Desobsessões e Curas
O
Espiritismo nos ensina que as obsessões são muito frequentes e se apresentam
sob aspectos variados, trazendo como consequência distúrbios de ordem física,
desarticuladores da estrutura perispiritual do obsedado, proporcionais a
gravidade do comprometimento.
Martins
Peralva, na obra “Estudando a Mediunidade”, auxilia-nos a compreender o
processo, comentando que o encarnado faculta o acesso do Espírito ao seu
psiquismo. A infiltração se dá lentamente, realizando um trabalho subterrâneo
de hipnose mental. Sem se dar conta, a penetração vai se fazendo tão profunda
que o afastamento se torna muito difícil. “No princípio são simplesmente
atitudes excêntricas, o fanatismo e a singularidade. Depois a ação magnética se
estenderá até os centros nervosos, e o domínio psíquico e corporal se acentua
de tal modo que a pessoa não dispõe mais da vontade para comandar a própria
vida.” Não são poucos os casos de se chegar a um completo comprometimento do
estado físico do encarnado.
Obsessão
e loucura
Neste mesmo
sentido, vemos no capitulo XIV de A Gênese que “... a obsessão é sempre o
resultado de uma imperfeição moral que dá ocasião a preponderância de um mau
Espírito. A uma causa física opõe-se uma força física; a uma causa moral, é
necessário opor uma força moral. Para se preservar das doenças, fortifica-se o corpo;
para garantir-se contra a obsessão, é necessário fortificar a alma. (...)
Nos casos de
obsessão grave, o obsedado está como que envolvido e impregnado de um fluido
pernicioso, que neutraliza a ação dos fluidos salutares e os repele. É desse
fluido que é necessário desembaraçá-lo... É necessário expulsar o fluido mau
com a ajuda de um fluido melhor.
Isto é a
ação mecânica, mas que nem sempre basta; é necessário também e, sobretudo, agir
sobre o ser inteligente ao qual é necessário possuir o direito de falar com
autoridade, e essa autoridade, não é dada senão à superioridade moral; “quanto
maior esta for tanto maior aquela será”.
Há casos
mais graves onde a subjugação num grau mais elevado pode ter como consequência
a loucura. É o que vemos disposto em “O Livro dos Médiuns”, no item 254,
questão 6: “Sim, há uma espécie de loucura cuja causa é desconhecida do mundo,
mas que não tem relação com a loucura ordinária. Entre os que são tratados como
loucos ha muitos que são apenas subjugados. Necessitariam de um tratamento
moral, enquanto os tornam loucos verdadeiros com os tratamentos corporais.
Quando os médicos conhecerem bem o Espiritismo, saberão fazer essa distinção e
curarão maior número de doentes do que o fazem com as duchas.”
Em “A
Gênese”, capitulo XV item 33, vemos que: “As libertações de possessos figuram,
com as curas, entre os atos mais numerosos de Jesus (...) É provável que
naquela época, como acontece ainda em nossos dias, atribuísse à influência dos
demônios todas as doenças cuja causa era desconhecida, principalmente o
mutismo, a epilepsia e a catalepsia. Mas outros fatos há em que a ação dos maus
Espíritos não é duvidosa...” Kardec cita ainda que a prova da participação de
uma inteligência oculta são as numerosas curas obtidas em alguns Centros
Espíritas, unicamente pela evocação e moralização dos Espíritos obsessores.
Os processos
obsessivos, assim como as doenças e outros males que afligem a humanidade,
fazem parte das aflições e das misérias inerentes aos mundos de provas e
expiações, onde nossas imperfeições impelem-nos a viver. Espíritos que, quando
encamados, eram vingativos, muitas vezes, quando desencarnados, tomam-se obsessores
ainda mais perigosos, eis que agem sem ser vistos. Não há como afastá-los pela
força. O único meio é a moralização do obsedado e o esclarecimento dos
Espíritos inferiores, fazendo-os renunciar voluntariamente ao mal.
Em síntese,
o tratamento da obsessão consiste numa tríplice ação: “a ação fluídica, que
liberta o perispírito do doente da pressão do Espírito malévolo; o ascendente
exercido sobre este último pela autoridade que sobre ele se dá a superioridade
moral e a influência moralizadora dos conselhos que se lhes dá”.
A primeira é
acessória das outras duas, pois se momentaneamente se afasta o obsessor nada o
impede de voltar. É fazendo-o renunciar, voluntariamente, a seus maus propósitos,
moralizando-o, que se obterá êxito.
Para que
este processo de convencimento seja alcançado, requer-se tato, paciência,
devotamento e, acima de tudo, fé sincera. É nesse sentido que a superioridade
moral é indispensável à obtenção do respeito do Espírito malévolo.
No capitulo
XV de “A Gênese”, item 33, Kardec comenta que “A imensa superioridade do Cristo
Lhe dava tal autoridade sobre os Espíritos imperfeitos, então chamados
demônios, que bastava recomendar-lhes se retirarem, para que eles não pudessem
resistir a essa exigência”. A passagem de Mateus 17:14-21 - O jovem lunático,
ilustra bem esse fato, conforme transcrito a seguir.
O
jovem lunático
“Ao chegarem
junto da multidão, aproximou-se dele um homem que, de joelhos, lhe pedia:
‘Senhor tem compaixão de meu filho, porque é lunático e sofre muito com isso.
Muitas vezes cai no fogo e outras muitas na água. Eu o trouxe aos teus
discípulos, mas eles não foram capazes de curá-lo’. Ao que Jesus replicou ‘O
geração incrédula e perversa, até quando estarei convosco’? Até quando vos
suportarei? Trazei-o aqui. ’Jesus o conjurou severamente e o demônio saiu dele.
E o menino ficou são a partir desse momento’. Então os discípulos, procurando
Jesus a sós, disseram: ‘Por que razão não pudemos expulsa-lo?’ Jesus
respondeu-lhes: ‘Por causa da fraqueza da vossa fé,. pois em verdade vos digo:
se tiverdes fé como um grão de mostarda, direis a esta montanha: Transporta-te
daqui para lá, e ela se transportará, e nada vos será impossível’.”
O Mestre,
certamente, não podia interferir nas Leis que determinam a cada Ser que faça a
sua colheita, conforme tenha sido sua própria semeadura, ou que a cada criatura
será dado receber o que ela própria semeou. Ações como a exercida no caso da
Mulher Curvada (Lc 13: 10-17), transcrita a seguir foram muitas.
A
mulher curvada
“Ora, ele
estava ensinando numa das sinagogas aos sábados. E eis que se encontrava lá,
uma mulher possuída havia dezoito anos por um espírito que a tornava enferma;
estava inteiramente recurva, e não podia de modo algum endireitar-se. Vendo-a,
Jesus chamou-a e disse.' 'Mulher estás livre de tua doença’, e lhe impôs as
mão. No mesmo instante, ela se endireitou e glorificava Deus.” “O chefe da
sinagoga, porém, ficou indignado por Jesus ter feito uma cura no sábado e,
tomando a palavra, disse a multidão: ‘Ha seis dias nos quais se deve trabalhar;
portando, vinde nesses dias para serdes curados, e não no dia de sábado! O
Senhor; porém, replicou: ‘Hipócritas’! Cada um de vos, no sábado, não solta seu
boi ou seu asno do estábulo para levá-lo a beber? E esta filha de Abraão que
Satanás prendeu há dezoito anos, não convinha soltá-la no dia de sábado? Ao
falar assim, todos os adversários ficaram envergonhados, enquanto a multidão
inteira se alegrava com todas as maravilhas que ele realizava.”
Eliminada a
causa o efeito desaparece. Por isso Jesus sempre recomendava após suas curas:
“A tua fé te curou; vai e não peques mais”. Daí a necessidade de se trabalhar
para a própria melhoria.
Conforme
citado na resposta a questão 479 do Livro dos Espíritos: “A prece é um poderoso
socorro para todos os casos, mas, sabei que não é suficiente murmurar algumas
palavras para obter o que se deseja. Deus assiste aos que agem, e não aos que
se limitam a pedir. Cumpre, portanto, que o obsedado faça, de seu lado, o que
for necessário para destruir em si mesmo a causa que atrai os maus Espíritos.”
Seguir os
ensinamentos de Jesus em plenitude! Esta é a única maneira de se evitar a
obsessão. Vivenciando os preceitos contidos nos Evangelhos, verdadeiro manual
de normas de conduta, colocando- os em prática no dia-a-dia, conquista-se assim
a tão almejada reforma interior.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Reflita e
comente: O Evangelho é o maior medicamento para os processos de obsessão.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan – Obras Póstumas.
- Kardec,
Allan – Obsessão – Origens, Sintomas e Curas
- Peralva,
Martins – Estudando a Mediunidade.
Fonte da imagem: Internet Google.
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