CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 8 de março de 2018

1a Aula Parte A - CURSO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA 1º ANO FEESP


MEDIUNIDADE

Mediunidade - qualidade de médium (dicionário Aurélio)

Médium - substantivo de dois gêneros:

- Segundo o Espiritismo, o intermediário entre os vivos e a alma dos mortos;

- Meio para a transmissão de uma mensagem. (dicionário Aurélio)

Médium - suposto intermediário entre os vivos e a alma dos mortos - pessoa a que se atribui o poder de comunicar-se com a alma dos mortos. (Koogan Larousse - Pequeno Dicionário Enciclopédico).

Na visão espírita

“A mediunidade é atributo do Espírito, patrimônio da alma imortal, elemento renovador da posição moral da criatura terrena, enriquecendo todos os seus Valores no capitulo da virtude e inteligência, sempre que se encontre ligada aos princípios evangélicos na sua trajetória pela face do mundo.” (O Consolador - perg. 382)

“Digamos, de início, que a mediunidade é inerente a uma disposição orgânica, de que todos podem ser dotados, como o de ver, ouvir e falar. A mediunidade não implica necessariamente as relações habituais com os Espíritos superiores. É simplesmente uma aptidão, para servir de instrumento, mais ou menos dócil, aos Espíritos em geral. O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos bons Espíritos e só por eles é assistido. É neste sentido, unicamente, que a excelência das qualidades morais é de importância absoluta para a mediunidade.” (E.S.E., cap. XXIV, item 12).

“O dom da mediunidade é tão antigo quanto o mundo. Os profetas eram médiuns. Os mistérios de Eleusis foram fundados sobre a mediunidade. Os caldeus, os assírios, possuíam médiuns. Sócrates era dirigido por um Espírito que lhe inspirava os princípios de sua filosofia. Todos os povos tiveram seus médiuns. E as inspirações de Joana D’Arc nada mais eram que a voz dos Espíritos benfeitores que a orientavam”. (LM, cap. XXXI, item 11).

Portanto todos os homens são médiuns. Todos têm um Espírito que os dirige para o bem, quando eles sabem escutá-lo. Todos a possuem em graus que diferem de acordo com o indivíduo, porém o termo propriamente dito se aplica as pessoas dotadas de mediunidade ostensiva no campo dos fenômenos físicos e intelectuais.

Kardec nos diz em O Livro dos Médiuns que: “toda pessoa que sente a influência dos Espíritos em qualquer grau de intensidade é médium. Por isso mesmo não constitui privilégio e são raras as pessoas que não a possuem pelo menos em estado rudimentar. Pode-se dizer, pois, que todos são mais ou menos médiuns.” (LM, cap. XIV, item 159).

Portanto, como nos ensina Hermínio C. Miranda, na obra ‘Diversidade dos Carismas’:

1- o médium é uma pessoa, ou seja, um ser humano dotado de certas faculdades especiais de sensibilidade;

2- pode servir, mas nem sempre quer e nem sempre tem tarefas a exercer no campo específico da mediunidade, ou, no âmbito mais limitado desta, poderá ter tarefas em determinado tipo de mediunidade e não em outros;

3- é um instrumento para que a comunicação se faça, mas não a fonte geradora da mensagem, seja ela visual, auditiva, olfativa ou qualquer outra;

4- opera entre Espíritos desencarnados, de um lado, e Espíritos Encarnados, de outro. Podemos acrescentar um quinto elemento na análise da definição, “é um servidor, cabe-lhe fazê-lo com dignidade, fidelidade e honestidade.” (II volume, pag. 12).

Oportuna a lição do médium Francisco Cândido Xavier, na qual dizia: “O telefone da mediunidade só toca de lá para cá e não daqui para lá, eu não tenho o poder de trazer nenhum Espírito aqui. O que Deus me deu foi à capacidade de perceber quando há, perto de mim, um Espírito que deseje se comunicar”.

André Luiz e Emmanuel, no livro ‘Opinião Espírita’, psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, sabendo que alguns médiuns têm medo, os aconselham, nos seguintes termos:

“Médiuns, se o medo é o teu problema individual, no que respeita a prática medianímica, situa na construção da fé raciocinada a melhoria que aspiras”.

“A coerência com os princípios que esposamos ensina-nos que a criatura de fé verdadeira nada teme, senão a si própria, atenta que vive as fraquezas pessoais. Em razão disso, é correto receares simplesmente a ti mesmo, em todos os sentimentos que ainda não conseguiste disciplinar”.

“Se não te amedrontas face à condição de intérprete na troca verbal entre criaturas que versam idiomas diferentes por que temer a posição de instrumento entre pessoas domiciliadas em esferas diferentes, carecidas da cooperação mediúnica?”

“Por que motivo te assustares diante dos desencarnados, que são, na essência, personalidades iguais a ti mesmo?”

“Medo é inexperiência”

Atuação do Médium

O intercâmbio mediúnico ocorre através do pensamento, é uma ligação mental estabelecida entre o Espírito comunicante e o Espírito do médium receptor.

Como os Espíritos se comunicam por pensamentos e não por palavras, e a sintonia se estabelece através da semelhança de propósitos, são ideias ou imagens que o Espírito emite em ligação com o médium, e que esse capta conforme sua capacidade.

“Nessa ligação mental, o perispírito apresenta um papel muito importante, pois ele é o elo material entre o Espírito e a matéria. Pela sua união íntima com o corpo, o perispírito desempenha um papel preponderante no organismo; pela sua expansão, coloca o Espírito encarnado em relação mais direta com os Espíritos livres, e também com os encarnados.” (GE., cap. XIV, item 17)

Por intermédio do Espírito André Luiz, podemos compreender melhor o aspecto específico da relação entre o perispírito e o corpo físico no fenômeno mediúnico, quando se refere à mediunidade espontânea que começa a aflorar no homem primitivo: “Os encarnados que demonstrassem capacidade mediúnica mais evidente, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo físico e do corpo espiritual, em certas regiões do campo somático, passaram das observações, durante o sono, às observações da vigília. Quanto menos densos os elos entre os implementos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na clarividência, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e para modalidades outras...” (Evolução em Dois Mundos, cap. 17, pg. 134).

A mediunidade surge como veículo utilizado pelos Espíritos para nos trazerem a terceira revelação. “O espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não está personificado em ninguém, porque ele é o produto do ensinamento dado, não por um homem, mas pelos Espíritos, que são as vozes do céu, em todas as partes da terra e por inumerável multidão de intermediários.” (E.S.E., cap. 1, item 6).

Mediunidade na Bíblia

“Muitas passagens do Evangelho, da Bíblia, e dos autores sagrados em geral são ininteligíveis, e muitas mesmo parecem absurdas, por falta de uma chave que nos dê o seu verdadeiro sentido. Essa chave está inteirinha no Espiritismo, como já se convenceram os que estudaram seriamente a doutrina, e como ainda melhor se reconhecerá mais tarde. O Espiritismo se encontra por toda a parte, na antiguidade, e em toda época da Humanidade. Em tudo encontramos os seus tragos, nos escritos, nas crenças e nos monumentos, e é por isso que, se ele abre novos horizontes para o futuro, lança também uma viva luz sobre os mistérios do passado.” (E.S.E. - introdução, n° 1)

Por oportuno, convém observamos que na própria história bíblica, no Antigo Testamento, encontramos, entre outros termos, o vidente para designar o indivíduo portador de mediunidade. Mais tarde, aqueles que tiveram contato com o mundo espiritual, foram chamados de profetas.

Vejamos texto seguinte, extraído do livro primeiro de Samuel:
“Saul se encontra com Samuel - subindo a ladeira da cidade, cruzaram com duas jovens que saiam para buscar água e lhe perguntaram: ‘o vidente está na cidade?’ - antigamente, em Israel, quando alguém ia consultar a Deus, dizia: ‘vamos ao vidente’, porque, em vez de ‘profeta’, como hoje, dizia-se: ‘vidente’...” (I Samuel, 9:11).

A Bíblia de Jerusalém (Paulus Editora, 1985) traz-nos a seguinte explicação sobre os termos profeta:

“A bíblia hebraica agrupa os livros de Isaías, Jeremias, Ezequiel e dos doze profetas sob o título de “profetas posteriores e os coloca após o conjunto Josué-Reis, ao qual da o nome de profetas anteriores”. (pg.1331).

“Destaca, ainda, que não é de estranhar que a bíblia coloque Moisés no inicio da linhagem dos profetas (Dt 18,15. 18) e o considere como o maior de todos (Nn 12,6-8; Dt 34,10-12)” (pg. 1333).

Relata ainda que “em graus diversos e sob formas variadas, as grandes religiões da antiguidade tiveram pessoas inspiradas que pretendiam falar em nome de seu Deus. Em especial entre os povos vizinhos de Israel”.

Mediunidade no Novo Testamento

Com a vinda de Jesus, trazendo a segunda revelação, a mediunidade passou a ser vista com uma visão mais realista, porém, se fez necessário o seu desencarne, o retomo a pátria espiritual, para demonstrar a inexistência da morte do Espírito, culminando com o acontecimento no dia de Pentecostes. Pode-se afirmar que o Evangelho de Jesus e a sua epopeia terrestre é o triunfo da vida sobre a morte.

Em Mateus encontramos o seguinte relato mediúnico denominado transfiguração:

“Seis dias depois, Jesus tomou Pedro, Tiago e seu irmão João, e os levou para lugar a parte, sobre uma alta montanha. E ali foi transfigurado diante deles. O seu rosto resplandeceu como o sol e as suas vestes tornaram-se alvas como a luz. E eis que lhes aparecem Moisés e Elias conversando com ele. Então Pedro, tomando a palavra, disse a Jesus: “Senhor, é bom estarmos aqui. Se queres, levantarei aqui três tendas: uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”.

Ainda falava, quando uma nuvem luminosa os cobriu com a sua sombra e uma Voz, que saia da nuvem, disse: “este é meu filho amado, em quem me comprazo: ouvi-o!” Os discípulos, ouvindo a voz, muito assustados, caíram com o rosto no chão. Jesus chegou perto deles e, tocando-os, disse: “levantai-vos e não tenhais medo”. “Erguendo os olhos, não viram ninguém: Jesus estava sozinho” (Mateus, 17: 1-8)

Fato semelhante aconteceu mais tarde, quando Pedro prepara o batismo dos primeiros gentios:

“Pedro estava falando estas coisas, quando o Espírito santo caiu sobre todos os que ouviam a palavra. E os fiéis que eram da circuncisão, que tinham vindo com Pedro, ficaram estupefatos de verem que também sobre os gentios se derramara o dom do Espírito Santo, pois ouviam-nos falar em línguas e engrandecer a Deus. Então disse Pedro: “poderia alguém recusar a água do batismo para estes que receberam o Espírito Santo como nos?” E determinou que fossem batizados em nome de Jesus Cristo” (Atos, 10-44,47).

Com a propagação do Cristianismo, as diversas manifestações mediúnicas também cresceram, motivo pelo qual vamos encontrar algumas recomendações sobre esses fatos. João, em sua primeira epístola, ao nos ensinar a viver como filho de Deus, nos recomenda:

“Caríssimos, não acrediteis em qualquer Espírito, mas examinai os Espíritos para ver se são de Deus, pois muitos falsos profetas vieram ao mundo...” (4-1).

Nos diz ainda que “ninguém jamais viu a Deus; quem nos revelou Deus foi o filho único, que esta junto do pai” (1-18).

Paulo, também adverte aos coríntios, na primeira epístola:

“Procurai a caridade. Entretanto, aspirai aos dons do Espírito, principalmente a profecia. Pois aquele que fala em línguas, não fala aos homens, mas a Deus. Ninguém o entende, pois ele, em Espírito, enuncia coisas misteriosas. Mas aquele que profetiza fala aos homens: edifica, exorta, consola. Aquele que fala em línguas edifica a si mesmo, ao passo que aquele que profetiza edifica a assembleia. Desejo que todos falem em línguas, mas prefiro que profetizem. Aquele que profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a menos que este mesmo as interprete, para que a assembleia seja edificada...” (14- 1,25).

Existem diversas outras passagens demonstrando o mediunismo, tanto no Antigo como no Novo Testamento, porém, as citadas dão uma ideia da importância e da responsabilidade do médium no trabalho na seara de Jesus.

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém - Antigo Testamento e Novo Testamento
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo (Espíritos André Luiz e Emmanuel). Opinião Espírita: lição 41
KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns: 2ª Parte - Cap. XXXI, item ll - Cap. XIX, item 225 - Cap. XIV item 159 - Cap. XVII, item 209 - Cap. XVI,
item 187
KARDEC, Allan. A Gênese: Cap. XIV, item 17
XAVIER, Francisco Cândido (Emmanuel). O Consolador: perg. 382
GIMENEZ, Henrique Ney de. A Mediunidade na Bíblia.
KARDEC, Allan. Evangelho Segundo Espiritismo: Cap. I, item 6 e introdução -item 1
KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos.
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo (Espírito André Luiz). Evolução em Dois Mundos: Cap. 17
XAVIER, Francisco Cândido (Emmanuel). Roteiro: Lição 27
MIRANDA, Hermínio C. Diversidade dos Carismas: Vol. I e II
XAVIER, Francisco Cândido; VIEIRA, Waldo (Autores Espirituais Diversos). O Espírito da Verdade: lição no. 67

Fonte da imagem: Internet Google.

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