A PIEDADE
“A piedade é
a virtude que mais nos aproxima dos anjos. É a irmã da caridade que vos conduz
para Deus”, nas sábias palavras do Espirito de Michel. (ESE, cap. XIII, item
17)
Piedade é
aquele sentimento íntimo, profundo, que faz uma pessoa solidarizar-se com a dor
do semelhante, restituindo-lhe a confiança, a esperança e a resignação.
Surgindo ao
lado da desgraça, a piedade transmite uma penetrante suavidade, que encanta a
alma: quando profundamente sentida, é amor; o amor é devotamento; e devotamento
é o esquecimento que o homem sente de si mesmo para solidarizar-se com a dor do
semelhante e esse devotamento, essa abnegação pelos infelizes é a virtude por
excelência, aquela que Jesus praticou em toda a vida, ensinando-a com toda a sublimidade.
O progresso
do Espírito passa pela constatação e pela erradicação do orgulho e do egoísmo,
dispondo a alma à humildade, à beneficência e ao amor ao próximo. É a piedade o
sentimento mais apropriado para colocar o Espírito nessas condições,
comovendo-lhe as fibras mais intimas, diante do sofrimento dos seus irmãos, levando-o
a estender-lhes a mão caridosa e arrancando-lhes lágrimas de simpatia.
E se o
aperfeiçoamento, a purificação do Espírito implica na vivência de todos os
problemas que lhe dizem respeito e no armazenamento de todo os conhecimentos
possíveis, não se deve jamais sufocar este sentimento sublime, essa emoção
celeste, que faz o Espírito experienciar, no corpo e na alma, o sofrimento por
que ele precisaria passar, para elevar-se.
A alma
experimenta uma angústia ao contato da desgraça alheia, sentindo um
estremecimento natural e profundo, que faz vibrar todo o seu ser, afetando-a
profundamente. Mas há aí uma grande compensação, posto que os benefícios não
tardam para o Espírito piedoso que consegue devolver a coragem e a esperança a um
irmão infeliz, que se comove ao aperto da mão amiga. Seu olhar umedecido de
emoção e de reconhecimento, volta-se com doçura, para o benfeitor, antes de elevar-se
ao céu, em agradecimento pelo envio do consolador, do amparo tão desejado. “Mas
é grande ganho a piedade com contentamento” (Paulo, 1ª Epístola a Timóteo, cap.
6:6).
Por isso, o
homem deve afastar de si a indiferença, a insensibilidade, assim como a
compaixão aparente, o fingimento, a antipatia gratuita, a piedade mentirosa,
repleta de ilusões e exigências, pois na realidade aí temos os sentimentos de
orgulho e de egoísmo, nossos defeitos morais mais difíceis de erradicar, antepondo-lhes
a simpatia espontânea e desinteressada. Ensina Cairbar Schutel que “a piedade é
a simpatia espontânea e desinteressada, que se antepõe a antipatia gratuita ou
desrespeitosa”, que “só a piedade consoladora traz alegria ao Espírito, criando
elevação e valor”.
A piedade
sincera jamais expressa covardia a destruir o Bem, nem ridículo a excitar o
riso alheio, porque é força de renovadas almas e luz interior.
Emmanuel
escreve: “Fala-se muito em piedade na Terra; todavia quando assinalamos referências
a semelhantes virtudes, dificilmente discernimos entre compaixão e humilhação.
Ajudo, mas
este homem é um viciado.
Atenderei,
entretanto esta mulher é ignorante e má.
Penalizo-me;
contudo este irmão é ingrato e cruel”.
Complementa
Emmanuel que, de maneira geral, “só encontramos na Terra essa compaixão de voz
macia e mãos espinhosas”, deitando mel e veneno, socorrendo e espancando, ao
mesmo tempo. Mas, “a verdadeira piedade, no entanto é filha legitima do AMOR. Não
perde tempo na identificação do mal”.
E, além do
mais, devemos considerar a PIEDADE sempre como um instrumento ativo, ou seja
ela nos induz a pratica do socorro material ou espiritual, junto daqueles que
os despertaram para este sentimento divino, sem o que ela é infrutífera, nos
ensina Emmanuel na Lição 96 - Espírito da Verdade.
O dia em que
o homem praticar a piedade pura e verdadeira ensinada por Jesus, reinará na
face da Terra a concórdia, a paz e o amor.
Bibliografia:
KARDEC,
Allan. O Evangelho Segundo Espiritismo: Cap. XIII- item 17
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). O Espírito da Verdade: Lição 96
XAVIER,
Francisco Candido (Espírito Emmanuel). Pão Nosso: Lição 107
Questões
para reflexão:
1) Explique
a interferência do Plano Espiritual no processo de cura.
2) Comente o
pensamento de José Herculano Pires sobre a participação da Medicina Espírita
nos tratamentos das doenças dos homens.
3) Explique
o sentimento de piedade e o porquê do Espírito necessitar da erradicação do
orgulho e do egoísmo.
4) Analise a
expressão de Emmanuel: “só encontramos na Terra essa compaixão de voz macia e
mãos espinhosas”.
Fonte da imagem: Internet Google.
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