CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

22ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Fenômenos da Natureza

José Herculano Pires, na introdução de “A Gênese” comenta: “O mundo vem se revelando aos homens lentamente, através dos milênios em que as gerações se sucedem. Mas a verdade é que somente neste século, graças a um extraordinário aceleramento das ciências, a sua realidade começa a desvendar-se aos nossos olhos.

Quando o homem apareceu na Terra, o Mundo já era velho de muitos milhões de anos. Esse animal curioso, dotado de inteligência indagadora, começou por conhecer apenas a epiderme do mundo, assim mesmo em reduzida extensão”.

No inicio de sua jornada na Terra, a preocupação do Homem era a sua sobrevivência, dia após dia. Com o passar do tempo, adquirindo certa confiança e habilidade para atender suas necessidades, 0 Homem passa a buscar respostas para os fenômenos que o cercam e o intrigam, que interferem de alguma forma em sua vida.

Dentre os vários significados, podemos definir fenômeno como tudo que pode ser percebido pelos sentidos ou pela consciência.

Com o intuito de compreender o que nos rodeia, através do desenvolvimento da razão, foram nascendo as ciências, e por meio da metodologia científica, as Leis Naturais foram sendo desvendadas, mas nem sempre totalmente compreendidas.

Jesus, conhecedor dos fenômenos naturais relacionados às Leis de Deus, portador das potencialidades espirituais em grau máximo, protagonizou muitos acontecimentos que pareciam ir contra as leis naturais.

Hoje, decorridos milênios de sua vinda ao planeta, muitos fatos ainda são considerados extraordinários, porém, a ciência desvenda-os, pouco a pouco, tornando compreensível o que antes era extraordinário.

Jesus realizava coisas que aos olhos de homens simples e ignorantes eram maravilhas; assim com seria maravilhoso ao Homem de alguns séculos atrás observar; nos dias de hoje, uma pessoa comunicando-se através de um aparelho celular ou um de computador.

Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, capítulo II, item 7, afirma: “... O homem, em todos os tempos teve amor ao maravilhoso. - Mas o que é o maravilhoso, Segundo vês? - Aquilo que é sobrenatural - E o que entendeis por sobrenatural? - O que é contrário as leis da Natureza - Então conheceis, pois tão bem essas leis que podeis marcar limite ao poder de Deus? Muito bem! Provai então que a existência dos Espíritos e suas manifestações são contrárias as leis da Natureza; que elas não são e não podem ser uma dessas leis”.

O Espiritismo traz a sua contribuição para o desenvolvimento do entendimento humano e para auxiliar a compreensão do Homem em conceitos que escapam a ciência material, como a importante ação dos Espíritos nos fenômenos da natureza, conforme encontramos na obra “O Livro dos Espíritos”, capitulo IX.

MULTIPLICAÇÃO DOS PÃES (PÃO DA VIDA)

Ele perguntou: ‘Quantos pães tendes? Ide ver’. Tendo-se informado, responderam-lhe: ‘Cinco, e dois peixes’.

Ordenou-lhes então que fizessem todos se acomodarem, em grupos de convivas, sobre a grama verde. E sentaram-se no chão, repartindo- se em grupos de cem e de cinquenta. Tomando os cinco pães e os dois peixes, elevou ele os olhos ao céu, abençoou, partiu os pães, e deu-os aos discípulos para que lhes distribuíssem. E repartiu também os dois peixes entre todos. Todos comeram e ficaram saciados. (Mc 6: 38 a 42).

Cairbar Schutel, em sua obra “O Espírito do Cristianismo”, aventa a hipótese de ter ocorrido um fenômeno de materialização em larga escala, produzido por Jesus, culminando com a multiplicação dos pães.

Kardec, entretanto, explica-nos em “A Gênese”, capitulo XV que devemos interpretar esta passagem de maneira figurada, ou seja, devemos nos lembrar que além da fome material, todos nós possuímos, sobretudo a fome espiritual, geralmente mais difícil de ser apaziguada. Devido ao seu magnetismo único, Jesus, apenas pela sua presença, pela sua palavra, pelo seu amor, seria capaz de saciar a fome de todos que o procuravam, tal o seu teor vibratório espiritual. Não haveria, portanto, necessidade de “prodígio” para entendermos a passagem acima.

Além disso, Jesus, que jamais perdia a oportunidade de orientar aos seus discípulos, incentiva-os a distribuírem aquilo que no momento possuíam, na figura de cinco pães e dois peixes. Vem, assim, mais uma vez, ensinar-nos a fraternidade e a solidariedade: aquele que tem reparte com os que pouco ou nada tem. O Mestre utiliza todo seu conhecimento para saciar a fome do corpo e alma da Humanidade, ali representada pela multidão que o cercava. É o pão da doutrina ensinada por Jesus alimentando multidões eternidade afora.

No Evangelho segundo João (6:35 a 36) encontramos: “Jesus lhes disse: Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede...”

Jesus é o pão da vida espiritual, seu Evangelho é o alimento das almas necessitadas de entendimento e auxilio.

Os discípulos da fraternidade de Jesus multiplicam seus pães na caridade da prece, das vibrações que realizam a cada dia em prol de todos: gestos simples, mas de eficácia abundante. Todos nós temos “pães e peixes” a distribuir.

PESCA SURPREENDENTE

A multidão, em Genesaré, ávida pela palavra de Deus, comprimia Jesus que, avistando dois barcos junto à praia, nele sobe e pede para que se afastasse um pouco, para que seus ensinamentos pudessem ser aproveitados pela multidão.

“Quando acabou de falar: disse a Simão. ‘Faze-te ao largo; lançai vossas redes para a pesca’. Simão respondeu: Mestre, trabalhamos a noite inteira sem nada apanhar; mas porque mandas, lançarei as redes. Fizeram isso e apanharam tamanha quantidade de peixes que suas redes se rompiam. Fizeram então sinais aos sócios do outro barco para virem em seu auxilio. Eles vieram e encheram os dois barcos, a ponto de quase afundarem”. (Lc 5:4).

Jesus, portador da faculdade de dupla vista (ver LE questões. 447 a 454-a) em grau supremo, como nos explica Kardec, em “A Gênese”, capitulo XV sabia onde se encontrava o cardume de peixes, pois o havia visto, através da alma, assim como vemos a luz do dia através de nossos olhos materiais. Após alimentar a alma da multidão, renova a esperança dos homens com “mesa farta” (o peixe era essencial na alimentação da população).

Alimentar o corpo é condição essencial para manter a vida física, mas a alma também precisa do néctar espiritual que são as virtudes vivenciadas.

TEMPESTADE APLACADA

“Certo dia, ele subiu a um barco com os discípulos e disse-lhes: ‘Passemos a outra margem do Lago'. E fizeram-se ao largo. Enquanto navegavam, ele adormeceu. Desabou então uma tempestade de vento no Lago; e o barco se enchia de água e eles corriam perigo. Aproximando-se dele, despertaram-no, dizendo: ‘Mestre, mestre, estamos perecendo ’ Ele, porém, levantando-se, conjurou severamente, o vento e o tumulto das ondas; apaziguaram-se e houve bonança. Disse-lhes então: ‘Onde esta a vossa fé? ’Com medo e espantados, eles diziam entre si: ‘ Quem é esse, que manda até nos ventos e nas ondas, e eles lhe obedecem?” (Lc 8;22-25).

Encontramos na obra “A Gênese”, no mesmo capitulo XV item 46, o comentário de que “ainda não conhecemos os segredos da natureza para afirmar se existem, sim ou não, inteligências ocultas que presidem à ação dos elementos; caso isso fosse possível, o fenômeno citado acima decorreria de um ato de autoridade sobre essas inteligências.

Em “O Livro dos Espíritos” encontramos no capitulo IX, item IX, a ação dos Espíritos sobre os fenômenos da natureza. As questões 539 e 540 podem nos elucidar no tocante aos fenômenos das tempestades onde os Espíritos reúnem-se em massas enumeráveis e de que ha um encadeamento de beleza e harmonia para a produção desses fenômenos, onde os seres mais simples são dirigidos pelos de maior inteligência, para reequilíbrio necessário da natureza.

O Mestre, com sua superioridade natural, seria plenamente capaz de conduzir essa situação; conhecedor das Leis naturais e de como estes fenômenos são desencadeados e controlados. O fato de que ele dormia tranquilamente, durante a tempestade, atesta a sua segurança, explicada pela circunstância de que seu Espírito não via perigo nenhum e que a tempestade seria amainada.

Na vida material as tempestades a serem enfrentadas são diversas e o Evangelho será sempre nosso porto seguro. Jesus deixou para todos nós o roteiro para navegarmos com tranquilidade mesmo em águas revoltas.

ANDAR SOBRE ÁS ÁGUAS

“Na quarta vigília da noite, ele dirigiu-se a eles, caminhando sobre o mar. Os discípulos, porém, vendo que caminhava sobre o mar, ficaram atemorizados e diziam: ‘É um fantasma!’ E gritaram de medo. Mas Jesus lhes disse logo: Tende confiança, sou eu, não tenhais medo’.”

“Pedro interpelando-o, disse: ‘Senhor, se és tu, manda que eu vá ao teu encontro sobre as águas’. E Jesus respondeu: ‘Vem’. Descendo do barco, Pedro caminhou sobre as águas e foi ao encontro de Jesus. Mas sentindo o vento, ficou com medo e, começando a afundar gritou: ‘Senhor, salva-me!’ Jesus, estendeu a mão prontamente e o segurou, repreendendo: ‘Homem fraco na fé, por que duvidaste?’ Assim que subiram no barco, o vento amainou. Os que estavam no barco, prostraram-se diante dele dizendo: ‘Verdadeiramente, tu é o filho de Deus!’.” (Mt 14:22-23)

Segundo Kardec, em “A Gênese”, capítulo XV, teríamos duas explicações plausíveis para o fenômeno observado. Jesus poderia ter aparecido sobre a água, numa forma tangível, ou seja, seu perispírito tornou-se visível, enquanto seu corpo carnal encontrava-se em repouso.

Por outro lado, em hipótese menos provável, segundo Kardec, poderia ter ocorrido um fenômeno onde seu corpo físico teria sido sustentado e seu peso neutralizado por uma força fluídica neutralizando o efeito da gravidade. No caso de Jesus, essa força seria produzida por ele mesmo, através da sua capacidade de manipulação fluídica.

O medo que Pedro sentiu ainda é o mesmo que hoje afasta as almas do entendimento; sem humildade colocamos barreiras ao Amor Divino e afundamos na descrença gerando pensamentos de mágoa, descontentamento e rebeldia. Porém quando nos lembramos da exemplificação de Jesus entre nós, enchemo-nos de esperança e revivemos, eliminando medo e angústias, buscando alegria e felicidade.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Através destas passagens, Jesus fixa na mente humana seus ensinamentos, incentivando-nos à renovação interior. Como vivenciar esta experiência em nós mesmos?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda.
- Godoy, Paulo A. – O Evangelho por dentro – Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis – Jesus e Atualidade.
- Schutel, Cairbar – O Espírito do Cristianismo.


Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário