CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

18ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Paulinas

Epístola Aos Romanos

INTRODUÇÃO

A Epístola aos Romanos foi escrita em Corinto por volta de 58 d.C. Esta carta irá exercer incalculável influência na estrutura da teologia das igrejas católica e protestante. Muitos artigos de fé destas religiões cristãs encontram sua fundamentação na interpretação do pensamento de Paulo exposto nesta epístola.

Notícias da Espiritualidade

Relata-nos Emmanuel em Paulo e Estevão cap. VII 2ª parte que Paulo em Corinto não falava em outra coisa senão do projeto de visitar Roma no intuito de auxiliar os cristãos ali existentes a estabelecerem instituições semelhantes às de Jerusalém, de Antioquia, de Corinto. Pensou então em preparar a sua chegada fazendo-a preceder de uma carta recapitulando a doutrina consoladora do Evangelho e nomeando com saudações afetuosas todos os irmãos do seu conhecimento.

CONTEÚDO

Paulo inicia a carta apresentando-se como apóstolo de Jesus, chamado para pregar o Evangelho a todos os gentios. Enaltecendo a fé dos romanos, destaca o seu vivo desejo de levar-lhes o Evangelho, pois ele se sente devedor “a gregos e a bárbaros, a sábios e a ignorantes”.

Tese central - A redenção de todos se dá pela fé em Jesus

Antes da revelação da Boa Nova, todos, judeus e gentios, caminhavam de forma contrária as Leis de Deus. Os gentios por não terem se interessado em conhecer as Leis Divinas, deixavam-se levar pelos valores do mundo, sem discernirem entre o bem e o mal.

Os judeus tinham o conhecimento das Leis de Deus, orgulhavam-se deste conhecimento, sentiam-se aptos a julgarem e a condenarem os outros; porém, fazendo as mesmas coisas que condenavam nos outros, acabavam por condenar a si mesmos.

Paulo, no capitulo 2, estabeleceu uma distinção entre a Lei Divina, o Decálogo, e a Lei Mosaica. As “obras da lei” decorriam da observância às prescrições exteriores dadas por Moises, prescrições estas que Paulo, em suas epístolas, constantemente se refere, como: a circuncisão, as regras de alimentação, a observância do sábado, os rituais de purificação.

Neste sentido, para os judeus, a circuncisão significava (e ainda significa) o selo da aliança com Deus. Mas, dirá Paulo, as obras da lei são apenas formalidades, que não conduzem ninguém a Deus. Há uma circuncisão na carne e ha uma circuncisão do coração. Os verdadeiros circuncidados são os do coração, os que vivem a prática do Bem. Portanto, tanto há verdadeiros circuncidados entre os judeus, como entre os gentios. Há transgressores tanto entre os judeus, como entre os gentios.

Papel da fé

Paulo conclui seu pensamento, afirmando: “Porquanto nos sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem as obras da Lei.” (Rm 3:28). A partir deste enunciado, traz o exemplo de Abraão, aquele com quem Deus estabeleceu o Pacto da Aliança, através da circuncisão, para afirmar que a fé em Deus precedeu todas as obras de Abraão. “Abraão creu em Deus, e isto lhe foi levado em conta de justiça.” (Rm 4:3).

Assim, acontece o mesmo com aqueles que creem em Jesus. A fé em Jesus precede as obras do cristão. Paulo não se referia exclusivamente ao ato de crer, mas a fé ativa, aquela que impulsiona o Homem a viver conforme os ensinamentos de Jesus, em quem deposita a sua fé.

Qual é o papel da fé? Encontramos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIX, item 11, pelo Espírito protetor José: “A fé, para ser proveitosa, deve ser ativa; não pode adormecer. Mãe de todas as virtudes que conduzem a Deus deve velar atentamente pelo desenvolvimento das suas próprias filhas. A esperança e a caridade são uma consequência da fé. (...) Pois, se não tiverdes fé, que reconhecimento tereis e, por conseguinte, que amor?”

A reconciliação com Deus

A transgressão gera a desarmonia com as Leis de Deus. Mas, através de Jesus, a Misericórdia Divina derramou-se profusamente sobre os Homens, pois Jesus, ao introduzir no mundo o exemplo do verdadeiro Amor, traçou o caminho que reconcilia o homem com Deus: “o amor que cobre uma multidão de pecados”.

Libertação

“Assim também vós, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus em Cristo Jesus.” (Rm 6:11).

Paulo considera que quando transgredimos as Leis de Deus, ficamos escravos do “pecado”, ou seja, iludidos no erro e, então, ficamos submetidos às consequências dos atos contrários as Leis de Deus. O cristão é chamado a ser uma nova criatura, a se libertar do Mal pela prática do Bem: “... e, assim, livres do pecado, vos tornastes servos da justiça.” (Rm 6:18 ).

A luta interior

“Sabemos que a Lei é espiritual; mas eu sou carnal, vendido como escravo ao pecado. Realmente não consigo entender o que faço; pois não pratico o que quero, mas faço o que detesto.” (Rm 7:14-15).

“Verifico, pois, esta lei: quando eu quero fazer o bem, é o mal que se me apresenta.” (Rm 7:21).

A mais expressiva descrição sobre todos os sentimentos e lutas, que visitam os nossos corações quando sinceramente abraçamos o projeto de nossa renovação interior, está condensada nestes versículos de Paulo.

Nosso agir decorre de hábitos cristalizados que, na maioria das vezes, são inconscientes. Simplesmente reagimos às situações, conforme nossos condicionamentos. São as sombras de nossa inferioridade que nos impelem a agir desta ou daquela maneira (impulsos).

Como agir de conformidade com o que queremos? Agindo conscientemente, ou seja, sendo senhor de nossas ações, governando emoções, sentimentos e os impulsos que deles decorrem. Para tanto é necessário o autoconhecimento e exercitarmos o “Orai e vigiai”. Neste esforço, paulatinamente, vamos adquirindo novos hábitos, até que o Bem esteja definitivamente instalado em nós.

Os ensinamentos revelados por Jesus despertam-nos para a busca dos valores espirituais. A cerca disto, assevera Paulo: “Com efeito, os que vivem segundo a carne desejam as coisas da carne, e os que vivem segundo o espírito, as coisas que são do espírito.” (Rm 8:5).

Viver segundo a carne é deixar-se conduzir pelo fascínio que a matéria exerce, ser governado pelos desejos e impulsos inferiores, é viver somente a vida material, concentrar suas aspirações nos bens da Terra.

No entanto, aquele que vive segundo as leis sublimes do espírito, assinala Emmanuel, em ‘Pão Nosso’, lição 82: “... respira em esfera diferente do próprio campo material em que ainda pousa os pés. Avançada compreensão assinala-lhe a posição íntima. Vale-se do dia qual aprendiz aplicado que estima na permanência sobre a Terra valioso tempo de aprendizado que não deve menosprezar.”

Contudo, todos, tanto os que já despertaram espiritualmente, como aqueles, que ainda permanecem adormecidos, todos alcançaremos, em nossa trajetória evolutiva, a condição da perfeição relativa. Paulo destaca: “E se somos filhos, somos também herdeiros; herdeiros de Deus e co-herdeiros de Cristo...” (Rm 8:17).

A visão de Paulo sobre Israel

Do capitulo 9° ao 11°, o apóstolo aborda a questão da posição dos judeus face ao Evangelho e enfatiza a Misericórdia de Deus para com todos.

Os judeus mantinham-se obstinados em não aceitar Jesus como enviado de Deus, não obstante o patrimônio de fé, as profecias, a promessa, o exemplo de fé dos patriarcas.

“Desconhecendo a justiça de Deus e procurando estabelecer a própria, não se sujeitaram a justiça de Deus. Porque a finalidade da Lei é Cristo para a justificação de todo aquele que crê.” (Rm 10:3-4).

A posição dos judeus em relação a Jesus entristecia profundamente o coração de Paulo e ele assim se expressa: “Irmãos, o desejo de meu coração e a prece que faço a Deus em favor deles é que sejam salvos. Porque, eu lhes rendo testemunho de que têm zelo por Deus, mas não é zelo esclarecido.” (Rm 10:1-2).

Eles ouviram os ensinamentos de Jesus, mas não os acolheram porque seus corações estavam endurecidos; a fé que eles tinham era uma fé caracterizada pela intransigência, pela rigidez, que os impedia de ouvir novos ensinamentos.
O que acontecera com aqueles que não acolheram Jesus? Todos despertarão, todos compreenderão no exercício do Amor o caminho traçado por Jesus, pois a Misericórdia de Deus abrange todos os seus filhos e o Pai a todos destinou para o Amor.

As lições de Jesus na prática: renovação, libertação e progresso espiritual

“E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos, renovando a vossa mente, a fim de poderes discernir qual é a vontade de Deus, o que é bom, agradável e perfeito.”

“(...) eu peço a cada um de vós que não tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que convém, mas uma justa estima, ditada pela sabedoria, de acordo com a medida da fé que Deus dispensou a cada um.” (Rm 12:2-3).

Eis um convite à vivência da humildade. Em geral, ou superestimamos as nossas supostas qualidades e nos inflamos de orgulho e vaidade, ou nos sentimos inferiorizados, concentrando-nos nas nossas dificuldades e imperfeições. Em ambos os casos, o autoconceito não traduz a realidade, pois que todos nós temos qualidades já adquiridas e virtudes por adquirir.

A humildade auxilia-nos a colocarmos as qualidades já adquiridas a serviço do Bem, e a não vermos nelas motivo de nos vangloriarmos ou motivo para pleitearmos posições de destaque na Seara de Jesus. É ainda a humildade que nos ajuda a reconhecer o quanto temos a vencer.

Que cada um assuma o posto de serviço para o qual foi chamado por Jesus e realize a sua tarefa com amor, cooperando com todos.

“Que vosso amor seja sem hipocrisia, detestando o mal e apegados ao bem; com amor fraterno, tendo carinho uns para com os outros, cada um considerando o outro como mais digno de estima.” (Rm 12:9-10).

No final do 12° capitulo, Paulo aborda uma lição fundamental: Como agir perante o mal que nos alcança?

“Abençoai os que vos perseguem; abençoai e não amaldiçoeis. (...) A ninguém pagueis o mal com o mal! (...) Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem.” (Rm 12: 14,17 e 21).

Em geral, o Homem reage pelos mesmos padrões. No entanto, o cristão recebeu de Jesus lições diferentes neste sentido: não retribuir o mal com o mal. E isto porque enfrentar o mal com armas semelhantes é intensificar o mal, acarretando consequências imprevisíveis e dolorosas.

A indulgência auxilia-nos a compreender que todos nós, pelas sombras que há em nossos corações, estamos suscetíveis de ferir os nossos semelhantes de múltiplas formas.

Se formos indulgentes, passaremos a considerar qualquer ofensor como um irmão, temporariamente em desequilíbrio, atravessando a chamada nuvem do momento infeliz; passaremos a exercer a compaixão diante daquele que conscientemente pratica o mal, eis que aquele que semeia o mal terá que recolher os espinhos.

No entanto, a recomendação de Jesus, reiterada por Paulo, vai além: fazer o bem a quem nos faz o mal. Assim, o esquecimento do mal é o primeiro passo. O segundo passo consiste em fazer o bem a quem nos faz o mal.

O primeiro liberta-nos das consequências negativas do mal que abrigamos em nós pelo rancor, pela mágoa, pelo ressentimento. O segundo ilumina o coração e faz germinar a semente do amor incondicional.

“A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é a plenitude da Lei.” (Rm 13:10).

Cuidado com os falsos ensinamentos

Nos capítulos 14 e 15, Paulo faz uma reflexão sobre a alimentação, que era um traço distintivo do povo judeu e um dos preceitos da lei. Isto acarretava conflitos nas comunidades cristãs formadas por judeus e gentios, pois os judeus queriam impor aos gentios a observância dessa lei. Vejamos as suas considerações a respeito do assunto:

“Eu sei e estou convencido no Senhor Jesus que nada é impuro em si. (...) o Reino de Deus não consiste em comida e bebida, mas é justiça, paz e alegria no Espírito Santo. (...) não destruas a obra de Deus por uma questão de comida”. (Rm 14:14, 17 e 20).

Faz então um apelo, a exemplo de todas as outras epístolas, em relação aos que ensinavam uma falsa doutrina. “Rogo-vos, entretanto, irmãos, que estejais alerta contra os provocadores de dissensões e escândalos contrários aos ensinamentos que recebestes. Evitai-os”. (Rm 16:17).

Epílogo

Paulo reafirma sua condição de apostolo dos gentios, fala de seu projeto de ir a Roma e a Espanha e saúda a todos. Paulo irá a Roma, com certeza, mas como prisioneiro por amor ao Cristo.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “A caridade não pratica o mal contra o próximo. Portanto, a caridade é a plenitude da Lei”.


Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário