CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

17ª Aula Parte A - CURSO O QUE É O ESPIRITISMO FEESP


CREMAÇÃO - DOAÇÃO DE ÓRGÃOS E TRANSPLANTES

Uma vez ocorrida a morte, que destino dar ao corpo que já não pode entreter a vida? Enterrá-lo ou cremá-lo, são as alternativas mais comuns.

Hoje está em evidência a questão da doação e transplantes de órgãos, que ajudam a prolongar a vida daqueles que dependem desse gesto para sua sobrevivência. Pode-se, até mesmo, pensar na doação de todo o corpo para estudos científicos, mais comumente nos cursos de Medicina.

Remontando aos fatos históricos, percebemos diversas formas de tratar os mortos. Diz-se que os gauleses abandonavam os corpos de seus soldados mortos no campo de batalha, para espanto dos povos com que travavam confrontos, visto que só se importavam com a alma. O costume no Ocidente, porém, é de sepultar o corpo, no processo também chamado de inumação (do latim in- em e húmus - terra, chão). Trata-se, na verdade, de um hábito muito antigo que remonta a pré-história, há cerca de 30.000 anos, quando criou-se todo um ritual de sepultamento, o que demonstra que o homem daquele período, de alguma forma, já pensava na vida de além-túmulo.

A cremação é um costume antigo do homem. Segundo estudos arqueológicos, foi no Período Neolítico (a Idade da Pedra Polida), por volta 12.000 a 4.000 a.C, que o homem começou a incinerar os corpos de seus mortos, em uma ou outra comunidade. Na Idade dos Metais (de 6,5 mil anos a 5,5 mil anos atrás), passou-se a disseminação mais ampla desse costume.

Habito mais comum em povos do Oriente, principalmente na Índia e no Japão, no Ocidente, porém, a cremação é adotada mais como uma opção, por falta de espaço nos cemitérios ou pela crescente conscientização ecológica.

Segundo o posicionamento da doutrina espírita, a cremação nada tem de prejudicial ao Espírito, visto que apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados todos os tramites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24 a 72 horas, em média. O processo de desligamento do Espírito, em relação ao corpo biológico, tem início, como revelam os Espíritos a Kardec, algum tempo antes do suspiro final e se faz gradualmente. Nunca é uma separação brusca, pois acontece como na ocasião da união do Espírito ao corpo, no momento da encarnação, se operando célula a célula.

O que pesa na escolha da cremação é levar o apego do indivíduo a matéria, sua formação cultural e religiosa, isto é, a maneira como encara a morte. Na verdade, o corpo sem vida orgânica não transmite nenhuma sensação física ao Espírito e qualquer reflexo que esse sinta, em razão da cremação, será de ordem moral e não material. É certo que alguns Espíritos ficam mais tempo “ligados” ao corpo que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua decomposição. Contudo, essa ligação é apenas mental.

Se o indivíduo valoriza mais a vida material que a espiritual, mesmo que for enterrado, muitas vezes, se acreditará ainda encamado, experimentando as sensações do esgotamento das forças vitais. Assim, toma-se fundamental a preparação para a morte, como faziam os antigos egípcios, desde o nascimento do ser. É necessário um esforço de auto renovação, assim como a prática desinteressada do bem. Além disso, o decidido desapego, ainda em vida, das ligações materiais, será essencial para a opção da cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo após a morte.

Os relatos a respeito dos transplantes também são antigos apesar de serem creditados a lendas e tradições sem registro científico. Na Bíblia (Gênesis, 2:21-22) Adão aparece como o primeiro doador. Outro relato conhecido é o dos irmãos gêmeos Cosme e Damião. Conta-se que por volta de 300 d.C, transplantaram a perna de um soldado negro recém morto em um idoso branco que havia perdido a perna no mesmo dia. Passaram a história como mártires e posteriormente foram considerados santos pela Igreja por nada cobrarem de seus pacientes além de combaterem os deuses pagãos foram perseguidos julgados e executados pelo Imperador romano Diocleciano.

Na atual legislação brasileira é a Lei n 9.434 de 04.02.97, que dispõe sobre a doação de órgãos e transplantes.

Foi posteriormente alterada pela Lei no 10.211 que determinava que a manifestação do desejo de doação constasse na Carteira de Identidade Civil e na Carteira Nacional de Habilitação tal modificação perdeu sua validade em 22.12.2000 – portanto, hoje, a doação pós-morte só pode ser realizada com a autorização familiar.

Os transplantes começaram a ganhar importância, nos tempos atuais com o primeiro transplante de coração realizado pelo Dr. Cristian Barnard, na Cidade do Cabo (África do Sul) em dezembro de 1967 surgindo daí a discussão dos aspectos científico, ético e moral que envolve a questão. Enfrentou-se em primeiro lugar o problema da rejeição do organismo do receptor em relação ao órgão transplantado A ciência desde então desenvolveu novas técnicas e drogas anti rejeição bem sucedidas na maioria dos casos.

Hoje, porém as preocupações da sociedade concentram-se mais nos aspectos éticos da questão principalmente no que diz respeito ao diagnóstico de morte. Do ponto de vista científico é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma enfermidade levando o indivíduo em pouco tempo a falência múltipla dos órgãos. Nesse caso não há qualquer esperança de retorno a vida. E a possibilidade de erro de diagnóstico e remotíssima, em face do progresso da ciência médica que tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.

A Doutrina Espírita define a causa da morte como “a exaustão dos órgãos” (L.E. questão 68). É a morte, propriamente dita, bem definida por Allan Kardec “é apenas a destruição do corpo” (L.E. questão 155-a). Contudo enquanto o corpo puder servir aos fins para os quais foi criado são sempre louváveis a doação e o transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que passa para o mundo espiritual íntegro.

Aliás, a doação só traz benefícios ao doador pela alegria e gratidão do receptor e de seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida e pelo fim de seus sofrimentos orgânicos. Trata se de um ato de caridade: um gesto de amor ao próximo acima de tudo.

Kardec lembra que “as descobertas da ciência glorificam Deus, em lugar de rebaixá-Lo; elas não destroem senão o que os homens construíram sobre as falsas ideias que eles fizeram de Deus” (A Gênese Cap. I, Item 55)

A ciência busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra e os transplantes de órgãos são um exemplo disso. Ademais, sabemos que nada é obra do acaso, e em tudo temos as Leis Naturais que regulam o funcionamento do Universo. Assim é que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de nosso Divino Mestre Jesus.

FIXAÇÃO DO APRENDIZADO

1) A cremação pode trazer algum prejuízo ao Espírito? Quais cuidados devemos ter para realizá-la?

2) Como preparar-nos bem para a morte física?

3) Por que a doação de órgãos é um ato de amor?

BIBLIOGRAFIA

PEREIRA, W.A. História dos Transplantes. 3 ed.

Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário