Fenômenos da Natureza
José
Herculano Pires, na introdução de “A Gênese” comenta: “O mundo vem se revelando
aos homens lentamente, através dos milênios em que as gerações se sucedem. Mas
a verdade é que somente neste século, graças a um extraordinário aceleramento
das ciências, a sua realidade começa a desvendar-se aos nossos olhos.
Quando o
homem apareceu na Terra, o Mundo já era velho de muitos milhões de anos. Esse
animal curioso, dotado de inteligência indagadora, começou por conhecer apenas
a epiderme do mundo, assim mesmo em reduzida extensão”.
No inicio de
sua jornada na Terra, a preocupação do Homem era a sua sobrevivência, dia após
dia. Com o passar do tempo, adquirindo certa confiança e habilidade para
atender suas necessidades, 0 Homem passa a buscar respostas para os fenômenos
que o cercam e o intrigam, que interferem de alguma forma em sua vida.
Dentre os
vários significados, podemos definir fenômeno como tudo que pode ser percebido
pelos sentidos ou pela consciência.
Com o
intuito de compreender o que nos rodeia, através do desenvolvimento da razão,
foram nascendo as ciências, e por meio da metodologia científica, as Leis
Naturais foram sendo desvendadas, mas nem sempre totalmente compreendidas.
Jesus,
conhecedor dos fenômenos naturais relacionados às Leis de Deus, portador das
potencialidades espirituais em grau máximo, protagonizou muitos acontecimentos
que pareciam ir contra as leis naturais.
Hoje,
decorridos milênios de sua vinda ao planeta, muitos fatos ainda são
considerados extraordinários, porém, a ciência desvenda-os, pouco a pouco, tornando
compreensível o que antes era extraordinário.
Jesus
realizava coisas que aos olhos de homens simples e ignorantes eram maravilhas;
assim com seria maravilhoso ao Homem de alguns séculos atrás observar; nos dias
de hoje, uma pessoa comunicando-se através de um aparelho celular ou um de
computador.
Kardec, em
“O Livro dos Médiuns”, capítulo II, item 7, afirma: “... O homem, em todos os
tempos teve amor ao maravilhoso. - Mas o que é o maravilhoso, Segundo vês? -
Aquilo que é sobrenatural - E o que entendeis por sobrenatural? - O que é
contrário as leis da Natureza - Então conheceis, pois tão bem essas leis que
podeis marcar limite ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência
dos Espíritos e suas manifestações são contrárias as leis da Natureza; que elas
não são e não podem ser uma dessas leis”.
O
Espiritismo traz a sua contribuição para o desenvolvimento do entendimento
humano e para auxiliar a compreensão do Homem em conceitos que escapam a
ciência material, como a importante ação dos Espíritos nos fenômenos da
natureza, conforme encontramos na obra “O Livro dos Espíritos”, capitulo IX.
MULTIPLICAÇÃO
DOS PÃES (PÃO DA VIDA)
Ele
perguntou: ‘Quantos pães tendes? Ide ver’. Tendo-se informado, responderam-lhe:
‘Cinco, e dois peixes’.
Ordenou-lhes
então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama
verde. E sentaram-se no chão, repartindo- se em grupos de cem e de cinquenta.
Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou ele os olhos ao céu, abençoou,
partiu os pães, e deu-os aos discípulos para que lhes distribuíssem. E repartiu
também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. (Mc 6: 38
a 42).
Cairbar
Schutel, em sua obra “O Espírito do Cristianismo”, aventa a hipótese de ter
ocorrido um fenômeno de materialização em larga escala, produzido por Jesus,
culminando com a multiplicação dos pães.
Kardec,
entretanto, explica-nos em “A Gênese”, capitulo XV que devemos interpretar esta
passagem de maneira figurada, ou seja, devemos nos lembrar que além da fome
material, todos nós possuímos, sobretudo a fome espiritual, geralmente mais
difícil de ser apaziguada. Devido ao seu magnetismo único, Jesus, apenas pela
sua presença, pela sua palavra, pelo seu amor, seria capaz de saciar a fome de
todos que o procuravam, tal o seu teor vibratório espiritual. Não haveria,
portanto, necessidade de “prodígio” para entendermos a passagem acima.
Além disso,
Jesus, que jamais perdia a oportunidade de orientar aos seus discípulos,
incentiva-os a distribuírem aquilo que no momento possuíam, na figura de cinco
pães e dois peixes. Vem, assim, mais uma vez, ensinar-nos a fraternidade e a
solidariedade: aquele que tem reparte com os que pouco ou nada tem. O Mestre
utiliza todo seu conhecimento para saciar a fome do corpo e alma da Humanidade,
ali representada pela multidão que o cercava. É o pão da doutrina ensinada por
Jesus alimentando multidões eternidade afora.
No Evangelho
segundo João (6:35 a 36) encontramos: “Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida.
Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá
sede...”
Jesus é o
pão da vida espiritual, seu Evangelho é o alimento das almas necessitadas de
entendimento e auxilio.
Os
discípulos da fraternidade de Jesus multiplicam seus pães na caridade da prece,
das vibrações que realizam a cada dia em prol de todos: gestos simples, mas de
eficácia abundante. Todos nós temos “pães e peixes” a distribuir.
PESCA
SURPREENDENTE
A multidão,
em Genesaré, ávida pela palavra de Deus, comprimia Jesus que, avistando dois
barcos junto à praia, nele sobe e pede para que se afastasse um pouco, para que
seus ensinamentos pudessem ser aproveitados pela multidão.
“Quando
acabou de falar: disse a Simão. ‘Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a
pesca’. Simão respondeu: Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar;
mas porque mandas, lançarei as redes. Fizeram isso e apanharam tamanha
quantidade de peixes que suas redes se rompiam. Fizeram então sinais aos sócios
do outro barco para virem em seu auxilio. Eles vieram e encheram os dois barcos,
a ponto de quase afundarem”. (Lc 5:4).
Jesus,
portador da faculdade de dupla vista (ver LE questões. 447 a 454-a) em grau
supremo, como nos explica Kardec, em “A Gênese”, capitulo XV sabia onde se
encontrava o cardume de peixes, pois o havia visto, através da alma, assim como
vemos a luz do dia através de nossos olhos materiais. Após alimentar a alma da
multidão, renova a esperança dos homens com “mesa farta” (o peixe era essencial
na alimentação da população).
Alimentar o
corpo é condição essencial para manter a vida física, mas a alma também precisa
do néctar espiritual que são as virtudes vivenciadas.
TEMPESTADE
APLACADA
“Certo dia,
ele subiu a um barco com os discípulos e disse-lhes: ‘Passemos a outra margem do
Lago'. E fizeram-se ao largo. Enquanto navegavam, ele adormeceu. Desabou então
uma tempestade de vento no Lago; e o barco se enchia de água e eles corriam
perigo. Aproximando-se dele, despertaram-no, dizendo: ‘Mestre, mestre, estamos
perecendo ’ Ele, porém, levantando-se, conjurou severamente, o vento e o
tumulto das ondas; apaziguaram-se e houve bonança. Disse-lhes então: ‘Onde esta
a vossa fé? ’Com medo e espantados, eles diziam entre si: ‘ Quem é esse, que
manda até nos ventos e nas ondas, e eles lhe obedecem?” (Lc 8;22-25).
Encontramos
na obra “A Gênese”, no mesmo capitulo XV item 46, o comentário de que “ainda
não conhecemos os segredos da natureza para afirmar se existem, sim ou não,
inteligências ocultas que presidem à ação dos elementos; caso isso fosse
possível, o fenômeno citado acima decorreria de um ato de autoridade sobre
essas inteligências.
Em “O Livro
dos Espíritos” encontramos no capitulo IX, item IX, a ação dos Espíritos sobre
os fenômenos da natureza. As questões 539 e 540 podem nos elucidar no tocante
aos fenômenos das tempestades onde os Espíritos reúnem-se em massas enumeráveis
e de que ha um encadeamento de beleza e harmonia para a produção desses
fenômenos, onde os seres mais simples são dirigidos pelos de maior
inteligência, para reequilíbrio necessário da natureza.
O Mestre,
com sua superioridade natural, seria plenamente capaz de conduzir essa
situação; conhecedor das Leis naturais e de como estes fenômenos são
desencadeados e controlados. O fato de que ele dormia tranquilamente, durante a
tempestade, atesta a sua segurança, explicada pela circunstância de que seu Espírito
não via perigo nenhum e que a tempestade seria amainada.
Na vida
material as tempestades a serem enfrentadas são diversas e o Evangelho será
sempre nosso porto seguro. Jesus deixou para todos nós o roteiro para
navegarmos com tranquilidade mesmo em águas revoltas.
ANDAR
SOBRE ÁS ÁGUAS
“Na quarta
vigília da noite, ele dirigiu-se a eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos,
porém, vendo que caminhava sobre o mar, ficaram atemorizados e diziam: ‘É um
fantasma!’ E gritaram de medo. Mas Jesus lhes disse logo: Tende confiança, sou
eu, não tenhais medo’.”
“Pedro
interpelando-o, disse: ‘Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre
as águas’. E Jesus respondeu: ‘Vem’. Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as
águas e foi ao encontro de Jesus. Mas sentindo o vento, ficou com medo e,
começando a afundar gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus, estendeu a mão prontamente
e o segurou, repreendendo: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?’ Assim que
subiram no barco, o vento amainou. Os que estavam no barco, prostraram-se diante
dele dizendo: ‘Verdadeiramente, tu é o filho de Deus!’.” (Mt 14:22-23)
Segundo
Kardec, em “A Gênese”, capítulo XV, teríamos duas explicações plausíveis para o
fenômeno observado. Jesus poderia ter aparecido sobre a água, numa forma
tangível, ou seja, seu perispírito tornou-se visível, enquanto seu corpo carnal
encontrava-se em repouso.
Por outro
lado, em hipótese menos provável, segundo Kardec, poderia ter ocorrido um
fenômeno onde seu corpo físico teria sido sustentado e seu peso neutralizado
por uma força fluídica neutralizando o efeito da gravidade. No caso de Jesus,
essa força seria produzida por ele mesmo, através da sua capacidade de manipulação
fluídica.
O medo que
Pedro sentiu ainda é o mesmo que hoje afasta as almas do entendimento; sem
humildade colocamos barreiras ao Amor Divino e afundamos na descrença gerando
pensamentos de mágoa, descontentamento e rebeldia. Porém quando nos lembramos
da exemplificação de Jesus entre nós, enchemo-nos de esperança e revivemos,
eliminando medo e angústias, buscando alegria e felicidade.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Através
destas passagens, Jesus fixa na mente humana seus ensinamentos,
incentivando-nos à renovação interior. Como vivenciar esta experiência em nós
mesmos?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco,
Divaldo/Joanna de Angelis – Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda.
- Godoy,
Paulo A. – O Evangelho por dentro – Ed. FEESP.
- Franco,
Divaldo/Joanna de Angelis – Jesus e Atualidade.
- Schutel,
Cairbar – O Espírito do Cristianismo.
Fonte da imagem: Internet Google.
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