produzidos com a cooperação consciente ou inconsciente dos médiuns em ação” (“Mecanismos da Mediunidade”, Cap.23). Em outro livro, o mesmo autor conceitua o fenômeno anímico como uma forma de desdobramento da alma, que se vê possuída. Há uma espécie de manifestação anímica descrita por André Luiz mostrando que, muitas vezes, o que se assemelha a um transe mediúnico, nada mais é do que o médium desajustado, revivendo cenas e acontecimentos no seu mundo subconsciente, fenômenos esse motivado pelo contato magnético, pela aproximação de entidades que partilharam as remotas experiências. (“Nos Domínios da Mediunidade”, Cap. 22)

Nessa hora, o médium se comporta e se expressa como se ali estivesse realmente um Espírito a se comunicar.

Nessas condições, diz André Luiz, “a ideia de mistificação talvez nos impelisse a desrespeitosa atitude, diante do seu padecimento moral. Por isso, nessas condições, é preciso armar o coração de amor, a fim de que possamos auxiliar e compreender. Um doutrinador sem tato fraterno apenas lhe agravaria o problema, porque, a pretexto de servir à verdade, talvez lhe impusesse corretivo inoportuno ao invés de socorro providencial. Primeiro, é preciso remover o mal, para depois fortificar a vitima na sua própria defesa.” (“Nos Domínios da Mediunidade”, Cap. 22)

Mistificar: enganar, burlar, trapacear, tapear, iludir. O primeiro sentido foi o de iniciar alguém nos mistérios de um culto, tomá-lo iniciado. Deriva do grego “mysthés”, donde procede “mysthérion“ mistério. As mistificações são o escolho mais desagradável da prática mediúnica, mas, para evitá-la, há um meio muito simples, que é o de não pedir ao Espiritismo nada mais do que ele não pode e deve dar-vos: seu objetivo é o aperfeiçoamento moral da humanidade.

Desde que não vos afasteis disto, jamais sereis mistificados, pois não há duas maneiras de se compreender a verdadeira moral, mas somente aquela que todo homem de bom senso pode admitir...

Se nada pedem, aceitam o que dizem, o que dá na mesma. “Se recebessem com reserva e desconfiança tudo o que se afasta do objetivo essencial do Espiritismo, os Espíritos levianos não os enganariam tão facilmente”. (LM, 2ª parte, Cap. XXVII, item 303). Do que se conclui que só é mistificado aquele que merece.

Perguntou-se ao Espírito Emmanuel se a mistificação não demonstra desamparo dos mentores da esfera espiritual. Ele respondeu “A mistificação experimentada por um médium traz, sempre, uma finalidade útil, que é a de afastá-lo do amor próprio, da preguiça no estudo de suas necessidades próprias, da vaidade pessoal ou dos excessos de confiança em si mesmo. Os fatos de mistificações não ocorrem à revelia de seus mentores mais elevados, que somente assim, o conduzem a vigilância precisa e as realizações da humildade e a prudência no seu mundo subjetivo” (“O Consolador”, perg. 401).

O charlatão mais hábil geralmente é aquele seguido por maior contingente de pessoas. Assim, é conveniente lembrar que, no intercâmbio com o mundo invisível, os novos discípulos devem precaver-se contra os perigos representados por criaturas desse gênero. O orgulho e a ostentação é o que impulsionam essas pessoas a agirem assim. A técnica de o homem se apresentar como o melhor, o mais bem aquinhoado, de salientar-se a frente dos outros, de ter a presunção de converter consciências alheias, são atributos divorciados da verdade.

Abusa-se de tudo, mesmo das coisas mais sagradas; por que não se abusa da Doutrina espírita? Mas o mau uso que se faz de uma ideia não pode prejudicar a própria ideia.

Onde não há especulação, o charlatanismo nada tem a fazer.

O objetivo da Doutrina Espírita é a Reforma Intima do ser humano, tendo como foco principal a revisão de Valores onde o senso de justiça se faz, urgentemente, necessário. Devemos ter como parâmetro o exemplo de Jesus.

Bibliografia:

KARDEC, Allan. A Gênese: Cap. XIV item 22
KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns: cap. VII, item 117; cap. XIX, item 224 e225 – 2a Parte - Cap. XXVIII, item 303
XAVIER, Francisco Cândido (Espírito André Luiz). Mecanismo da Mediunidade: Cap. 23
XAVIER, Francisco Cândido, VIEIRA, Waldo (Espírito André Luiz). Nos Domínios da Mediunidade: Cap. 22
XAVIER, Francisco Cândido (Emmanuel). O Consolador: perg. 401

Fonte da imagem: Internet Google.

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