CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 25 de setembro de 2025

20ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Universais

Introdução

As epístolas do Novo Testamento, como já exposto anteriormente, são cartas dirigidas aos cristãos ou aqueles que estavam receptivos a mensagem do Cristo.

Se nas Epístolas de Paulo havia, em principio, um destino mais determinado, ou seja, eram dirigidas a pessoas, grupos ou comunidades específicas, nas chamadas Epístolas Universais não há em regra essa intenção.

Com efeito, as Epístolas Universais visavam todos os cristãos, visavam alcançar todos aqueles que estavam convertendo-se a Doutrina de Jesus.

No Novo Testamento, além das Epístolas Paulinas, encontramos sete outras que formam o conjunto das Epístolas Universais, quais sejam:

- 1 de Judas;

- 02 de Pedro;

- 03 de João, e

- 01 de Tiago.

Antes, porém, de as analisarmos, precisamos fazer algumas considerações.

Muitos estudiosos da Bíblia e, especialmente, do Novo Testamento, perdem-se, às vezes, em discussões intermináveis, acerca da veracidade de um ou outro fato relatado. Outras vezes, a contenda prende-se em decidir, de forma categórica, a exata autoria de um texto. Discussões essas, muitas vezes, estéreis, pois pelo rigor literário, por uma suposta exatidão de interpretação, acabam por se afastar do “espírito” da Boa Nova.

Não se trata esta consideração - ressalte-se com vigor - de um desmerecimento do estudo acurado e meticuloso de todos os grandes homens que, com afinco, dedicam-se, escrupulosamente, ao estudo da História e, especialmente, das Escrituras.

Mas, precisamos estar atentos para não darmos mais importância aos fatos históricos ou teológicos, do que a essência do Evangelho; atento para não atribuirmos excessivo valor a inteligência e, em decorrência, assistirmos ao esfriamento do sentimento de compaixão e fraternidade, esfriamento do desejo de implantar o ensinamento de Jesus na Terra para alcançar a renovação de toda a Humanidade.

É importante ressaltar esse ponto, pois, entre os estudiosos, vamos repetir, há muitos debates extenuantes para definir se os nomes atribuídos as Epístolas são, de fato, daqueles que a redigiram.

Nessa acurada análise, esses estudiosos examinam diversos indícios que evidenciariam uma autoria diferente do nome indicado. Dentre esses indícios, podemos citar: o estilo literário, a maior ou menor erudição, os fatos relacionados que seriam de época diversa da que viveu o autor indicado, ou, ainda, o endereçamento a certas coletividades que se formariam em momento, da mesma forma, diverso...

No entanto, é preciso assinalar que na Antiguidade era muito comum, em diversos povos, utilizar o nome de alguém importante, alguém conhecido, para revestir de credibilidade algum escrito, eis que o nome famoso conferia autoridade e, por isso, tomava o texto mais aceito.

Nesse sentido, podemos, por analogia, recordar que Kardec, por diversas vezes, discorrendo sobre a identidade dos Espíritos Superiores, afirma, de forma categórica, que eles não se prendem a questões menores de personalidade ou individualidade: o que é relevante é o conteúdo, a mensagem que se quer passar, a elevação do ensinamento que se quer transmitir.

Em resumo, o conjunto de todos os livros do Novo Testamento compõe um acervo de onde podemos extrair todo o néctar do conhecimento das grandes verdades, extrair a mais pura mensagem deixada pelo Cristo.

Abramos nossos olhos para que possamos realmente “ver”.

CONTEXTO HISTÓRICO

Importa-nos, ainda, relembrar o cenário histórico e social das primeiras comunidades cristãs.

O vasto Império Romano prosseguia soberano. Paulo, como já vimos anteriormente, com suas viagens missionárias, fizera com que a mensagem do Cristo ressoasse por muitos cantos do oriente e do ocidente.

Muitas comunidades cristãs haviam sido formadas. Os mais diversos povos haviam sido alcançados. Era uma infinidade de etnias, de culturas, de línguas, de costumes. Era, ainda, o período da chamada Pax Romana, época em que os povos dominados, pagando regularmente seus impostos, viviam com certa liberdade e uma paz relativa, condicionada.

Mas, diante de tanta diversidade, como manter íntegra a Mensagem de Jesus? Como, em meios impregnados pelo misticismo, pela magia, pelo paganismo, por uma série de crenças infundadas e superstições... Como manter a pureza da Boa Nova?

Como, também, impedir que aqueles que agiam de má-fé e, propositadamente, cobrissem de máculas a Doutrina Crista?

As distâncias eram enormes. Lembremos que a época o transporte era muito difícil, para chegar a algum destino era preciso fazer, às vezes, longas caminhadas, de dias e dias; outras, viajar sobre o lombo de animais; as travessias por mar também eram muito demoradas, eram usados pequenos barcos; os caminhos eram cheios de perigos...

O trabalho era monumental. As cartas eram, pois, um dos meios de reavivar a fé, de exortar a observância dos princípios evangélicos, de forma íntegra.

EPÍSTOLA DE JUDAS

Esta epístola, afirmam os estudiosos, deve ter sido escrita por volta do ano 80 d.C., e era dirigida aos “que foram chamados, amados por Deus Pai e guardados em Jesus Cristo.”

Conforme consta da Bíblia de Jerusalém, na introdução as epístolas, ela foi aceita desde o ano 200, pela maioria das igrejas, como Escritura canônica.

Este Judas não era o Judas Iscariotes, que cometeu suicídio. Também não era o Judas Tadeu, filho de certo Tiago. Este Judas apresenta-se como irmão de Tiago; talvez seja aquele que em Marcos 6:3 e em Mateus 13:55 é apontado como sendo irmão de Jesus.

Este ponto, como repetidamente frisamos acima, não demanda nossa atenção, pois, por ora, não há elementos para convicção definitiva. Fixemo-nos, pois, no aspecto principal: o seu conteúdo.

Em sua epístola que é relativamente pequena, Judas dirige a sua atenção aos “falsos doutores”, reprovando-os com vigor, e exorta os fiéis a conservarem a fé autêntica, e a convencerem os vacilantes.

Esta carta, como veremos adiante, em muito se assemelha a Segunda Carta de Pedro.

Assinalemos alguns pontos:

• Infiltração

“... De fato, infiltraram-se entre vós alguns homens já há muito marcados para esta sentença, uns ímpios, que convertem a graça do nosso Deus num pretexto para licenciosidade e negam Jesus Cristo, nosso único mestre e Senhor.” (Jd 4).

Toda nova doutrina, especialmente em seu período de propagação, sofre inúmeras investidas contra sua integridade. Muitos podem tentar rebatê-la, contrariá-la por completo, outros, no entanto, podem aceita-la parcialmente. Quando a aceitação é condicionada, incompleta, ou seja, apenas de algumas partes, ocorrem as deturpações doutrinárias.

Infiltração é, então, esse movimento sorrateiro, disfarçado, de ir entrando, de ir acomodando-se, de começar a fazer parte, mas, ressalte-se, sem aceitação total dos princípios doutrinários.

Por isso o alerta. A exortação é para que haja muita cautela, muito cuidado, muita atenção para não permitir que elementos contrários à essência do Cristianismo infiltrem-se e pervertam, em benefício próprio, a Doutrina Cristã. Ainda hoje não devemos ter esse cuidado, agora com a Doutrina Espírita?

• Os falsos doutores

“... Ora, estes agem do mesmo modo: na sua alucinação conspurcam a carne, desprezam a autoridade e injuriam as Glórias.

Ai deles, porque trilharam o caminho de Caim; seduzidos por um salário, entregaram-se aos desvarios... São nuvens sem água, levadas pelo vento, árvores que no fim do outono não dão fruto, duas vezes mortas, arrancadas pela raiz, ondas bravias do mar a espumarem a sua própria imprudência, astros errantes, aos quais está reservada a escuridão das trevas para a eternidade.” (Jd 8, 11-13).

Qual a época que não tem os falsos doutores? Que não há aqueles que usam sua inteligência para se beneficiarem materialmente dos mais simples?

Em geral, revestem-se de uma falsa moralidade, de um falso senso de dever, mas, na verdade, transbordam hipocrisia e mentira.

Suas palavras, no entanto, são, muitas vezes, doces, suaves, conclamando ao dever e a virtude; seus discursos são estruturados, eloquentes.

Eis o perigo! Em meio a suas falas, baseadas em muitas verdades, mesclam, misturam inverdades; com sofismas, ou seja, de forma enganosa, conduzem a conclusões falsas. Essas impregnações são, ressalte-se, como um câncer, pois, pouco a pouco, podem ser capazes de degenerar a mais pura das doutrinas.

Há que se estar vigilante contra os pretensos doutores de todos os tempos. A conclusão deste trecho citado relembra-nos o Mestre, quando afirma que toda árvore má, que não der bons frutos, será cortada e lançada ao fogo.

• O livro de Henoc

“A respeito deles profetizou Henoc, o sétimo dos patriarcas a contar de Adão, quando disse: Eis que o Senhor veio com as suas santas milícias exercer o julgamento sobre todos os homens e arguir todos os ímpios de todas as obras de impiedade que praticaram e de todas as palavras duras que proferiram contra eles os pecadores ímpios: são uns murmuradores, revoltados contra o destino, que procedem de acordo com suas concupiscências; sua boca profere palavras arrogantes, mas estão sempre prontos a bajular quanto o seu interesse está em jogo”. (Jd 14-16).

Prossegue a reprimenda aos falsos mestres.

Nesta parte há citação do texto do patriarca Henoc, que, posteriormente, seria considerado como um texto apócrifo.

O processo de aceitação, de canonização dos textos evangélicos foi lento, e atravessou os primeiros séculos. Essa decisão sobre a natureza de um escrito bíblico, ou seja, se ele era autêntico ou apócrifo, ficaria, então, para momento posterior aos primeiros passos do Cristianismo.

O livro de Henoc, é interessante citar, segundo os estudiosos, remonta ao ano 80 a.C.; e, juntamente com outros livros que no futuro seriam considerados apócrifos, eram aceitos pacificamente no primeiro século. Com efeito, eram populares e regularmente lidos nas reuniões judaicas.

Ao espírita, lembremos, todos os livros, todos os escritos, todos os textos produzidos pela Humanidade têm seu valor específico, cabendo a cada um, por esforço próprio, separar o joio do trigo. Seu objetivo deve ser o aprimoramento pelo estudo: “Espíritas, amai-vos e instruí-vos”.

• Exortação aos fiéis

“Vós, porém, amados, lembrai-vos das palavras de antemão preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo, pois vos diziam: No fim do tempo surgirão escarnecedores, que levarão vida de acordo com as próprias concupiscências ímpias.” (Jd 17-18).

Todos os movimentos contrários à propagação da Boa Nova foram previstas por Jesus. Neste ponto, recorde-se que o Mestre havia alertado sobre os ímpios que se levantariam contra o Evangelho.

Concupiscência é o forte desejo de obtenção de prazeres mundanos. “Concupiscências ímpias”, então, são quando esse desejo desenfreado apoia-se na crueldade, no egoísmo, na perversidade. Tudo pelo bem estar próprio, ainda que com prejuízo do próximo. Nada poderia ser mais contrário à mensagem do Cristo.

• Os deveres da caridade

“Mas vós, amados, edificando-vos a vós mesmos na vossa Santíssima fé e orando no Espírito Santo, guardai-vos no amor de Deus, pondo a vossa esperança na Misericórdia de nosso Senhor Jesus Cristo para vida eterna. Procurai convencer os hesitantes; a outros procurai salvar arrancando-os ao fogo; de outros ainda tende misericórdia...” (Jd 20 e 21).

Não temos aqui a síntese do dever cristão?

A mais pura mensagem do Cristo não é o convite à fé, a esperança, a misericórdia, a compaixão sem limites, não é, ainda o esforço na propagação do Evangelho “convencendo os hesitantes”, especialmente pelos exemplos?

Sejamos nós esses exemplos!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Para nós espíritas, que lição podemos tirar da Epístola de Judas?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 18 de setembro de 2025

19ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola Aos Hebreus

INTRODUÇÃO

De acordo com a Bíblia de Jerusalém, a epístola aos Hebreus teve sua autenticidade posta em dúvida desde o Cristianismo primitivo. Atribuíam a autoria da Carta a um dos discípulos de Paulo, embora concordassem que a inspiração viera dele. O lugar e a data de composição são incertos.

Noticias da Espiritualidade

As dúvidas acima expostas, no entanto, são dissipadas e as lacunas preenchidas, no capitulo IX, 2ª parte, do livro “Paulo e Estevão”, onde Emmanuel afirma-nos que a epístola foi escrita por Paulo, em Roma, onde se encontrava prisioneiro.

Em virtude de sua cidadania romana, ele pode usufruir das vantagens da “custodia libera”, que permitia que ele vivesse fora do cárcere, apenas acompanhado por um guarda, até que o seu processo fosse julgado. Após se instalar num aposento humilde, ele solicitou a Lucas que convocasse os maiorais do Judaísmo, na capital do Império, a fim de lhes apresentar uma exposição dos princípios cristãos.

Como poucos pareciam compreender os novos ensinamentos, Paulo encerrou a exposição, não sem antes afirmar que os judeus encontravam-se surdos, espiritualmente.

Alguns pediram a Paulo para que ele os ensinasse na sinagoga e Paulo respondeu que “preso como estou, não poderia fazê-lo, mas hei de escrever uma Carta aos nossos irmãos de boa-vontade”.

Daí por diante, assinala Emmanuel: aproveitando as ultimas horas do dia, os companheiros de Paulo observaram que ele escrevia um documento a que dedicava profunda atenção. Às vezes, era visto a escrever com lágrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depósito de santas inspirações.

Em dois meses entregava o trabalho a Aristarco para copiá-lo, dizendo: - "Esta é a epístola aos hebreus. Fiz questão de grafá-la, valendo-me dos próprios recursos, pois que a dedico aos meus irmãos de raça e procurei escrevê-la com o coração.”. Era o ano de 61 d.C.

CONTEÚDO

Nesta epístola, Paulo assinala qual o significado da vinda de Jesus e quais as mudanças que isto acarretava na interpretação do Antigo Testamento. Com a lucidez que o caracterizava, Paulo, “segundo o espírito que vivifica”, analisa temas fundamentais do Judaísmo: a aliança, o sacerdócio, as obras da lei, bem como a liturgia e os rituais.

Era um apelo do coração para fortalecer a fé dos judeus convertidos ao Cristianismo e aos que se obstinavam em combatê-lo.

As revelações

Todas as revelações que foram feitas a Israel, ao longo dos milênios, chegaram através dos profetas. Em Jesus, no entanto, encontramos a mais pura revelação, eis que a Boa Nova é a tradução da Lei Divina.

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual fez os séculos.” (Hb 1:1-2).

A condição de Jesus

“É ele o resplendor de sua glória e a expressão de sua substância, tão superior aos anjos quanto o nome que herdou excede o deles.” (Hb 1:3-4).

“Vemos, todavia, Jesus, que foi feito, por um pouco, menor que os anjos, por causa dos sofrimentos da morte, coroado de honra e de glória. E que pela graça de Deus provou a morte em favor de todos os homens.” (Hb 2:9).

Graças a Misericórdia Divina, Jesus, encarnado, revelou-nos uma nova concepção de Deus, apresentando-o como Pai Amoroso e Misericordioso.

Por amor a Humanidade, Jesus provou a morte para semear a Boa Nova, convidando todos a edificação do Reino de Deus. Veio não para condenar, mas para salvar o Homem, traçando no “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” a verdadeira forma de adoração a Deus.

A Superioridade de Jesus

No capitulo 8 desta epístola, Paulo destaca a figura do sumo sacerdote, que era a autoridade máxima no quadro da hierarquia sacerdotal do Judaísmo.

Qual é o papel do sacerdote em qualquer religião? Ser mediador entre o Homem e Deus.

Quem o investe desta prerrogativa? Os próprios Homens.

Jesus, no entanto, não tem sua autoridade constituída pelos Homens, mas diretamente por Deus. Nisto reside sua absoluta superioridade em relação aos sacerdotes nomeados aqui na Terra.

Nesta comparação, Paulo busca destacar a natureza superior de Jesus, que propôs uma Nova Aliança, como vemos neste trecho: “Agora, porém, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é o mediador de aliança bem melhor cuja constituição se baseia em melhores promessas. De fato, se a primeira aliança fora sem defeito, não se trataria de substituí-la pela segunda.” (Hb 8:6-7).

Prosseguindo em sua argumentação, Paulo recorre ao livro do profeta Jeremias (31:31-34) para destacar que já havia sido predito uma nova aliança, que substituiria à antiga.

E qual o vínculo desta nova aliança? O Amor, que estará inscrito nos corações dos Homens: a Lei de Deus relevada por Jesus.

Os Rituais Judaicos

“Pois, naquele regime, apresentam-se oferendas e sacrifícios sem eficácia para aperfeiçoar a consciência de quem presta o culto. Tudo são ritos carnais referentes apenas aos alimentos, às bebidas, às abluções diversas e impostos somente até ao tempo da correção”. (Hb 9:9-10).

Observemos que Paulo refere-se aos rituais como coisas que ficaram no passado. O Judaísmo preconizava os rituais exteriores de purificação, que deveriam ser prestados no santuário, “edificado pelas mãos dos Homens”.

Este santuário continha locais específicos para a realização dos rituais e um sacerdócio constituído para realizar os cultos, especialmente os cultos que purificavam os Homens de seus “pecados”.

Qual o significado dos rituais? Dirá Paulo: “... a Lei é totalmente incapaz, apesar dos mesmos sacrifícios sempre repetidos, oferecidos sem fim a cada ano, de levar à perfeição aqueles que se aproximam de Deus.” (Hb 10:1).

Por essa afirmação contundente de Paulo, vemos a ineficácia de qualquer ritual exterior para a chamada “purificação”. A verdadeira purificação, como nos ensina Jesus, é através da constante prática do amor e da caridade.

Jesus Revela a vontade de Deus

Jesus, na condição de mediador entre os homens e Deus ofereceu-se a si mesmo para revelar qual é a vontade de Deus. Ele “se manifestou para abolir o pecado por meio do seu próprio sacrifício.” (Hb 9:26). O que isto significa?

Definindo o “pecado” como uma transgressão as Leis de Deus, compreendemos que Jesus ao revelar o Amor como o Maior Mandamento, convida o Homem a harmonizar-se com as Leis Divinas, pela prática do Bem. Sua exemplificação demonstrou o verdadeiro significado do Amor.

Quando não observamos a Lei do Amor, ferimos também a nós mesmos, pois responderemos pelas consequências que advém destes atos e seremos chamados a reparar o mal que impusemos a outrem. Só a reparação propicia paz à consciência, libertando-a dos processos de culpa.

Sacrifícios e oferendas são inócuos para harmonizar a consciência com as Leis Divinas e não isentam a criatura da necessidade de aprender a dissolver o mal pela prática do bem.

Exortações à Renovação e a Libertação

“Aproximemo-nos, então, de coração reto e cheio de fé, tendo o coração purificado de toda má consciência...” (Hb 1O:22).

Como Paulo dirige-se em particular aos judeus convertidos, ele faz um veemente apelo para que renovem suas concepções e crenças, libertando-se efetivamente. Que não retrocedam no caminho.

Como prosseguir sem esmorecer, sem desanimar?

A Libertação é um processo. O caminho que percorremos para aderirmos, de coração, a Jesus e pede paciência, perseverança e fé. O ontem criou raízes em nossos corações. Há que nos esforçarmos para erradicá-las.

Neste sentido, Paulo traça um roteiro, enfatizando as condições essenciais para o êxito:

• Incentivo à caridade

“Velemos uns pelos outros para nos estimularmos à caridade e as boas obras”. (Hb 10:24)

A vida nas comunidades cristãs, às vezes atribuladas pelas circunstâncias do mundo, exigia o exercício constante da fraternidade. Por isso, Paulo faz esse chamamento para que haja companheirismo entre os membros, um velando pelo outro.

Viver naquelas comunidades, envolvidos pela Mensagem de Cristo, representava uma bendita oportunidade de aprendizado e trabalho. Salienta, pois, o apóstolo, a necessidade da valorização das possibilidades que o hoje nos apresenta na realização do Bem.

• Perseverança na dor

Paulo menciona os sofrimentos que a adesão ao Cristo havia acarretado em suas vidas e os conclama à perseverança, refletindo sobre a dor como processo educativo do Pai:

“É para a vossa educação que sofreis. Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa?” (Hb 12:7).

As dores são recursos educativos da alma. Como assevera Paulo:

“Toda educação, com efeito, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza.” (Hb 12:11).

Porém, qual é o papel da dor senão educar para o Amor?

Como avançar, sem as experiências que nos são necessárias?

Embora a dor seja-nos necessária, são poucos os que conseguem compreendê-la em sua feição educativa. Muitos são os que se rebelam, os que acusam a Deus de injusto, os que se desesperam, os que fogem. Quem assim precede perde valiosas oportunidades de crescimento.

Vencida a tempestade, contabilizamos os frutos interiores que ela proporcionou: mais experiência, mais fortaleza, mais amadurecimento, mais compreensão. Como afirma Paulo: “Depois, no entanto, produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça.” (Hb 12:11).

Portanto, conclui Paulo: “... reerguei as mãos enfraquecidas e os joelhos trôpegos” (Hb 12:12), ou seja, não recuemos diante da luta, ainda que sejamos defrontados por inúmeras dificuldades, pois se ouvirmos as sugestões da ignorância, de cansaço, da maldade, do desencanto paralisaremos nossas mãos nos cuidados com a lavoura de Bem e perderemos a colheita.

• Fé

Em suas argumentações, Paulo destaca o papel que a fé exerceu na vida de todos os patriarcas, profetas, juízes da história do povo judeu. E o faz, dirigindo-se aos judeus recém-convertidos, exortando-os ao desenvolvimento da fé.

“A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem.” (Hb 11:1).

Somos chamados à sublime herança que nos é destinada. Ignoramos as experiências que nos estão reservadas, mas sabemos que o alvo é a melhoria de nós mesmos. Como superar obstáculos, vencer dificuldades, superar provas ásperas, guardar serenidade diante da dor se não for pela fé?

É a fé que produz esperança, dilata a paciência, oferece sustentação, que alimenta a perseverança. E tudo porque a fé é um saber, um sentir consciente, força que sustenta o coração, para percorrermos o caminho das lutas do dia de hoje à vitória do dia de amanhã.

Não sabemos o futuro, mas a fé dá-nos a certeza de que o futuro propiciar-nos-á colheita farta, se a despeito de todas as dificuldades na plantação do Bem, perseverarmos.

Que realidades podemos visualizar através dos olhos da fé? As realidades espirituais para as quais todos nós marchamos, dia após dia, a convicção na existência do Espírito imortal, a convicção de que há muitas moradas na casa de Pai, a convicção de que o patrimônio espiritual é a nessa conquista legítima.

• Esperança

“A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme...” (Hb 6: 19).

Paulo arremata a sua exortação, com a seguinte conclusão:

“Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor; rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador e consumador da fé, Jesus...” (Hb 12: 1-2).

Na lição 76 de “Pão Nosso”, Emmanuel assevera:

“Em toda parte da Terra, o discípulo respira rodeado de grande nuvem de testemunhas espirituais, que lhe relacionam os passos e anotam as atitudes, porque ninguém alcança a experiência terrestre, a esmo, sem razões solidas com bases no amor e na justiça. Faze, pois, o bem possível aos teus associados de luta, no dia de hoje, e não te esqueças dos que te acompanham, em espírito, cheios de preocupação e amor.”

Concluindo o seu pensamento sobre a nova aliança, Paulo enfatiza que:

“Procurai a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...” (Hb 12:14)

A verdadeira Adoração a Deus

“Temos um altar...” (Hb 13:10).

Não mais o altar de ouro, de pedra, de bronze, diante do qual ajoelhamos reverentes, mas o altar do coração, em que nos cabe apresentar as nossas oferendas de amor aos semelhantes.

“Não vos esqueçais da beneficência e da comunhão, porque são estes os sacrifícios que agradam a Deus” (Hb 13:16).

Paulo, demonstrando plenamente seu entendimento sobre a revelação do Cristo, não apenas deixou patenteado na carta aos hebreus esses sublimes ensinamentos, mas, toda sua trajetória, após o seu encontro com Jesus é um legado de exemplificação a
Humanidade... exemplificação de trabalho e esperança, abnegação e resignação, persistência e fé.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme”.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 11 de setembro de 2025

19ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Paulinas

Epístolas Pastorais

Do conjunto das 14 epístolas escritas por Paulo, três foram chamadas de pastorais a partir do século XVIII, pois tinham como objetivo orientar dois de seus fiéis discípulos, Timóteo e Tito, quanto à organização das igrejas e quanto a necessidade de preservar a pureza do Evangelho de Jesus combatendo os falsos doutores. Timóteo e Tito eram extremamente afinados com o pensamento de Paulo e a eles Paulo dirige se como a filhos muito amados.

A 1ª epístola a Timóteo e a epístola a Tito serão abordadas em conjunto, dado que o conteúdo a forma e o contexto histórico são muito semelhantes. Foram escritas na Macedônia por volta do ano 64 d.C.

1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO E A EPÍSTOLA A TITO

CONTEÚDO

A Luta Contra os Falsos Doutores

“Com efeito, há muitos insubmissos, palavrosos e enganadores, especialmente no partido da circuncisão, aos quais é preciso calar, pois estão pervertendo famílias inteiras, e, com o objetivo de lucro ilícito, ensinam o que não tem direito de ensinar”. (Tito 1:10-11).

“Se eu te recomendei permanecer em Éfeso, quando estava de viagem para a Macedônia, foi para admoestares alguns a não ensinarem outra doutrina, nem se ocuparem com fábulas e genealogias sem fim, as quais favorecem mais as discussões do que o desígnio de Deus, que se realiza na fé.” (1 Tm 1:3-4).

Na categoria de falsos doutores estão todos aqueles que ensinavam doutrinas contrárias aos ensinamentos de Jesus. A interpretação deles acerca do Evangelho era deturpada por crenças arraigadas, eis que eram os judeus convertidos ao Cristianismo que continuavam presos ao formalismo judaico, aos preceitos da lei.

Com efeito, havia tanta dificuldade em compreender que a mensagem de Jesus conclamava o Homem a renovação de suas concepções, crenças e hábitos, que os mesmos se opunham aos ensinamentos de Paulo.

Paulo libertara-se pelo conhecimento da verdade, despojando-se integralmente do Judaísmo legalista, que ele, um dia, esposara. Na sua missão de evangelizador, irá se deparar com muitas lutas para extirpar do Cristianismo os elementos que não lhe pertenciam, para preservar a nascente da fonte, a fim de que suas águas jorrassem cristalinas.

O que fazer quando a erva daninha cresce, senão arrancá-la energicamente para que as sementes valorosas germinem? Em toda parte existem os semeadores de cisão, operando a perturbação e a discórdia. Paulo fora constituído semeador e seus inúmeros colaboradores auxiliavam-no a zelar pela fonte, pela germinação, florescência, frutescência.

É neste sentido que Paulo delega a cada um de seus colaboradores, a função de preservar o Cristianismo nascente das influências dos que se achavam enclausurados na estreiteza de suas visões. Seus colaboradores trabalhavam lado a lado com ele, eram por ele orientados, acompanhavam seus inúmeros sofrimentos. Que permanecessem empenhados na mesma luta!

É neste sentido que hoje todos nós, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, recebemos as mesmas exortações dos Bons Espíritos para prosseguirmos na revivência da Doutrina Crista em sua essência, despojado de todos os dogmas, falsas interpretações, rituais exteriores que desfiguraram o Cristianismo ao longo do tempo.

Vejamos as recomendações de Paulo:

“Rejeita, porém, as fábulas ímpias, coisas de pessoas caducas. Exercita-te na piedade.” (1 Tm 4:7).

“Evita controvérsias insensatas, genealogias, dissensões e debates sobre a Lei, porque para nada adiantam, e são fúteis.” (Tito 3:9).

A DOUTRINA DO AMOR E DA COMPAIXÃO

E destacando que a Doutrina de Jesus é a doutrina da compaixão, do amor, da fé, assinala:

“Quanta a ti, sê para os fiéis modelo na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza. Desvela-te por estas coisas, nelas persevera, a fim de que a todos seja manifesto o teu progresso. Vigia a ti mesmo e a doutrina. Persevera nestas disposições porque, assim fazendo, salvarás a ti mesmo e aos teus ouvintes.“ (1 Tm 4:12, 15-16).

Estas recomendações são fundamentais para os cristãos, pois todos somos instrumentos de evangelização pela influência que exercemos uns sobre os outros. O cristão é chamado a viver em conformidade com as lições do Mestre. E a excelência do Evangelho é divulgada pelos atos valorosos dos verdadeiros cristãos.

O apelo de Paulo é dirigido a Timóteo, a Tito, a cada um de nós.

Como assinala Emmanuel em “vinha de Luz”, lição 14: “Geralmente, o primeiro impulso dos que ingressam na fé constitui a preocupação de transformar compulsoriamente os outros”.

Nestas disposições, por vezes, a criatura tenta convencer o outro através de acaloradas discussões, condenando ideias alheias, criticando, sem respeitar o caminho de cada um.

Porém, o discípulo que se limita a teoria, exportando conceitos edificantes, descansando as margens do caminho, sem trabalho ativo no Bem, nem cuidara de si mesmo nem estará apto a edificar a fé nos corações alheios.

Recomendações Sobre a Mediunidade

“Não descuides do dom da graça que há em ti, que te foi conferido mediante profecia, junto com a imposição das mãos do presbítero.” (1 Tm 4:14).

No Cristianismo primitivo, a imposição de mãos, realizada pelos apóstolos e colaboradores, assinalava a adesão à fé em Jesus e favorecia o desabrochar das faculdades mediúnicas.

O dom da graça significa mediunidade. A recomendação de Paulo no tocante “a não descuidar” demonstra a necessidade de exercitar a mediunidade, pois toda faculdade da alma requer esforço e dedicação para se aprimorar e produzir bons frutos.

Assevera Emmanuel em “vinha de Luz”, lição 127: “O problema da mediunidade, principalmente, é dos mais ventilados, esquecendo-se, não raro, o impositivo essencial do serviço. É indispensável aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, afim de que possamos solicitar concessões novas”.
“Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas À ferrugem”.
“Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o instrumento do Mestre, em qualquer parte”.

Orientações para Organizar as Igrejas

Paulo instrui Timóteo e Tito quanto a organização das comunidades cristãs, para que cada membro desempenhasse a sua função de forma responsável e digna, e para que houvesse harmonia entre todos.

Nestas epístolas, embora Paulo tenha pedido que eles se estruturassem por funções religiosas, na organização das comunidades, a ênfase dada pelo apóstolo dos gentios era “na função” e não “na posição” que o cristão ocupava na comunidade.

Com o enfoque nas funções, Paulo assinalava as qualidades de que eles deveriam ser portadores: ser irrepreensível, fiel à esposa, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, indulgente, pacífico, que soubessem governar bem as próprias Casas. (1 Tm 3:1-13; 5:17-25 e Tt 1:5-9).

Eram todos chamados a viver de acordo com a ética cristã.

Do conjunto de recomendações, queremos destacar:

“Pois se alguém não sabe governar bem a própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?” (1 Tm 3:5).

É um apelo a viver em família como um cristão.

A família é escola de aprimoramento das almas. É campo abençoado em que a Misericórdia Divina reúne, no tempo e no espaço, corações entrelaçados por sentimentos de amor, ou por sentimentos de aversão, para a necessária transformação.

Se em nosso lar, onde se encontram os nossos grandes compromissos do coração, nós nos convertemos em espinheiros de irritação, de intolerância, de prepotência; se escasseiam os gestos de gentileza ou colaboração; se negligenciamos as necessidades afetivas daqueles que convivem conosco, como poderemos exemplificar na Seara do serviço cristão?

Cooperação e carinho em favor dos familiares representam realização essencial pelas possibilidades de trabalho iluminativo.

Há no entendimento de Paulo um estreito paralelo entre a família e a comunidade cristã. Ele utilizou muitas vezes a imagem da família como metáfora para designar os vínculos nas comunidades cristãs, onde o título de irmãos, face a paternidade de Deus, conclama a convivência pautada pelo respeito, amor, compaixão, compreensão.

Não só ele se dirige a Tito e a Timóteo como um pai, como recomenda a Timóteo, em sua 1ª epístola, que se houvesse necessidade de censurar alguém na comunidade, que ele o fizesse como a um membro da família: censurar um ancião como a um pai; aos jovens como a irmãos; as senhoras como a mães... (1 Tm 5:1-2).

Paulo recomenda honrar as viúvas, auxiliar as que não tinham família que pudesse auxiliá-las e que fossem dignas e verdadeiramente necessitadas.

Aborda a necessidade dos servos cumprirem seus deveres para com os seus senhores e incentiva os ricos a partilhar, para que se enriqueçam com boas obras.

Finaliza recapitulando suas principais recomendações:

“Timóteo, guarda o depósito, evita o palavreado vão e ímpio, e as contradições de uma falsa ciência, pois alguns, professando-a, se desviaram da fé.“(1 Tm 6:20-21).

“Todos os da nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom, de sorte que se tornem aptos a atender às necessidades urgentes e, assim, não fiquem infrutíferos.” (Tito 3:9).

2ª. EPÍSTOLA A TIMÓTEO

Noticias da Espiritualidade

No livro “Paulo e Estevão”, capitulo X, 2ª parte, Emmanuel traz-nos informações sobre o momento histórico em que Paulo escreveu a 2ª epístola a Timóteo.

A carta foi escrita de Roma, pouco antes do seu martírio. Paulo encontrava-se preso novamente. Fora preso nas catacumbas com outros cristãos, após o incêndio de Roma, em 64 d.C. Através de Acácio Domício, Paulo consegue comparecer perante Nero para fazer sua defesa pessoal. Nero sentiu-se fortemente impressionado pelo discurso que Paulo fizera em favor dos cristãos, considerando-o extremamente perigoso.

Assim, embora lhe concedesse liberdade, deliberou, secretamente, que Paulo fosse morto. Ao sair da prisão, instalou-se no lar de Lino e Claudia. Paulo valeu-se da colaboração de Lucas para as cartas.

A 2ª epístola a Timóteo foi a última carta que escreveu. Estava tomado de emoções contraditórias, porque ao mesmo tempo em que sentia o término de sua missão na Terra, ele procurava combater estes presságios, pensando na continuação de seus esforços na evangelização.

CONTEÚDO

Nesta 2ª epístola, o teor das recomendações é o mesmo da 1ª epístola. O que difere é o forte colorido emocional que transparece em cada recomendação. Paulo sente que se aproxima o momento de sua morte: “Quanta a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida.” (2 Tm 4:6).

Paulo estava prestes a partir. No entanto, a continuidade da missão a que ele se dedicara integralmente, a difusão do Evangelho de Jesus, prosseguiria através daqueles que com ele colaboraram.

Que mensagens derradeiras desejava ele confiar ao seu amado filho espiritual? O que um pai desejaria transmitir de mais caro ao seu filho?

A dedicação a Jesus, a perseverança, a fé, a resignação nos sofrimentos, a esperança. Paulo partiria. Timóteo permaneceria. Que permanecesse integro na fé e na caridade!

Em cada linha, uma orientação afetuosa, uma reminiscência de suas lutas, como se ele estivesse fazendo o inventario de sua vida e, ao mesmo tempo, deixando, em seus exemplos e exortações, um legado a Timóteo.

“O que de mim ouviste na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para ensiná-lo a outros. Procura apresentar-te a Deus como um homem provado, trabalhador que não tem de que se envergonhar, que dispensa com retidão a palavra da verdade.” (2 Tm 2:2 e 15).

Lendo esta Carta, que tem a tônica da despedida do grande apóstolo, pensamos: “Que exame de consciência efetuou o apóstolo, compreendendo um vasto período de tempo desde o dia em que Jesus o chamara na estrada de Damasco! Quantas lutas, quantas alegrias, quantos afetos, quantos perigos, quantos testemunhos no desdobramento de sua missão!”

Que lembranças, que imagens deveriam estar sendo evocadas, para que vitoriosamente ele pudesse dizer a Timóteo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé!” (Tm 4:7).

Efetivamente, algumas semanas após a carta a Timóteo, Paulo sofre o martírio. Parte, vitorioso ao encontro de Jesus. O apóstolo soubera transpor o abismo que o separava do Cristo.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comentar: “Todos os de nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom e, assim, não fiquem infrutíferos”.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 4 de setembro de 2025

18ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola Aos Efésios

INTRODUÇÃO

Paulo escreveu esta epístola na condição de prisioneiro e tudo indica que ele estava em Roma, entre o ano de 61 e 63 d.C.

A quem Paulo destina esta Carta? Hoje há muitas dúvidas se a carta foi dirigida aos cristãos de Éfeso, pois as palavras “em Éfeso” não estão presentes em alguns dos manuscritos que estão entre os considerados mais confiáveis. Era provavelmente uma carta destinada a circular entre as igrejas domésticas de Éfeso, seus arredores e, sobretudo, as comunidades do vale do Lico.

É uma notável síntese de Paulo sobre a condição de Jesus e a revelação do Amor como caminho de redenção para todos.

Quando Paulo escreveu aos Efésios, ele já não vivia para o Cristo, mas em Cristo. Isto explica toda a carta. Ele queria comunicar toda a extensão do entendimento que havia alcançado sobre o Cristianismo e despertar, nos corações dos cristãos, o mesmo amor, a mesma fé, a mesma esperança que sentia em seu coração.

CONTEÚDO

Os Desígnios Misericordiosos de Deus: a redenção

Paulo inicia louvando e agradecendo a Deus pela sua Misericórdia e Amor, pois Ele nos enviou Jesus para nos revelar a Lei do Amor e, através dela, ser propiciada a reconciliação de todos os Homens, pois que todos são filhos de Deus.

Nas mãos misericordiosas de Jesus repousam os destinos da Terra. Ele é o enviado de Deus, tanto para os judeus, que esperavam o cumprimento das profecias, como para os gentios, pois Deus não faz distinção entre as pessoas.

Paulo afirma que, em suas orações, roga a Deus por todos, para: “Que Ele ilumine os olhos dos vossos corações, para saberdes qual é a esperança que o seu chamado encerra, qual é a riqueza da glória da sua herança entre os santos e qual é a extraordinária grandeza do seu poder para nós, os que cremos, conforme a ação do seu poder eficaz.” (Ef 1:18-19).

Esta é a suplica que Paulo endereçava a Deus por todos os cristãos. Que bela esta metáfora acerca “dos olhos do coração”, para que o cristão possa iluminar a sua visão através do sentimento de fé.

A necessidade da renovação espiritual

No capitulo 2, Paulo assinala que a redenção é alcançada pela renovação espiritual. Muitos de nós, antes do conhecimento do Evangelho, agíamos de acordo com as nossas tendências inferiores, buscando a satisfação de nossos desejos, sintonizados com os Espíritos inferiores, e, assim, caminhávamos em desacordo com as Leis de Deus.

No entanto, Deus, em sua Misericórdia, pelo muito que nos ama, enviou-nos Jesus para que ele nos revelasse qual é a Lei Divina que nos propicia a libertação do mal, à medida que nos esforçamos para vivenciar o bem.

O Homem alcançará a vitória espiritual pela fé em Jesus, o que implica em aceitar o que ele nos ensinou e a seguir a sua exemplificação.

Portanto, a salvação não vem pelas “obras da lei”, pois estas obras dizem respeito a preceitos exteriores, que são ineficazes para transformar o Homem. A redenção vem pela prática das boas obras.

Em “O Livro dos Espíritos”, na questão 653, Kardec indaga:

P. “A adoração necessita de manifestações exteriores?”

R. “A verdadeira adoração é a do coração. Em todas as suas ações, pensai sempre que o Senhor vos observa.”

Desde que fomos criados por Deus, estamos destinados a viver a Lei do Amor, conforme a sua vontade.

“Pois somos criaturas dele, criados em Cristo Jesus para as boas obras que Deus já antes preparara para que nelas andássemos.” (Ef 2:10).

A reconciliação entre todos

“Ele é a nossa paz: de ambos os povos fez um só, tendo derrubado o muro da separação e suprimido em sua carne a inimizade - a Lei dos mandamentos expressa em preceitos - a fim de criar em si mesmo um só Homem Novo, estabelecendo a paz, e de reconciliar a ambos com Deus...” (Ef 2: 14-16).

Os judeus consideravam-se o povo eleito e acreditavam que as obras da lei tomava-os justos perante Deus. A aliança com Deus dava-se pela prática da circuncisão. Para eles, os gentios, como incircuncisos, estavam excluídos do plano da salvação. Mas, com Jesus, todos são chamados a viverem segundo a verdadeira Lei de Deus, diante da qual todos os atos de adoração exterior ficavam destituídos do sentido que lhes eram atribuídos. Jesus vem para edificar o homem novo, para reconciliar todos os povos, na medida em que revela que somos todos filhos de Deus.

Estas considerações, escritas há tanto tempo, infelizmente prosseguem como advertências nos dias de hoje, pois quantos religiosos continuam a preconizar que só a religião a que eles pertencem é o caminho para Deus.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XV item 8, Kardec referiu-se ao dogma ‘fora da igreja não há salvação’, nos seguintes termos:

“É, portanto, exclusivista e absoluto. Em vez de unir os filhos de Deus, divide-os. Em vez de incitá-los ao amor fraterno, mantém e acaba por legitimar a animosidade entre os sectários dos diversos cultos. Esse dogma é, portanto, essencialmente contrário aos ensinamentos do Cristo e a lei evangélica.”

E contrapôs a esta máxima, aquela que indica o caminho da evolução espiritual: “Fora da caridade não há salvação”, lema este que é o titulo de uma mensagem trazida pelo Espírito Paulo, em 1860, em Paris, que consta no item 10 do mesmo capítulo acima citado.

No tocante a esta máxima, Kardec assevera:

“A máxima - Fora da caridade não há salvação - é a consequência do princípio de igualdade perante Deus e da liberdade de consciência. Tendo-se esta máxima por regra, todos os homens são irmãos e, seja qual for a sua maneira de adorar o Criador, eles se dão as mãos e oram uns pelos outros.”

A missão de Paulo

“Certamente sabeis da dispensação da graça de Deus que me foi dada a vosso respeito. Por revelação me foi dado a conhecer o mistério, como atrás vos expus sumariamente: lendo-me, podeis compreender a percepção que tenho do mistério de Cristo.” (Ef 3:2-4).

Tão elevada compreensão alcançou Paulo sobre a missão, as lições e o Amor incomensurável de Jesus que instaurou um novo tempo, um novo entendimento, uma nova revelação para todos, a fim de que edificassem uma Nova Humanidade.

Assim, ele orou a Deus, pedindo:

“... que Cristo habite pela fé em vossos corações e que sejais arraigados e fundados no amor. Assim tereis condições para compreender com todos os santos qual é a largura e o comprimento e a altura e a profundidade, e conhecer o amor de Cristo que excede todo conhecimento, para que sejais plenificados com toda a plenitude de Deus.” (Ef3:17-19).

Viver nova vida em Cristo

“Exorto-vos, pois, eu, o prisioneiro no Senhor a andardes de modo digno da vocação a que fostes chamados: com toda humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros, com amor procurando conservar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz.” (Ef 4:1-3).

Esta exortação é um apelo à busca da coerência entre o saber e o fazer; um apelo a uma nova vida, de acordo com os preceitos de Jesus.

O que significa viver nova vida em Cristo?

Significa pensar, sentir, agir como cristão... e Paulo dedicar-se-á, nos capítulos 4, 5 e 6, a esclarecer quais são as atitudes compatíveis com os valores cristãos e como é possível vencer a luta interior.

O Homem deve progredir e o faz em contato com outros homens, pois as potencialidades que traz consigo, em gérmen, só podem encontrar campo adequado ao desenvolvimento quando vive em sociedade.

Como adquirir paciência, alcançar entendimento, exercitar o perdão e a tolerância, como aprender a amar senão no convívio com os semelhantes?

Os laços sociais são essenciais ao progresso moral. Para conviver em harmonia e estabelecer a paz é necessário abraçar o Evangelho e combater o egoísmo, a grande chaga da Humanidade, que dificulta tanto o nosso progresso individual quanto social.

Profundamente inspirado, Paulo destaca a necessidade de cultivarmos a humildade, para que reconheçamos a nossa real condição moral. Nesta perspectiva, podemos então exercitar a compreensão, pois reconhecemos que todos nós temos arestas a aparar e, assim, há que se ter paciência e tolerância. Nesta disposição interior, os conflitos dissipar-se-ão, pois a paz será o vinculo que nos une uns aos outros.

Os cristãos como membros de um mesmo corpo

Como alcançar a desejada harmonia nas relações humanas?

Paulo vislumbra o caminho, tomando o corpo humano como metáfora para situar os cristãos como membros de um corpo, cuja cabeça é Jesus.

Se o cristão perceber-se como um “membro do corpo de Cristo”, compreendera que Jesus é a “cabeça” e governa com amor e sabedoria, pois suas orientações fluem para que todos desenvolvam o amor, no espírito de serviço.

Quanto às funções, quem nos concede as possibilidades de serviço é Jesus. Cada um é chamado a servir onde pode produzir mais e melhor, visando ao aprimoramento espiritual.

“... seguindo a verdade em amor; cresceremos em tudo em direção daquele que é a Cabeça; Cristo...” (Ef 4:14).

Como remover o homem velho e ser um novo Ser?

Paulo convida-nos a abandonarmos velhos hábitos, como a mentira, a cólera, o furto, a maledicência, a amargura, a malícia, enfim, os atos contrários as Leis de Deus, e nos conclama a aquisição de novos hábitos: falar a verdade, trabalhar, partilhar com os necessitados, perdoar, falar construtivamente, ser misericordioso, compassivo, bondoso.

“... andai como filhos da luz, pois o fruto da luz consiste em toda a bondade, justiça e verdade!” (Ef 5:8-9).

Ainda no capitulo 5, a exemplo de outras epístolas, Paulo aborda a ética que deve iluminar as relações familiares: o respeito mútuo, a reciprocidade e o amor.

O combate espiritual

Na conclusão da Carta, Paulo fala do combate espiritual que o cristão trava no seu íntimo e da necessidade de se fortalecer no Senhor, relacionando todos os recursos defensivos que o Homem utiliza-se para enfrentar um combate e lhes atribuindo significado espiritual.

“Portanto, ponde-vos de pé e cingi os rins com a verdade e revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé. E tomai o capacete da salvação e a espada do Espírito, que é a Palavra de Deus.” (Ef 6: 14-17).

Para enfrentar este combate é preciso vestir a “couraça da justiça”.

Figura esta utilizada por Paulo para representar a defesa de que podemos nos revestir, através da renovação mental, pela prática do Bem.

A ação do Bem, com a quebra voluntária de nossos sentimentos inferiores, produzem vigorosos fatores de transformação, renovando-nos a atmosfera espiritual. Os fluidos espirituais, que nos circundam, estão impregnados da qualidade de nossos pensamentos felizes ou infelizes, revelando a nossa posição íntima. É por esta emissão de forças mentais que atraímos ondas semelhantes as nossas. Se emitirmos bons pensamentos, atrairemos a influência dos Bons Espíritos.

Paulo fornece o roteiro de semelhante construção: abraçar a verdade (o Evangelho), exercitar a justiça, desenvolver a fé, ser instrumento de paz, propagar a Boa Nova pelo verbo e pela ação. E para perseverar neste roteiro de emancipação espiritual, há que orar e vigiar.

Finalizando, Paulo expressa o seu carinho pelos cristãos de todos os tempos, dizendo:

“Aos irmãos paz, amor e da parte de Deus, o Pai, e do nosso Senhor Jesus Cristo. A graça esteja com todos os que amam a nosso Senhor Jesus Cristo, com amor perene!” (Ef 6:23-24).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “... revesti-vos da couraça da justiça e calçai os pés com o zelo para propagar evangelho da paz, empunhando sempre o escudo da fé...”

Bibliografia

A Bíblia de Jerusalém.
Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed FEESP.
Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
Aos Efésios - Lamartine Palhano Junior.
Xavier, Francisco C /Emmanuel - Paulo e Estevão.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.