CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

17ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Paulinas

1ª Epístola Aos Coríntios

A IGREJA DE CORINTO

Notícias da Espiritualidade

De acordo com a narrativa de Emmanuel, em “Paulo e Estevão”, cap. VII, 2ª parte, Paulo encontrava-se em Atenas, profundamente abatido em função da aridez intelectual que encontrara nos atenienses ante a exposição do Evangelho. Timóteo foi ao seu encontro, carregado de boas notícias, e lhe falou sobre o desenvolvimento da Doutrina Crista em Corinto, bem como da presença de Áquila e Prisca.

Paulo, então, partiu com Timóteo, imediatamente, não só porque Corinto falava-lhe ao coração pelas recordações de Jeziel e Abigail, como porque queria abraçar o casal de amigos, que lhe eram tão queridos.

Paulo permaneceu por quase dois anos em Corinto e fundou a sua amada igreja, com o auxilio de muitos cristãos. A comunidade floresceu, produzindo os mais belos frutos de espiritualidade.

Informações sobre a epístola

A relação de Paulo com esta igreja era a de um pai para com seus filhos. Este amor e dedicação a sua igreja ficaram refletidas em cada exortação, em cada linha de suas epístolas.

Esta primeira epístola foi escrita em Éfeso, no período de 54 a 57 d.C., dirigida a judeus, gregos, escravos e homens livres.

Paulo recebe um grupo vindo de Corinto, entre os quais estavam os familiares de Cloé, e de Apolo, que lhe trazem informações sobre a igreja além de solicitações de esclarecimentos e orientações as várias questões.

O contexto cultural em Corinto ajuda-nos a entender o teor da carta. Corinto era um centro abastado de comércio e viagens marítimas. Tomou-se a 3ª cidade do Império, depois de Roma e Alexandria. Era um lugar de mistura pluralista de culturas, filosofias, estilos de vida e religiões.

Nesta carta, é interessante observar; Paulo faz alusão a uma carta anterior a esta (1 Cor 5:9) de data incerta. Esta carta, contudo, perdeu-se.

Objetivos da 1ª Carta aos Coríntios

Em geral, os estudiosos dividem a Carta em três partes:

- 1ª parte fala das divisões e dos escândalos;

- 2ª parte aborda soluções para problemas diversos;

- 3ª parte aborda o tema da ressurreição dos mortos.

A carta foi escrita em função dos seguintes objetivos:

- Advertir a comunidade sobre condutas e conflitos;

- Esclarecer pontos da Carta anterior;

- Responder questões a cerca de: casamento, celibato, consumo de alimentos sacrificados aos ídolos, comportamento nas reuniões evangélicas;

- Abordar alguns temas fundamentais do Cristianismo: a “ressurreição” e o modo da “ressurreição”, a comunicação com os Espíritos e o amor como o Divino Mandamento.

CONTEUDO

1ª parte - Paulo os exorta a reflexão e à mudança de atitude

“Eu vos exorto, irmãos, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo: guardai a concórdia uns com os outros, de sorte que não haja divisões entre vós; sede estreitamente unidos no mesmo espírito e no mesmo modo de pensar.” (1 Cor 1:10).

Paulo aborda a questão da existência de conflitos na igreja, que se encontrava dividida em partidos que se diziam aliados a Apolo, a Pedro, a ele ou ao Cristo. Cada um pretendia ser superior aos demais.

Paulo destaca que isto era fruto de um orgulho e de uma vaidade Injustificáveis, pois ele, Apolo e Pedro eram todos apenas servos de Jesus, assim como todos os membros da comunidade deveriam ser considerados.

Paulo opõe a sabedoria do mundo à sabedoria de Deus. Ao criarem divisões na comunidade, eles estavam agindo consoante os valores do mundo. Ele, Apolo e Pedro eram servidores, cada qual agindo conforme suas potencialidades: um planta, o outro rega, mas é “Deus quem faz crescer”.

A obra de cada um revelara de fato quem é de Deus: “Por conseguinte, ninguém procure nos homens motivo de orgulho...” (1 Cor 3:21).

Diante da soberba de parte dos coríntios, Paulo, esclarece quão diferente é a realidade vivida pelo servo de Cristo, contrapondo a sorte dele, na qualidade de apóstolo, a situação dos coríntios: “Julgo que Deus nos expôs, a nós, apóstolos, em último lugar; como condenados à morte: fomos dados em espetáculo ao mundo, aos anjos e aos homens. Somos loucos por causa de Cristo, vós, porém sois prudentes em Cristo; somos fracos, vós, porém, sois fortes; vós sois bem considerados, nós, porém, somos desprezados. Até o momento presente ainda sofremos fome, sede e nudez; somos maltratados, não temos morada certa e fatigamo-nos trabalhando com nossas mãos. Somos amaldiçoados e bendizemos; somos perseguidos, e suportamos; somos caluniados, e consolamos. Até o presente somos considerados como o lixo do mundo, a escória do universo. (1 Cor 4:9-13).

O apóstolo, na condição de educador de almas, torna-se um exemplo de abnegação para refletir em si mesmo a grandeza das Leis de Deus, num mundo onde a imperfeição moral o expõe a tantos sofrimentos.

Os capítulos 5 e 6 contém advertências e censuras a alguns membros da igreja, sobre certas atitudes como o litígio entre irmãos e a promiscuidade.

Sobre o litígio, Paulo indaga: “Por que não vos deixais antes, defraudar? Entretanto, ao contrário, sois vós que cometeis injustiça e defraudais - e isto contra vossos irmãos!” (1 Cor 6:7-8).

No tocante a prostituição, interroga: “Ou não sabeis que o vosso corpo é templo do Espírito Santo, que está em vós e que recebestes de Deus?’(1 Cor 6;19).

Como templo do Espírito, o corpo possibilita ao Ser atuar no mundo. Entretanto, o corpo, como instrumento, é governado pelo Espírito.

Logo, todas as paixões, os excessos, os vícios, os desejos procedem do Espírito, revelando a predominância da matéria sobre ele.

Lucidamente, Paulo afirma: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém. Tudo me é permitido, mas não me deixarei escravizar por coisa alguma.” (1 Cor 6:12).

É necessário adquirirmos discernimento para realizarmos as nossas escolhas, de forma a nos propiciar maior equilíbrio e paz. Se nos deixamos envolver pelas sugestões de ordem inferior, se não opomos resistência aos desejos de ordem material, tomamo-nos escravos do mal, ou seja, ficamos compromissados com as consequências de nossas escolhas.

Somos livres na semeadura, mas a colheita é obrigatória. Toda ação gera consequências equivalentes. Assim, quando sugestões inferiores alcançam-nos, vale à pena, em favor de nós mesmos, perguntar: Isto me convém?

2ª Parte - Orientações e respostas as questões levantadas pelos coríntios

Do 7° capitulo ao 11°, Paulo responde as perguntas da comunidade, que versam sobre:

• Casamento - deve ser pautado pelo respeito mútuo;

• Celibato - é uma condição que permite ao cristão dedicar-se com mais amplitude as tarefas na Seara de Jesus, mas Paulo recomenda, fortemente, que aquele que sente anseio da comunhão afetiva, que se case;

• Separação - recomenda a reconciliação. Caso a reconciliação não seja possível, que não tomem a se casar. Esta orientação, observemos, está de acordo com o que Jesus disse acerca do divórcio. (Mt 19:1-9).

• Alimentação - é permitido alimentar-se das carnes que foram sacrificadas aos ídolos? Paulo afirma: “Não é um alimento que nos fará comparecer para julgamento diante de Deus: se deixamos de carne; nada perdemos; e, se comemos, nada lucramos.” (1 Cor 8:8). No entanto, adverte que nem todos são esclarecidos. Perante os frágeis, não capazes ainda de compreender o acima exposto, há que lhes respeitar a fragilidade, abstendo-se de fazer algo que possa induzi-los a vacilar na fé.

• A conduta nas reuniões evangélicas - os primeiros cristãos realizavam, após o estudo do Evangelho, uma ceia em comum, em memória de Jesus. Paulo repreende-os pela forma como eles estavam comportando-se na “Ceia do Senhor”, pois cada um se apressava a comer a própria ceia. Como a igreja era composta de pessoas simples e de pessoas mais abastadas, havia quem ficasse embriagado e havia quem passasse fome.

O que significava realizar a ceia em nome do Senhor? Honrar lhe os ensinamentos. No caso, comer o pão e beber o vinho, em nome de Jesus, era uma conclamação a compartilhar, a não fazer distinção entre os pobres e os ricos.

3ª Parte - Os temas fundamentais do Cristianismo

Do 12° capitulo ao 15°, Paulo aborda alguns dos temas fundamentais do Cristianismo, quais sejam: a imortalidade da alma, o corpo da ressurreição (o corpo espiritual), a comunicação com os Espíritos, o amor e a caridade.

O intercâmbio mediúnico era amplamente vivenciado nas igrejas primitivas. Desde o fenômeno ocorrido com os apóstolos, no Pentecostes, Jesus determinara que as vozes do Alto fizessem-se ouvir mais amplamente na Terra, a fim de que a obra de evangelização do mundo, a ser realizada pelos colaboradores encarnados, recebesse a luz da inspiração, do esclarecimento, do consolo, das advertências dos Mensageiros Espirituais.

O capitulo 12 inicia-se com uma advertência contra os falsos profetas da erraticidade, destacando o imperativo do discernimento ante as manifestações dos Espíritos, dizendo:

“Por isso, eu vos declaro que ninguém, falando com o Espírito de Deus, diz: “Anátema seja Jesus”, e ninguém pode dizer: “Jesus é o Senhor”, a não ser no Espírito Santo”. (I Cor 12:3).

Após enfatizar a necessidade de análise e discernimento do conteúdo das comunicações dos Espíritos, Paulo passa a discorrer sobre as diferentes faculdades mediúnicas. Há várias formas de expressar a manifestação dos Espíritos, mas qual deve ser o objetivo das manifestações?

“Cada um recebe o dom de manifestar o Espírito para a utilidade de todos. A um, o Espírito dá a mensagem de sabedoria, a outro, a palavra de ciência segundo o mesmo Espírito; a outro, o mesmo Espírito dá a fé, a outro ainda, o único e mesmo Espírito concede o dom das curas; a outro, o poder de fazer milagres; a outro, a profecia; a outro, o discernimento dos espíritos; a outro, o dom de falar em línguas, a outro ainda, o dom de as interpretar.” (1 Cor 12:7-10).

Há diversidade, porém, não existe nenhuma faculdade superior às outras. Esta colocação de Paulo decorre do fato de haver na igreja de Corinto uma discussão e uma certa inquietação, no sentido de saber qual era o dom mais importante. Então, Paulo utiliza a imagem do corpo, como metáfora, para apoiar a sua argumentação. O corpo é constituído de vários membros, que executam funções diferentes, porém, estão todos interligados, formam um todo, em que um membro não pode prescindir da colaboração dos outros:

“Se o corpo fosse todo olho, onde estaria a audição? (...) Há, portanto, muitos membros, mas um só corpo. não pode dizer o olho à mão: ‘Não preciso de ti’; nem tampouco pode a cabeça dizer aos pés: ‘Não preciso de vós’.” (1 Cor 12:17 e 21).

Ademais, Paulo assinala que todos são membros do corpo de Cristo, e, como tal, todos devem procurar cooperar uns com os outros, em harmonia, segundo as orientações do Mestre.

Cada um é chamado a atuar na Seara do Senhor, segundo aquilo que pode produzir. Nem todos têm as mesmas faculdades, nem todos são doutores. Mas, seja qual for o campo de trabalho que compete ao servidor de Jesus, que o exerça com amor.

As aspirações humanas no tocante a aquisição desta ou daquela faculdade são legitimas, no entanto, todos devem aspirar acima de tudo o desenvolvimento da potencialidade de amar e servir, sem o que qualquer faculdade de que a alma é portadora, manifesta-se de forma imperfeita e incompleta.

No capitulo 13, Paulo exorta os cristãos a colocar como aspiração máxima, o desenvolvimento do amor, que se expressa na caridade legitima, pois que o amor verdadeiro conduz o Homem a compaixão, e a compaixão conduz ao desejo de aliviar, socorrer, compreender, perdoar, servir, sem quaisquer interesses pessoais. O amor eleva o Homem a Deus.

“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como um címbalo que tine;
Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse a fé, a ponto de transportar montanhas, se não tivesse a caridade, nada seria.
Ainda que distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade isso nada me adiantaria;
A caridade é paciente, a caridade é prestativa, não é invejosa, não se ostenta, não se incha de orgulho. Nada faz de inconveniente, não procura o seu próprio interesse, não se irrita, não guarda rancor não se alegra com a injustiça, mas se regozija com a verdade. Tudo desculpa tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará”. (1 Cor 13:1-8).

O que conduz o Homem a Deus? O que torna o Homem melhor? Não é a mediunidade, seja ela qual for, não é o conhecimento da ciência, não é exclusivamente a fé. É o Amor que direciona a ciência para o bem de todos, é o Amor que habilita o médium a ser instrumento do Bem, é o Amor que alimenta a fé para que esta produza frutos, é o Amor que conduz à abnegação, a compaixão que nutre a esperança ante o porvir. Tudo passará, menos o Amor, que é Lei de Deus e o fundamento de nossa evolução espiritual. Nosso conhecimento é limitado, nossas faculdades são incipientes, nossas potencialidades são ainda esperança.

Após reiterar seus esclarecimentos sobre a mediunidade, Paulo aborda a faculdade mediúnica da xenoglossia, que é a faculdade que permite que o médium fale em línguas estranhas a ele. Ela só é útil se puder ser traduzida por alguém, pois a palavra deve falar a inteligência e ao coração, para edificar a todos.

Enfatiza a importância do discernimento, da harmonia, da ordem, da disciplina nas reuniões, atribuindo ao medianeiro a responsabilidade de governar a sua faculdade mediúnica e impor controle e disciplina aos Espíritos comunicantes: “Os espíritos dos profetas estão submissos aos profetas. Pois Deus não é um Deus de desordem, mas de paz”. (1 Cor 14:32-33).

A imortalidade da alma e o corpo da ressurreição

É no capitulo 15, que Paulo declara, categoricamente, a realidade da “ressurreição”, pois que havia entre eles quem apregoasse que não havia ressurreição dos mortos. Explana aos coríntios sobre o “corpo da ressurreição”.

Aqui, convém lembrar que como diz Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo IV item 4, os judeus: “designavam pela palavra ressurreição o que o Espiritismo chama, mais justamente, de reencarnação”.

Retomando a análise deste capítulo da epístola, vemos que, primeiramente, Paulo concita os irmãos a permanecerem firmes no Evangelho que ele havia anunciado.

Mas que Evangelho? Em suas pregações, Paulo partia da proclamação da imortalidade da alma, convicção que fora proporcionada pela experiência da estrada de Damasco, onde ele viu o Cristo em seu corpo glorioso, o que lhe permitira aceitar a veracidade dos testemunhos acerca das aparições de Jesus após a morte. E a partir destas aparições, que ele relembra aos coríntios, que a imortalidade da alma é o ponto central da fé e da pregação dos apóstolos.

Reafirma que tanto quanto Jesus “ressuscitou”, todos “ressuscitaremos”. A alma é imortal. Aconselha os coríntios a terem cautela com aqueles que utilizam o verbo para semear falsos ensinamentos, pois o verbo é força que exerce influência sobre as criaturas e o verbo desgovernado espalha destruição por onde se manifeste.

“Mas, dirá alguém, como ressuscitam os mortos? Com que corpo voltam? (1 Cor 15:35).

“... semeado corpo corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita reluzente de glória; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força, semeado corpo psíquico, ressuscita corpo espiritual.” (1 Cor 15:42-43).

Que interessante metáfora esta em que Paulo refere-se ao corpo material; sujeito a tantas vicissitudes e desgastes, como o corpo corruptível que, ao morrer, é semeado na terra, propiciando a partida do Espírito que ressurge com seu corpo espiritual.

Como pode a matéria que está submetida a morte (corruptibilidade) adquirir a propriedade da imortalidade (a incorruptibilidade) inerente ao Espírito? O Espírito é imortal. Submetido a Lei da Evolução, haverá um dia em que o Espírito estará liberto da Lei da reencarnação, porque terá adquirido a angelitude, para a qual Deus o criou.

Epílogo

Paulo orienta quanto à coleta realizada em favor da Casa do Caminho, fala de seus planos de ir a Corinto e lá permanecer por um tempo, “se o Senhor o permitir”; convida-os a vigiarem, a serem corajosos firmes na fé e caridosos; envia as saudações de todos os que estavam com ele em Éfeso e se despede dizendo:

“Com todos vós está o meu amor em Cristo Jesus”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “Tudo me é permitido, mas nem tudo convém.”


Fonte da imagem: Internet Google.

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