CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 14 de setembro de 2017

16ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

As Epístolas Do Novo Testamento

Introdução

O Novo Testamento é composto pelos quatro Evangelhos, pelo livro profético do Apocalipse e pelo conjunto das epístolas.

Epístolas são cartas que foram escritas por alguns dos apóstolos e seguidores de Jesus, destinadas aos cristãos. São 21 cartas no total: 14 de Paulo, 2 de Pedro, 3 de João, 1 de Judas e 1 de Tiago.

Das 14 cartas de Paulo, 1 foi dirigida às comunidades específicas por ele fundadas; 3 epístolas, chamadas pastorais, foram escritas a Timóteo (2) e a Tito (1); e há, ainda, 1 carta pessoal endereçada a Filêmon.

Muitas cartas que circulavam pela cristandade, e eram atribuídas aos apóstolos, foram catalogadas como apócrifas, ou seja, não foram consideradas autênticas pelos concílios. Exemplos: carta de Paulo aos Laodicenses, correspondência entre Paulo e Sêneca, epístola de Barnabé, carta de Pedro a Tiago.

AS CARTAS DE PAULO

Noticias da Espiritualidade

Paulo, o grande apóstolo dos gentios, tinha uma terna solicitude por todos os núcleos cristãos. Em seu ardor missionário, o intrépido trabalhador, após verificar que as sementes do Evangelho já haviam germinado em terra fértil, partia em demanda de outras terras, como dizia ele, para desbravar caminhos e ensolarar corações com as benesses da Boa Nova.

No entanto, inúmeras solicitações chegavam de suas igrejas amadas, pedindo a sua presença, as suas orientações, os seus conselhos. Importante é ressaltar que Paulo, em seus escritos, refere-se constantemente as igrejas cristãs. Quando usava esse termo “igreja”, em verdade, estava designando as diversas comunidades cristãs que haviam se formado.

Conta-nos Emmanuel, em “Paulo e Estevão”, capitulo VII, 2ª parte, que os assuntos eram urgentes e variados. Os irmãos carinhosos e confiantes contavam com a sua dedicação.

Como atender a todos? Buscava na luz da oração a inspiração necessária... E uma Voz fazia-se ouvir, trazendo-lhe a solução almejada: “Poderás resolver problema escrevendo a todos os irmãos em meu nome; os de boa-vontade saberão compreender porque o valor da tarefa não está na presença pessoal do missionário, mas no conteúdo espiritual do seu verbo, da sua exemplificação e da sua vida. Doravante, Estevão permanecerá mais conchegado a ti, transmitindo-te meus pensamentos, e o trabalho de evangelização poderá ampliar-se em benefício dos sofrimentos e das necessidades do mundo”.

Assim, prossegue Emmanuel, começou o movimento dessas cartas imortais, cuja essência espiritual provinha da esfera do Cristo, através da contribuição amorosa de Estevão.

Embora destinadas às igrejas específicas, seu conteúdo dirige-se aos cristãos de todos os tempos. As epístolas não constituem tratados teológicos; na realidade, são escritos que respondem a situações concretas, fruto das solicitações ou necessidades das igrejas.

No entanto, ao lado das respostas as situações específicas, em todas Paulo abordava os seguintes temas fundamentais:

- a imortalidade da alma, comprovada pela “ressurreição” de Jesus,

- a Lei do Amor, revelada pelo Mestre como caminho para Deus,

- a necessidade da renovação interior como condição essencial para seguir os passos de Jesus.

Do conjunto de 14 epístolas, 9 serão abordadas com mais profundidade, em função da abrangência do programa. Quanto às demais, faremos a seguir uma breve apresentação.

EPÍSTOLA AOS TESSALONICENSES

Paulo escreveu duas epístolas aos Tessalonicenses. Escritas em Corinto, por volta de 51 d.C., foram as primeiras epístolas escritas por Paulo e são, provavelmente, os documentos cristãos mais antigos.

Cartas de Paulo às comunidades pastorais e pessoal:

Tessalonicences 1 e 2

Colossenses

Coríntios 1 e 2

Romanos

Efésios

Gálatas

Hebreus

Filipenses

Timóteo 1 e 2

Tito

Filêmon

Paulo, Silas, Lucas e Timóteo deram os primeiros passos para instituir uma comunidade Crista em Tessalônica, durante a 2ª viagem missionária. Tessalônica era a cidade mais populosa da Macedônia, até o século III d.C.

O tema central das duas cartas decorre de questões levantadas pela comunidade sobre a ‘segunda vinda’ do Cristo e o consequente dia do ‘juízo final’.

Neste ponto, precisamos observar que, especialmente no primeiro século, era corrente a crença que o Cristo retomaria em breve (segunda vinda).

Em ambas as cartas, o conteúdo da resposta de Paulo está em conformidade com o Sermão Profético proferido por Jesus, contido no capitulo 24 do Evangelho de Mateus.

Nestas epístolas, Paulo enaltece a fé que havia entre eles e procura encorajá-los a perseverarem, apesar das tribulações; exorta-os, ainda, a prática do bem e, cada vez mais, a busca do progresso espiritual.

A Primeira Carta

Na comunidade de Tessalônica, o destino daqueles que haviam morrido antes da esperada volta de Jesus havia se tornado uma grande preocupação. Então, nesta 1ª Carta, Paulo procura dissipar essa inquietação.

Primeiramente, Paulo reafirma que a “ressurreição” dos mortos é uma realidade, e, que por ocasião da segunda vinda de Jesus, tanto os que morreram após se renovarem com a mensagem do Cristo, assim como os que estavam vivos e praticando os seus ensinamentos, todos eles se encontrariam com o Mestre e: “assim, estaremos para sempre com Senhor. Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (I Ts 4:17-18).

Não sabemos quando se dará a vinda de Jesus, diz Paulo: “Portanto, não durmamos, a exemplo dos outros; mas vigiemos e sejamos sóbrios. Quem dorme, dorme de noite; quem se embriaga, embriaga-se de noite. Nós, pelo contrário, que somos do dia, sejamos sóbrios. Revestidos da couraça da fé e da caridade e do capacete da esperança da salvação.” (I Ts 5:6-8).

A Segunda Carta

Após a 1ª epístola, ainda havia certa ansiedade quanto à data em que Jesus viria, a qual se acreditava ser iminente. Este será tema central da 2ª epístola.

“Quanta a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo, e à nossa reunião com ele, rogamo-vos, irmãos, que não percais tão depressa a serenidade de espírito, e não vos perturbeis nem por palavra profética, nem por carta que se diga vir de nós, como se o Dia do Senhor já estivesse próximo.” (II Ts 2:1-2).

Importante destacar a recomendação de Paulo quanto à necessidade de analisar o conteúdo das comunicações espirituais à luz dos ensinamentos que ele ministrava (concordes com as revelações de Jesus) e de rejeitar as comunicações espirituais, cujo teor se apresentasse divergente destes ensinamentos.

Quando se daria a vinda do Senhor?

Paulo afirma que a vinda de Jesus será precedida de muitos sinais: ocorrerá o esfriamento da fé e, então, Homem tornar-se-á ímpio, ou seja, descrente e impiedoso. E todos os que se deixarem seduzir pelo ímpio e praticarem a injustiça serão condenados.

Paulo alertava para a necessidade da vigilância em relação àqueles que mesmo produzindo prodígios eram em verdade, falsos profetas.

É importante ressaltar que a linguagem utilizada para descrever a segunda vinda do Cristo e o juízo final é simbólica. Daí o imperativo de tirar véu da letra para interpretar segundo espírito que vivifica, ou seja, buscando a essência espiritual.

O segundo advento do Cristo e juízo final, temas que estão interligados, foram objeto de analise de Kardec em “A Gênese”, capitulo XVII, item 45:

“Jesus anuncia Seu segundo advento, mas não diz que voltará a Terra com um corpo carnal, nem que o Consolador será personificado n’Ele. Ele se apresenta como devendo vir em Espírito, na glória de Seu Pai, julgar mérito e demérito, e recompensar a cada um segundo suas obras, quando os tempos se completarem... ”

E no item 67 afirma:

“A qualificação de juízo final não é exata, já que os Espíritos passam por semelhante tribunal a cada renovação dos mundos que habitam, até que tenham atingido certo grau de perfeição. Não existe, portanto, para falar propriamente, juízo final, mas Existem juízos gerais em todas as épocas de renovação parcial ou total da população dos mundos, em consequência das quais se operam as grandes emigrações ou imigrações de Espíritos”.

EPÍSTOLA AOS GÁLATAS

Logo depois que Paulo fundou as igrejas da Galácia, os chamados “judaizantes” começaram a pregar um evangelho diferente dos ensinamentos de Jesus, semeando confusão e divisão nas comunidades. Os “judaizantes” eram judeus convertidos ao Cristianismo, que preconizavam a necessidade de submeter os gentios a circuncisão e a observância da Lei Mosaica.

Em função disto, Paulo escreveu a epístola aos Gálatas. É uma carta de repreensão, pois parte dos gálatas estavam sendo desleais ao Evangelho ministrado por ele. Nesta Carta, Paulo reafirma sua autoridade apostólica, esclarece uma vez mais os pontos fundamentais do Evangelho e solicita a eles que retomem os seus ensinamentos.

A divisão que vinha ocorrendo não se justificava, pois Jesus abolira a separação que existia entre os homens:

“Não há judeu nem grego, não há escravo nem livre, não há homem, nem mulher; pois todos vós sóis um só em Cristo Jesus.” ( Gl 3:28).

Jesus revelou que o plano da redenção, da “salvação” é para todos, pois Deus não faz distinção entre as pessoas. Com Jesus, compreendemos que se faz necessário libertarmo-nos de crenças antigas, sobretudo a crença de que simplesmente o cumprimento de rituais exteriores pode conduzir Homem a Deus: “Pois, em Cristo Jesus, nem a circuncisão tem valor; nem a incircuncisão, mas apenas a fé agindo pela caridade”. (Gl 5:6; grifo nosso).

Paulo conclama os cristãos a edificação do homem novo pela prática da caridade: “Pois toda a Lei está contida numa só palavra: “Amarás a teu próximo como a ti mesmo.” (Gl 5:14).

EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES

Esta epístola foi escrita a igreja de Colossas, no vale do Lico, província da Ásia Menor. Foi escrita de Roma, por volta do ano 61 d.C. Esta comunidade não foi fundada por Paulo, mas graças aos esforços de Epafras, um de seus colaboradores que, visitando Paulo, trouxe-lhe noticias do progresso do Evangelho no vale do Lico. Entretanto, a igreja também sofria a influência de elementos perturbadores, que poderiam subverter Evangelho.

A carta foi escrita em resposta a esta necessidade urgente de orientá-los. A perturbação provinha, uma vez mais, de falsos doutores que, neste caso, estavam misturando a Lei Mosaica e ao Evangelho uma série de crenças originárias do Paganismo, como culto aos anjos e as forças cósmicas, a observância concernente ao calendário com relação às datas de festas, de luas novas, e também sobre regras alimentares, etc.

Esses doutores, assim, referendavam a autoridade dos seus ensinamentos nessas tradições. Eles alegavam que o Homem alcançaria a salvação através da observância a esses preceitos e práticas litúrgicas e místicas.

Paulo afirma que Jesus trouxe a reconciliação entre os homens, ensinando que Amor conduz a Deus:

“Portanto, assim como recebestes a Cristo Jesus Senhor assim nele andai...” (Cl 2:6).

Em relação àqueles que prosseguiam insistindo na necessidade do cumprimento de regras exteriores, Paulo adverte: “Tomai cuidado para que ninguém vos escravize por vãs e enganosas especulações da ‘filosofia’, segundo a tradição dos homens, segundo os elementos do mundo, e não segundo Cristo.” (Cl 2:8).

“Tudo isso está fadado ao desaparecimento por desgaste como preceitos e ensinamentos dos homens.” (Cl 2:22).

Quanto às palavras de Jesus, são palavras de vida eterna. Portanto, que: “A Palavra de Cristo habite em vós ricamente...” (Cl 3:16).

EPÍSTOLA A FILÊMON

A carta foi escrita entre 58 a 61 d.C, em Roma, onde Paulo encontrava-se preso e foi endereçado a Filêmon, abastado cristão de Colossas, Nesta carta, Paulo intercede por Onésimo, escravo de Filêmon, que havia de algum modo lhe causado dano.

De acordo com as leis que regiam a escravidão, Paulo sabia que Onésimo precisava ser devolvido ao seu senhor. Na carta, Paulo implora a Filêmon, que perdoe Onésimo, reconhecendo-o como um irmão na fé e pede que o liberte para que ele pudesse continuar a servir com ele. A pedido de Paulo, a reconciliação entre Filêmon e Onésimo deu-se nos princípios do amor e do perdão.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a importância que tiveram as Cartas de Paulo.


Fonte da imagem: Internet Google.

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