CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 20 de maio de 2025

10ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

As Predições do Evangelho e o Sermão Profético

Predições Do Evangelho

TEORIA DA PRESCIÊNCIA

Na obra “A Gênese”, cap. XVI, Allan Kardec aborda as predições segundo o Espiritismo. Inicia o capítulo discorrendo sobre a teoria da presciência.

Presciência é o conhecimento antecipado de um fato, ou seja, é a ciência de um acontecimento antes que ele ocorra. Pode ser apenas um pressentimento, um presságio, ou mesmo, a visão integral de algo que ainda está por vir.

Mas como, afinal, é possível conhecer o futuro?

Kardec apresenta uma excelente figura para entendermos esse mecanismo; supõe dois homens: um, no alto de uma montanha; outro, caminhando por uma estrada. Esse viajante, então, sabe que aquele caminho levará a certo destino, mas poderá não saber de muitos perigos que o aguardam, como algum precipício em que ele possa cair, um bando de ladrões que o aguardem em tocaia para o roubarem; tudo isso é, para ele, como se fosse o futuro. Para aquele homem que está no alto da montanha, essas mesmas circunstâncias, como podem ser vistas ao mesmo tempo, são para ele como se fosse o presente. Se esse homem descesse e dissesse ao viajante os perigos que lhe esperam, seria como se estivesse prevendo o futuro.

Em síntese, afirma o codificador no item 3 do referido capítulo: “Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração desaparecem para eles. Mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais a sua purificação e à sua elevação na hierarquia espiritual...”

Por esse enunciado, concluímos que em Jesus, por sua excelência moral, essa faculdade estendia-se para além do que podemos imaginar.

Há, nos Evangelhos, diversas passagens em que Jesus faz predições. No discurso apostólico, após ter nomeado os doze discípulos, o Mestre passa-lhes uma série de recomendações e exortações. Faz também, nessa mesma ocasião, algumas previsões sobre a tarefa dos apóstolos, como veremos a seguir.

PERSEGUIÇÃO AOS MISSIONÁRIOS

“Guardai-vos dos homens: eles vos entregarão aos sinédrios e vos flagelarão em suas sinagogas. E, por causa de mim, sereis conduzidos a presença de governadores e de reis, para dar testemunho perante eles e perante as nações. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar naquele momento, vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós.

O irmão entregará o irmão à morte e o pai entregará o filho. Os filhos se levantarão contra os pais e os farão morrer E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.

Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. E se vos perseguirem nesta, tornai a fugir para terceira. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer a cidade de Israel até que venha o Filho do Homem.

O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao chefe da casa, que não dirão de seus familiares!” (Mt 10:17-25).

Notamos, logo no início dessa passagem, que a missão dos apóstolos seria cheia de provações. Eles seriam perseguidos, entregues as autoridades, flagelados, etc.

Os apóstolos há que se lembrar, acompanharam Jesus por apenas três anos. A partir dai, podemos perguntar: quantos de nós seriamos capazes de, após três anos de aprendizado do Evangelho, enfrentar tais provações, ou seja, de ser perseguidos, levados as autoridades, receber punições, ou outras imposições?

Jesus conhecia plenamente seus apóstolos, pois podia sondar- lhes a alma, e sabia que eles eram capazes de cumprir a tarefa que cabia a cada um.

Na frase: “Naquele momento vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que falareis...” fica claro que Jesus estava se referindo a faculdade mediúnica da psicofonia que eles possuíam e que iriam exercitar.

Em seu apostolado, os discípulos, pela sinceridade de suas intenções, pela perseverança em seguir o Mestre, pelo sacrifício pessoal a que estavam dispostos, foram constantemente auxiliados pela legião de Espíritos Benfeitores que estavam sob a direção de Jesus.

Lembremos ainda, para fazer constar, que nas narrativas evangélicas, além da psicofonia, encontraremos os discípulos manifestando várias outras faculdades mediúnicas.

No trecho: “O irmão entregará o irmão a morte e o pai entregará o filho.”, Jesus prediz o resultado da propagação da Boa Nova. Mas, podemos indagar: como é possível que uma mensagem sublime de amor e entendimento possa opor pais e filhos?

É que, como bem sabemos, nem todos desejam a vitória do Bem. Quantos não desejavam, e nos dias de hoje não desejam, a manutenção da obscuridade? Quantos não lutam contra toda nova ideia? Quantos, para manter seus privilégios e satisfações materiais, não combatem o Cristianismo?

No entanto, queiram eles ou não, como é da Lei, um dia verão a luz.

E, ao fim da citação que analisamos, afirma Jesus aos seus discípulos: “Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor”.

Por certo, o discípulo não pode ser superior ao seu mestre, pois este o ensinou. Mas esta afirmação tem outras implicações. Especialmente, podemos ressaltar que ser um discípulo é muito mais que um simples “ouvir”, um mero conhecer teórico; é, na verdade, um aprendizado real, que implica em exercer cada um dos ensinamentos adquiridos.

Logo, assim como Jesus ensinou e, principalmente, exemplificou, os seus verdadeiros discípulos deveriam segui-lo integralmente. O Mestre seria perseguido, apresentado as autoridades e martirizado; por isso, aos apóstolos, caberia o mesmo caminho dos mártires. E assim ocorreu.

Hoje, são outros os tempos, mas a mensagem aos que desejam ser seus discípulos ainda esta “viva”: para seguir o Mestre há que se vivenciar o Evangelho.

NINGUÉM É PROFETA NA SUA TERRA

“Quando Jesus acabou de contar essas parábolas, partiu dali e, dirigindo-se para sua pátria, pôs-se a ensinar as pessoas que estavam na sinagoga, de tal sorte que elas se maravilharam e diziam: ‘De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde então lhe vêm todas essas coisas? ’ E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes disse: ‘Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa ’. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (Mt 13:53-58).

Há uma tendência natural do Homem de não valorizar aqueles com os quais convive diretamente. Refletindo sobre essa disposição, podemos indagar sobre o porquê disso.

Especialmente em relação a Jesus, encontramos a resposta na própria passagem de Mateus: “Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós?”

Aos olhos de seus conterrâneos, Jesus era um homem comum. Eles o viram crescer junto a Maria, viram-no com seu pai na carpintaria, e convivendo com os demais familiares. Nazaré era um vilarejo simples, e nem sequer era bem visto pelos próprios judeus.

Logo, eles estavam surpresos, pois eles tinham nascido e crescido no mesmo lugar e, relativamente, nas mesmas condições. Como se justificaria, então, Jesus destacar-se em sabedoria e inteligência, se em sua família ninguém havia se destacado?

Há nesse pensamento um orgulho oculto, pois eles não aceitavam a manifestação da superioridade de Jesus, seja por sua elevada sabedoria, seja pelas curas que realizava.

Dessa forma, diz o texto: “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”.

É oportuno lembrar que a fé é uma condição fundamental para que recebamos o socorro físico e espiritual. Em Nazaré, não ocorreram muitas curas, devido à falta de fé do povo que ali residia.

AS TENTAÇÕES DE PEDRO

“A partir dessa época, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos ser necessário que fosse a Jerusalém e sofresse muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia. Pedro, tomando-o a parte, começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Deus não o permitas, Senhor! Isso jamais te acontecerá!’ Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!” (Mt 16:21-23)

“Jesus disse-lhes então: ‘Essa noite todos vós vos escandalizareis por minha causa, pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir vos precederei na Galiléia ’. Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: ‘Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei’. Jesus declarou: ‘Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!’ Ao que Pedro disse: ‘Mesmo que tiver de morrer contigo, não te negarei ’. O mesmo disseram todos os discípulos.” (Mt 26:31-35)

Jesus, conforme transcrições acima; começava a preparar seus discípulos para o final que o aguardava. Desse modo, prediz a sua trajetória desde a entrada em Jerusalém, sua morte e o reaparecimento após o terceiro dia. Com esse anúncio, os discípulos ficaram apreensivos. Este fato poderia causar-nos surpresa, pois eles conheciam as profecias sobre a vinda do Cristo, sua missão e a final condenação pelos homens. Por que, então, ficaram temerosos?

É que eles tinham se acostumado a conviver com o Mestre, presenciar sua autoridade moral, realizando curas e expulsando os maus Espíritos, assim como manifestando sua superioridade diante dos sacerdotes, fariseus, herodianos, etc.

Quando, pois, Jesus anunciou esses acontecimentos finais, os discípulos, embora plenamente dispostos a segui-lo, demonstraram suas limitações, como todo ser humano, então sentiram medo.

Na ocasião relatada, Pedro, movido por influência espiritual inferior, dirige-se ao Mestre de forma lisonjeira, de certa forma questionando sua missão; e Jesus, percebendo a influenciação, adverte-o energicamente.

Ao dizer: “por que não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”, Jesus ressalta que a sua missão é fundamentada na Vontade Divina, e exige sacrifício e renúncia, ao contrário dos valores dos homens, que buscam defender apenas os seus próprios interesses. Poderia causar-nos estranheza o fato de Pedro, apóstolo escolhido por Jesus, estar vulnerável aos Espíritos inferiores. Porém, como nos ensina a Doutrina Espírita, a mediunidade é uma faculdade do Espírito, que lhe permite ser o intermediário entre o mundo físico e espiritual. Esta intermediação é realizada de acordo com a sintonia vibratória do médium; logo, ele poderá ser instrumento de Espíritos superiores ou inferiores.

Pedro, nesse momento, por invigilância, deixou-se influenciar pela espiritualidade inferior.

Como enfatiza Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXIV item 12: “O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido”.

Na segunda passagem acima citada, Jesus prediz a negação de Pedro, ao que este afirma que jamais o abandonaria. Conforme previu o Mestre, de fato, Pedro, antes de o galo cantar, negou-o três vezes. Então, podemos perguntar: Por que Pedro, que confiava em Jesus e o amava, pode negá-lo?

Aqui, repetimos, por causa da fragilidade humana, da falta de fé. A coragem, enfim, como virtude, precisa ser adquirida. E ela só pode ser alcançada com muito trabalho e muita determinação. Pedro, “a Rocha”, como Jesus o chamou, apesar desse momento de hesitação, na hora certa, assumiu plenamente sua missão. Na Casa do Caminho, revelou-se como grande líder dos apóstolos, sendo aquele que pacificava e harmonizava; como divulgador do Cristianismo, fortaleceu as bases da Doutrina Redentora.

Na obra “Há Flores no Caminho”, psicografada por Divaldo Franco, no episodio n° 14, Amélia Rodrigues, sintetiza: “Joeirando-se, entretanto, na fé augusta e no sacrifício, sustentou os irmãos com todas as forças da alma, evitando dissensões com a sua humildade e autoridade, infundindo ânimo até o momento em que, integrado ao espírito do Cristo, deixou-se arrastar a rude crucificação, da qual se ergueu em asas de luz, símbolo que se fez da fraqueza momentânea e da resistência veraz diante de toda e qualquer tentação”.

Questão reflexiva:

Como podemos fortalecer-nos para evitarmos as influências espirituais negativas em nosso dia-a-dia.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 15 de maio de 2025

9ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Sermão Dos “Ais” (Mt 23:13-39)

O Sermão dos “Ais” foi proferido em um momento em que Jesus, uma vez mais, alertava o povo e seus discípulos sobre a conduta dos escribas e fariseus que tinham um discurso, dirigido ao povo, que exaltava a observância da Lei e os Profetas, mas que eles próprios não praticavam.

Inicialmente, relembremos a descrição de Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, em sua introdução, sobre essas duas classes:

Fariseus - “Os Fariseus desempenhavam papel ativo nas controvérsias religiosas. Observadores servis das práticas exteriores do culto e das cerimônias, tomados de ardoroso proselitismo, inimigos das inovações, afetavam grande severidade de princípios. Mas, sob as aparências de uma devoção meticulosa, escondiam costumes dissolutos, muito orgulho, e, sobretudo excessivo desejo de dominação. A religião, para eles, era mais um meio de subir do que objeto de uma fé sincera”.

Escribas - “Nome dado, a princípio, aqueles que tinham o encargo de escrever a lei e explicá-la, e a certos intendentes dos exércitos judeus. Mais tarde, essa designação foi aplicada especialmente aos doutores que ensinavam a lei de Moisés e a interpretavam para o povo. Faziam causa comum com os Fariseus, participando dos seus princípios e de sua aversão aos inovadores. Por isso, Jesus os envolve na mesma reprovação”.

Neste sermão, Jesus apresenta, de forma enérgica, uma série de condutas dos escribas e fariseus que mereciam forte reprovação moral, como segue:

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, porque bloqueais o Reino dos Céus diante dos homens! Pois vós mesmos não entrais, nem deixais entrar os que o querem!”

Nesta primeira exortação, Jesus faz referência ao “Reino dos Céus”.

Pelo estudo da Doutrina Espírita, sabemos que esse termo, constantemente empregado por Jesus, não designa um local geográfico, um lugar estático nas alturas, destinado aos “eleitos”; mas, na verdade, trata-se de um estado de consciência de harmonia e plenitude. Para atingir esse estado é necessária a prática constante dos preceitos contidos na Lei Divina.

No entanto, os escribas e fariseus não a observavam. Logo, como eram responsáveis por ministrar o conhecimento da Lei ao povo, constituído, em sua maioria, por pessoas ignorantes, acabavam, pelos maus exemplos, a induzir os homens ao erro.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que percorreis o mar e a terra para fazer um prosélito, mas, quando conseguis conquistá-lo, vos o tornais duas vezes mais digno da geena do que vós!”

Ressalta-se, neste ponto, o empenho que os fariseus e os escribas tinham em fazer prosélitos, ou seja, fazer novos adeptos de sua religião.

Entretanto, quando conseguiam converter alguém, em vez de direcioná-lo a prática da religião, em sua essência, ao contrário, incentivavam as práticas exteriores, afastando os homens de sua renovação interior. Tão grave era este desvio, que o Mestre dizia que o novo convertido acabava por se tomar digno da “geena”.

Este termo “geena”, cabe anotar, tinha o significado de “inferno”. Era utilizado pelo Mestre, pois fazia parte da crença dos judeus. Salientamos, porém, que, conforme elucida a Doutrina Espírita, tal lugar, de condenação ao “fogo eterno”, não existe.

“Ai de vós, condutores cegos, que dizeis: ‘Se alguém jurar pelo santuário, seu juramento não o obriga, mas se jurar pelo ouro do santuário, seu juramento o obriga’. Insensatos e cegos Que é maior, o ouro ou Santuário; que santifica o ouro? Dizeis mais: ‘Se alguém jurar pelo altar; não é nada, mas se jurar pela oferta que esta sobre o altar; fica obrigado’. Cegos! Que é maior a oferta ou o altar que santifica a oferta? Pois aquele que jura pelo altar; jura por ele e por tudo que nele esta. E aquele que jura pelo santuário, jura por ele e por aquele que nele habita. E, por fim, aquele que jura pelo céu, jura pelo trono de Deus e por aquele que nele está sentado.”

Esta exortação chama a nossa atenção para aquilo que é mais importante. No ato devocional do fiel, quando apresentava suas oferendas ao Templo, estava ele exercitando um ritual de acordo com os costumes religiosos da época. Essa prática deveria representar a exteriorização do sentimento íntimo de devoção a Deus. Esse, portanto, era o verdadeiro objetivo da prática devocional externa.

Mas, muitos a faziam de forma maquinal, vazia, sem sentimentos de adoração a Deus. Essa superficialidade terminava apenas em obrigações para manter as aparências.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que pagais o dízimo da hortelã, do endro e do cominho, mas omitis as coisas mais importantes da lei: a justiça, a misericórdia e a fidelidade. Importava praticar estas coisas, mas sem omitir aquelas. Condutores cegos, que coais o mosquito e engolis o camelo!”

A busca da espiritualização não deve violar, abruptamente, os costumes e as tradições religiosas. Deve-se respeitar todos os preceitos referentes à verdadeira adoração. Podemos lembrar que Jesus, a propósito, afirmou que não veio para destruir a Lei nem os Profetas.

Esse caminho, obviamente, conduz, em última instancia, ao conhecimento da Verdade e, em se libertando da ignorância, a vivência plena das Leis Divinas.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que limpais o exterior do copo e do prato, mas por dentro estais cheios de rapina e intemperança! Fariseu cego, limpa primeiro o interior do copo e do prato, para que também o exterior fique limpo!.”

Que mais importa ao Homem para sua transformação interior?

Bem sabemos que é a reformulação de seus valores.

Impossível é ao Homem obter a iluminação espiritual, caso sua atenção esteja voltada apenas para o exterior.

Quando procura seguir os Mandamentos que, em sua essência, demandam o comportamento integro e o respeito aos semelhantes, e se empenha em purificar os pensamentos e harmonizar as emoções, é porque realmente compreendeu o significado legítimo da religião.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Sóis semelhantes a sepulcros caiados, que por fora parecem belos, mas por dentro estão cheios de ossos de mortos e de toda podridão. Assim também vós: por fora pareceis justos aos homens, mas por dentro estais cheios de hipocrisia e iniquidade.”

Jesus, neste outro trecho, uma vez mais evidencia a necessidade de compreendermos que o que importa não é a aparência de virtude, mas, sim, o ato de ser virtuoso.

A reafirmação deste preceito decorre da natural tendência do homem em permanecer na superficialidade das coisas, e, desse modo, de não buscar a essência da religiosidade.

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas, que edificais os túmulos dos profetas e enfeitais os sepulcros dos justos e dizeis: ‘Se estivéssemos vivos nos dias dos nossos pais, não teríamos sido cúmplices deles no derramar o sangue dos profetas’. Com isso testificais, contra vós, que sois filhos daqueles que mataram os profetas. Completai, pois, a medida dos vossos pais!”

Deus, por Sua Misericórdia, sempre enviou, a todas as partes do mundo, missionários encarregados de trazer os preceitos divinos. Os hebreus, desse modo, também tiveram seus profetas.

Ocorre, no entanto, que nem sempre eles foram ouvidos, e, várias vezes, foram rejeitados. Os escribas e fariseus, como seus pais, do mesmo modo, veneravam, exteriormente, seus profetas, mas, em verdade, não os respeitavam.

Além dos sete “ais” que constam do Evangelho de Mateus, os quais transcrevemos acima, temos que registrar que no Evangelho de Marcos 12:38-40, há outra exortação de Jesus reprovando a conduta dos escribas, motivo pelo qual muitos autores fazem alusão a oito “ais”.

Esta outra advertência, acrescentamos, pode ser encontrada também no Evangelho de Lucas 20:46-47. Eis a passagem anotada em Marcos:

“...Guardai-vos dos escribas que gostam de circular de toga, de ser saudados nas praças públicas, e de ocupar os primeiros lugares nas sinagogas e os lugares de honra nos banquetes; mas devoram as casas das viúvas e simulam fazer longas preces. Esses receberão condenação mais severa.”

Como podemos notar, a natureza da advertência é a mesma. Aqui, há ainda o agravante da conduta oportunista em obter lucro com o sofrimento alheio.

O Sermão dos “ais” é concluído por Jesus com a clássica passagem abaixo que traduz sua imensa compaixão pela Humanidade: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados, quantas vezes que eu quis ajuntar as teus filhos, como a galinha recolhe seus pintinhos debaixo das asas, e não o quiseste!”

Este Sermão de Jesus, que, de forma vigorosa, conclama ao despertamento, leva-nos a reflexão sobre quais são as condutas que verdadeiramente representam o sentimento de religiosidade.

Todas as más condutas aqui indicadas levam-nos, ainda, a meditação sobre outros ensinamentos de Jesus, onde sempre encontraremos o incentivo a virtude.

Especialmente a nos espíritas, lembra-nos, também, este Sermão dos “ais” que as práticas exteriores não são mais necessárias àqueles que interiorizaram o conhecimento da Boa Nova e exercem a verdadeira adoração a Deus, que é a prática plena da Lei de Amor e Caridade.

QUESTÃO REFLEXIVA

Por que muitos Homens ainda têm dificuldade de se libertar das práticas religiosas exteriores?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Ed. FEESP.
10ª Aula - As Predições do Evangelho e o Sermão Profético 53
- Godoy, Paulo A. - Os Quatro Sermões de Jesus - Ed. FEESP.
- Franco Divaldo/Amélia Rodrigues - Até o Fim dos Tempos.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 13 de maio de 2025

9ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Autoridade de Jesus

Jesus e Os Doutores Da Lei

OS FARISEUS E OS SADUCEUS PEDEM UM SINAL

“Os fariseus e os saduceus vieram até ele e pediram-lhe, para pô-lo á prova que lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Mas Jesus lhes respondeu: ‘Ao entardecer dizeis: Vai fazer bom tempo, porque o céu está avermelhado; e de manhã: Hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. O aspecto do céu sabeis interpretar, mas os sinais dos tempos, não sois capazes! Geração má e adúltera! Reclama um sinal e de sinal, não lhe será dado, senão o sinal de Jonas'. E, deixando-os, foi-se embora.” (Mt 16:1-4).

Em seu caminho, Jesus sempre se defrontava com os Doutores da Lei, que, incessantemente, queriam pô-lo a prova, queriam fazê-lo cair em contradição, ou, de alguma forma, constrangê-lo. Neste relato de Mateus, os fariseus e os saduceus pedem um “sinal vindo do céu”.

Mas Jesus, conhecendo a dureza de seus corações e a malicia de suas intenções, ressalta-lhes a cegueira, alertando-os para o fato de que as coisas mais simples, como os sinais meteorológicos, os indícios das condições atmosféricas, ou seja, olhar para o céu e saber se vai chover ou fazer sol, isso eles podiam ver, pois só depende da visão dos olhos materiais, não, porém, os “sinais dos tempos”, pois isto depende da percepção do Espírito. Esta última, devemos ainda lembrar, demanda humildade e boas intenções.

Duas expressões são dignas de nota nesta abordagem.

A primeira é a expressão “sinal do céu”, muito utilizada, na época, entre os hebreus. É que toda a sua história é povoada de fatos ditos “miraculosos”, prodigiosos; as narrativas do Antigo Testamento são recheadas de descrições de cenas maravilhosas, extraordinárias, como todos os relatos admiráveis dos feitos de Moisés. Ao tempo de Moisés, vale lembrar, o povo, incansavelmente, pedia “sinais dos céus”.

A Segunda expressão: “sinais dos tempos”, é um termo que, em sentido amplo, pode ser aplicado em diversos contextos. Aqui, em sentido restrito, utiliza-se, especialmente, para designar os sinais que poderiam ser percebidos quando da “chegada do Messias”. Jesus, podemos lembrar, fez alusão a esses sinais quando quis indicar sua condição messiânica, como podemos encontrar no Evangelho de Mateus:

‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?’ Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que ouvis e vedes: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados’.” (Mt 11:3-5).

Essa mesma narrativa, que também podemos encontrar em Lucas, cap. 7, versículo 22, refere-se às predições do profeta Isaias, e eram, dessa forma, os sinais do início da era messiânica.

Neste ponto, podemos indagar: Ora, se os sinais indicados por Jesus eram tão evidentes, tão notórios, tão claros, e correspondiam exatamente as profecias de Isaias, as quais eram muito conhecidas, como, afinal, os Doutores da Lei não podiam “ver”‘?

A resposta deve ser categórica: é que todo Espírito só vê aquilo que quer ver! É que todas as más paixões entorpecem a alma, tomando-a cega as maiores verdades.

Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, primeira parte, cap. III, faz uma interessante classificação didática dos diversos momentos do Ser em seu trânsito entre o ceticismo absoluto até a verdadeira crença. Vejamos o item 22: “Ao lado dos materialistas, propriamente ditos, há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas, pelo menos em nome, não são menos refratários ao Espiritismo: São os incrédulos de má vontade. Esses não querem crer porque isso lhes perturbaria o gozo dos prazeres materiais. Temem encontrar a condenação de sua ambição, do seu egoísmo e das vaidades humanas em que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir.”

Não obstante, neste trecho, o codificador ter se referido à crença no Espiritismo, o que nos interessa é o perfil assinalado. Essa descrição formulada por Kardec pode, integralmente, ser aplicada aos Doutores da Lei a época de Jesus, principalmente pelo fato de que eles temiam a condenação de suas ações egoísticas e, dessa forma, “tapavam” os ouvidos.

Por não estarem realmente dispostos a compreender, Jesus diz-lhes que nem um outro sinal lhes será dado, a não ser o sinal de Jonas.

Esse “sinal de Jonas”, Jesus a ele já havia se referido, conforme consta do cap. 12, versículos 40-41, do Evangelho de Mateus: “Pois, como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites...”

No Antigo Testamento, no próprio livro do profeta Jonas (século IV a.C.), encontramos a narrativa da jornada no ventre do “grande peixe”, e de outros sinais que teriam ocorrido em sua missão; descrições estas que contém os mesmos elementos característicos do Antigo Testamento: os sinais prodigiosos do céu.

A todas as pessoas de boa-fé, humildes e desejosas de compreender, podemos lembrar as palavras de Jesus a Tomé: aquele que não acreditou porque não viu. “Jesus lhe disse: ‘Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!’.” (Jo 20:29).

O FERMENTO DOS FARISEUS E DOS SADUCEUS

“Ao passarem para a outra margem do Lago os discípulos esqueceram-se de levar pães. Como Jesus lhes dissesse: Cuidado acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus! ’puseram-se a refletir entre si: ele disse isso porque não trouxemos pães Jesus, percebendo, disse: Homens fracos na fé! Por que refletis entre vos por não terdes pães? Ainda não entendeis, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos recolhestes? Nem dos sete pães para quatro mil homens e de quantos cestos recolhestes? Como não entendeis que eu não falava de pães quando vos disse: Acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus? Então compreenderam que não dissera: Acautelai-vos do fermento do pão, mas sim do ensinamento dos fariseus e dos saduceus.” (Mt 16:5-12).

Neste ensinamento de Jesus, os discípulos, inicialmente, não compreenderam seu significado, e, por não terem levado pão para a jornada, acreditaram que o Mestre estava referindo-se ao alimento material. Após novo esclarecimento, entenderam o uso figurado do termo fermento.

A palavra fermento pode então ser utilizada em dois sentidos: o literal ou o figurado.

Em sentido literal, como bem sabemos, fermento é a substância que, adicionada a outros ingredientes, desencadeia o processo químico denominado “fermentação”, resultando na alteração da estrutura, volume, consistência de um ou mais elementos. O fermento é a substância que faz, por exemplo, a massa de pão e a massa de bolo crescer e se avolumar.

Em sentido figurado, fermento seria toda ação ou postura capaz de desencadear um processo de elaboração, crescimento, expansão e propagação de ideias, doutrinas ou sistemas quaisquer. Logo, essa figura não tem em si mesma, um valor predefinido, não contém um julgamento de mérito, ou seja, não indica se é algo positivo ou negativo.

Por esse motivo exposto, a palavra fermento, como podemos constatar em outros trechos do Evangelho, é utilizada indicando um processo positivo, de crescimento e propagação do Bem.

Nesta passagem que ora analisamos, indica um processo negativo, de expansão do Mal. Por isso, Jesus, no Evangelho de Lucas, cap. 12, versículo 1, diz, expressamente: “... Acautelai-vos do fermento - isto é, da hipocrisia - dos fariseus.”

Ressaltemos este ponto: a cautela não é pelo fermento em si, mas pelo fermento dos fariseus, que, reconhecidamente, agiam de má-fé e com propósitos obscuros.

Citemos um trecho da obra “Até os Fins dos Tempos”, de Amélia Rodrigues, psicografada por Divaldo Franco, que faz referência ao fermento dos fariseus no capítulo “O Reino Transitório e o Permanente”. Diz a autora: “A hipocrisia é morbo da alma que contamina e deixa sequelas devastadoras por onde passa, e se tornará característica predominante no comportamento dos fariseus, que se perdiam em discussões estéreis a proveito próprio, sem nenhuma consideração por quem quer que seja.”

A hipocrisia, a má-fé, o orgulho são chagas que podem, como o fermento, avolumar e perverter muitas mentes. Precisamos estar atentos a esse “fermento dos fariseus”, ainda presente em nossos dias. Mudam-se os nomes, mas a mentalidade de muitos ainda pode ser comparada a dos fariseus da época de Jesus.

Assim, prossegue a autora espiritual acima citada: “Por isso mesmo, a maledicência, a calúnia, a informação malsã não têm lugar na convivência saudável, naquela que é inspirada pelo Evangelho, porquanto tudo se torna conhecido e desvelado”.

PERGUNTAS SOBRE A AUTORIDADE DE JESUS

“Vindo ele ao Templo, estava a ensinar quando os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram e perguntaram-lhe: ‘Com que autoridade fazes essas coisas? E quem te concedeu essa autoridade?' Jesus respondeu: ‘Também eu vos proporei uma só questão: ‘Se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: O batismo de João, de onde era? Do Céu ou dos homens? ’Eles, porém, arrazoavam entre si, dizendo: ‘Se respondermos ‘Do Céu', ele nos dirá: ‘Por que então não crestes nele? Se respondermos ‘Dos homens’, temos medo da multidão, pois todos consideram João como profeta ’. Diante disso, responderam a Jesus: ‘Não sabemos’. Ao que ele também respondeu ‘Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas'.” (Mt 21:23-27).

Neste intrigante diálogo, podemos notar, em especial, a ausência de sinceridade daqueles que, no caso, dirigiram-se a Jesus - os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Há uma deliberada e visível intenção de confrontar, constranger e denegrir.

Podemos concluir que se trata de uma ação maquinada, ardilosa, astuciosa, eis que, como se vê, a pergunta tem o tom de confronto, de afronta, de injúria.

Jesus, então, não lhes passou nenhum ensinamento direto. O Mestre, lembremos, nunca impôs o conhecimento. Ouviam-no aqueles que queriam.

Lembremos, também, que dentre aqueles que o ouviam, haviam os que estava mais ou menos preparados. Outros, no entanto, não desejavam ouvi-lo, mas apenas tentavam tirar-lhe a autoridade.

Essa autoridade não é, obviamente, aquela formal, concedida oficialmente pelo mundo, mas é outro tipo de autoridade. E a autoridade que os hebreus atribuíam a Moisés e aos demais profetas, ou seja, aquela que seria concedida diretamente por Deus. Não reconhecendo Jesus como profeta ou como o Messias, interpelaram-no para lhe perguntar, em outras palavras:

Quem lhe deu essa autoridade?

Eles se referiam a autoridade de falar nas sinagogas com conhecimento superior, falar em nome de Deus, autoridade de expulsar os Espíritos maus, autoridade de curar os doentes, etc.

Refletindo sobre a autoridade de Jesus, fazemos, naturalmente, a associação com a sua superioridade. Kardec, em “A Gênese”, cap. XV, item 2, diz sobre Jesus: “Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, desligado da matéria, deveria viver da vida espiritual mais do que da vida corporal, cujas fraquezas Ele não possuía. A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia as qualidades particulares de seu corpo, mas as de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e as de seu perispírito tirado da parte mais quintessênciada dos fluidos terrestres.” (grifo nosso).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Relembrado a frase de Jesus: “Felizes os que não viram e creram”, reflitamos: Será que nós sempre acreditamos sem ver, ou, às vezes, também desejamos “sinais”?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

quinta-feira, 8 de maio de 2025

8ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Missão de Jesus

JESUS O PÃO DA VIDA E A FONTE DA ÁGUA VIVA

“No dia seguinte, a multidão que permanecera no outro lado do mar percebeu que aí havia um único barco e que Jesus não entrara nele com os seus discípulos; os discípulos haviam partido sozinhos. Outros barcos chegaram de Tiberíades, perto do lugar onde haviam comido pão. Quando a multidão viu que Jesus não estava ali, nem seus discípulos, subiu aos barcos e veio para Cafarnaum, a procura de Jesus. Encontrando-o do outro lado do mar; disseram-lhe: ‘Rabi, quando chegaste aqui ? ’Respondeu-lhes Jesus: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: vos me procurais, não porque vistes sinais, mas porque comestes dos pães e vos saciastes. Trabalhai, não pelo alimento que se perde, mas pelo alimento que permanece até a vida eterna, alimento que o Filho do Homem vos dará, pois Deus, o Pai, o marcou com seu selo’.”

(...) “Jesus lhes disse: ‘Eu sou o pão da vida. Quem vem a mim, nunca mais terá fome, e o que crê em mim nunca mais terá sede’.” (Jo 6:22-27 e 35).

Este ensinamento de Jesus ocorre após a passagem bíblica em que se narra a multiplicação dos pães.

Jesus assevera que as pessoas o procuravam, neste momento, não pelo desejo de ouvir seus ensinamentos, mas para se beneficiar com a distribuição de pães.

Nesta lição, o Pão da Vida, o Mestre, utiliza a palavra “pão” em seu sentido figurado. Assim teríamos dois significados para essa palavra:

- O Primeiro, o sentido literal, representa o alimento material, que nutre o corpo físico e mantém a vida;

- O Segundo, o sentido figurado, representa o alimento espiritual que “alimenta” o Espírito.

Quando analisamos o Ser em sua jornada, podemos nos deter, para observação e aprendizado, em cada uma de suas etapas.

Há um momento em que apenas lhe interessa a saciedade dos interesses materiais, dos sentidos, das paixões do mundo. Neste estágio ele é como que “surdo” aos ensinamentos espirituais. Muitas vezes, trata as maiores verdades com ironia e ceticismo.

Seguindo sua caminhada, há outro momento em que ele começa a despertar para o conhecimento espiritual. No entanto, como é da Lei, as progressões são gradativas, passo a passo. Assim, ainda nesta etapa, haverá muitos conceitos que não foram assimilados em sua verdadeira essência.

Em consequência, mesmo buscando seguir um caminho de espiritualização, ainda estará preso a muitos interesses materiais. Por vezes, então, terá condutas incompatíveis com os conhecimentos adquiridos, e poderá, eventualmente, querer fazer barganha com Deus para obtenção de privilégios e de ser poupado de passar pelas provações comuns a Humanidade.

Mas há um momento especial em que o Ser realmente desperta para a verdade e começa a compreender as mensagens do Mestre e a buscar o alimento espiritual.

No diálogo entre Jesus e a mulher samaritana, que abaixo transcrevemos, encontra-se essa mesma lição de Jesus. Vejamos: “Jesus lhe respondeu: ‘Aquele que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água que lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele fonte de água jorrando para a vida eterna.” (Jo 4:13-14).

Essa Água aqui tratada iguala-se ao Pão da Vida, pois traz a mesma simbologia. A água, também, tem um sentido literal e outro figurado; interessa-nos destacar este último.

Quando o Espírito, como falamos acima, está buscando sua renovação, sentirá necessidade, cada vez mais, de se nutrir do alimento espiritual.

É porque todos os antigos valores vão perdendo sua importância, vão ficando sem significado. É o momento da transformação interior, em que os antigos interesses não mais correspondem aos nossos anseios, então, surge uma espécie de vazio.

O impulso em direção aos novos valores deriva, assim, da necessidade de preencher aquele vazio. O Espírito, neste momento, apenas encontrará satisfação na busca do conhecimento dos assuntos relevantes, na busca da Verdade.

A fome, a sede, figuradamente falando, só serão saciadas com esse alimento espiritual, que é a mensagem trazida por Jesus e contida no seu Evangelho.

Quando realmente começamos a “ver”, e nos sintonizamos com a Boa Nova, reconhecemos seu verdadeiro valor. Todas as dores, todas as aflições, todas as provações da vida encontram ali o sustentáculo para que possamos prosseguir com resignação e fé.

O mundo e todas as doutrinas materialistas são incapazes de nos dar a verdadeira esperança.

A Boa Nova de Jesus é, dessa forma, o bálsamo para qualquer dor, é o consolo nos momentos de desespero, é a esperança de que após a “tempestade” dias melhores virão. O Evangelho é a Luz que norteia nosso caminho evolutivo.

O BOM PASTOR

“Eu sou o bom pastor: o bom pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas.”

(...) “Eu sou o bom pastor; conheço as minhas ovelhas e as minhas ovelhas me conhecem.”

(...) “Tenho ainda outras ovelhas que não são deste redil: devo conduzi-las também; elas ouvirão minha voz; então haverá um só rebanho, um só pastor.” (Jo 10:11-16).

Estas suaves palavras de Jesus soam como um poema eterno de encantadora beleza.

Permitamo-nos adentrar a esta composição de sabedoria, mas, especialmente, de indizível Amor, para tentamos alcançar, compreender a mensagem do Mestre.

Jesus, não obstante a inquestionável elevação de seus ensinamentos, utilizava-se, geralmente, de palavras simples, de figuras conhecidas, de símbolos comuns a época.

Mas embora suas lições sejam marcadas pela simplicidade, o alcance de cada de uma delas é admirável. Portanto, precisamos transcender, abstrair-se, ir além da figura, do símbolo, para encontrar a verdadeira essência, segundo a nossa possibilidade.

Dissemos segundo a nossa possibilidade, pois, como é da Lei, estamos constantemente aprendendo e, por consequência, ocorrerá que ao ler e refletir sobre o mesmo ensinamento, a mesma passagem, a mesma frase de Jesus, ao avançarmos, seremos capazes de ver além, de ver de forma mais abrangente do que a primeira vez. Isto é, ressalte-se, um verdadeiro estímulo ao estudo e a meditação.

Nesta passagem única, Jesus mostra a magnitude de seu Amor pela Humanidade.

De forma simbólica, compara-se a um pastor de ovelhas.

A um pastor, bem sabemos, cabe a proteção, a guarda, o cuidado de todas as suas ovelhas. Esta função ele fará segundo sua capacidade, sua habilidade.

Um “bom” pastor fará ainda mais. Não simplesmente cuidará de suas ovelhas, mas dará sua vida por elas.

Jesus, nosso Mestre inigualável, é o Bom Pastor, por excelência, pois, em verdade, ofereceu-nos amparo e consolo, ofereceu-nos um ensinamento supremo, exemplificou-nos a fraternidade sublime... Deu toda sua atenção, todo seu carinho, todo seu imensurável Amor... Deu sua vida por suas ovelhas.

Somos capazes de reconhecer a grandiosidade de sua ação?

Figuradamente falando, nós somos as “ovelhas”. Somos, então, capazes de “ouvir a sua voz”‘?

Quando despertamos para a vida, despertamos para o amor e a caridade; começamos a ouvir a sua voz.

Neste mundo há, no entanto, aqueles que ainda não o “ouvem”. Mas, prenuncia Jesus: “elas ouvirão minha voz; então haverá um só rebanho, um só pastor”.

Nestas comoventes palavras do Mestre, lancemos todo nosso pensamento, toda nossa emoção, toda nossa esperança.

Sim. Na Terra, um dia, a “voz” de Jesus será universal, e ressoará em todos os lugares e todas as “ovelhas” o ouvirão. Nesse grande dia, veremos a vitória do Bem sobre o Mal, a vitória da Sabedoria sobre a Ignorância. Veremos Jesus, o sublime Pastor, a nos conduzir em direção a Luz.

A MISSÃO DE JESUS

"Eu, a luz, vim ao mundo para que aquele que crê em mim não permaneça nas trevas. Se alguém ouvir minhas palavras e não as guardar eu não o julgo, pois não vim para julgar o mundo, mas para salvar o mundo". (Jo 12:46-47).

A benevolência e a compaixão estão presentes nestas afirmações de Jesus.

O Mestre, em sua infinita compreensão de nossas limitações, não veio para nos julgar, mas, para nos “salvar”.

Refletindo sobre assunto tão sério, o advento de Jesus, remetamo-nos às palavras de Emmanuel em “A Caminho da Luz”, cap. XII: “Começava a era definitiva da maioridade espiritual da Humanidade terrestre, de vez que Jesus, com sua exemplificação divina, entregaria o código da fraternidade e do amor a todos os corações”.

Nesta afirmação de Emmanuel, encontramos uma bela síntese da missão de Jesus: entregar o “código da fraternidade e do amor a todos os corações”.

É que o Amor é o único sentimento verdadeiramente capaz de libertar o ser da ignorância e das trevas. Jesus, “a Luz”, veio em missão de nos “salvar” no sentido de nos despertar para a verdadeira vida, a vida do Espírito.

Na mesma obra citada a pouco, prossegue Emmanuel: “De suas lições inesquecíveis, decorrem consequências para todos os departamentos da existência planetária, no sentido de se renovarem os institutos sociais e políticos da Humanidade, com a transformação moral dos homens dentro de uma nova era de justiça econômica e de Concórdia universal”.

Nesse grande passo da Humanidade, não podemos, se desejamos a vitória do Bem, ser apenas espectadores, mas precisamos ser efetivos participantes, ou, em outras palavras, ser verdadeiros discípulos de Jesus, ser cristãos, e aproveitar cada oportunidade que nos seja oferecida para exemplificar o Bem.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Temos “ouvido” a voz de Jesus e usado todo nosso potencial para implantar o Bem na Terra?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Humberto de Campos – Boa Nova.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel – A Caminho da Luz.
- Franco, Divaldo P./Amélia Rodrigues – Luz no Mundo.
FEESP - CURSO DE APRENDIZES DO EVANGELHO – 2º. ANO
- Franco, Divaldo P./Amélia Rodrigues – Primícias do Reino.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 6 de maio de 2025

8ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Ninguém Pode Ver o Reino de Deus se Não Nascer de Novo E a Missão de Jesus

Reencarnação

O ADVENTO DE ELIAS

“Desde os dias de João Batista até agora, o Reino dos Céus sofre violência, e violentos se apoderam dele. Porque todos os profetas bem como a Lei profetizaram, até João. E, se quiserdes dar crédito, ele é o Elias que deve vir. Quem tem ouvidos, ouça!” (Mt 11:12-15).

O princípio da reencarnação é explicitamente tratado na Bíblia, como vemos, por exemplo, nesta passagem.

Mesmo no Antigo Testamento podemos encontrar citações sobre a reencarnação, como indica Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. IV itens 13 e 14, quando faz referência aos livros de Isaías e de Jó.

A verdade, muitas vezes, está acessível, clara, mas, no entanto, ocorre que cada indivíduo só vê e ouve aquilo que quer; eis a razão da afirmação de Jesus: “Quem tem ouvidos, ouça!”.

Muitos teólogos dogmáticos rebateram, e ainda rebatem o princípio da reencarnação, alegando que ele não se encontra expresso na Bíblia. Contudo, como citamos, tal princípio encontra-se presente tanto no Novo como no Antigo Testamento.

A crença na reencarnação, como afirma Kardec em “O Evangelho Segundo Espiritismo”, no mesmo capítulo acima citado, no item 4, ‘fazia parte dos dogmas dos judeus, sob o nome de ressurreição’. Aquela época, no entanto, esse conceito, como muitos outros, eram obscuros, vagos, pois o conhecimento sobre a ligação entre o corpo e o Espírito era incompleto.

Eles, então, acreditavam que, após a morte, era possível retomar a vida corpórea, porém não tinham ideia de como isso ocorria. Assim, eles chamavam de ressurreição o que, apropriadamente, a Doutrina Espírita chama de reencarnação.

A absoluta impossibilidade da ressurreição há sempre que se repetir, reside no fato de que após a morte do corpo físico, ocorre à desagregação da matéria, e os elementos que o constituíam dispersam-se na natureza. Fato este que hoje a ciência demonstra de forma categórica.

Analisando a passagem do Evangelho de Mateus acima transcrita, constatamos que não há figuras, não há simbolismos, não é uma parábola.

Jesus afirma, de forma categórica, sobre João, que: “ele é o Elias que deve vir”. Nada poderia ser mais expresso.

Ainda no Evangelho de Mateus, no cap. 17, versículos 12 a 13, vemos outra afirmação sobre a reencarnação de Elias: “Eu vos digo, porém, que Elias já veio, mas não o reconheceram. Ao contrário, fizeram com ele tudo quanto quiseram. (...) Então os discípulos entenderam que se referia a João Batista.”

Um dos pontos que chama a atenção nesta passagem é a tranquila aceitação dos discípulos quanto à volta de Elias reencarnado. Vemos que Jesus apenas afirma que Elias voltou e eles próprios deduzem que se tratava de João.

Em muitas outras passagens, podemos encontrar os discípulos com certa dificuldade em compreender os ensinamentos de Jesus. Este não é o caso em relação à crença no retorno a vida corporal, pois esta já fazia parte de suas convicções, como bem pudemos perceber.

Ainda vemos, de forma evidente, essa convicção no Evangelho de João, cap. 9, versículos 1 a 3:

“Ao passar ele viu um homem, cego de nascença. Seus discípulos lhe perguntaram: ‘Rabi, quem pecou, ele ou seus pais, para que nascesse cego?'.”

Pela pergunta dirigida a Jesus, fica clara a crença na preexistência da alma, pois se ele era cego de nascença, e se não houvesse “pecado” de seus pais, só poderia ser dele mesmo numa vida anterior, segundo acreditavam os discípulos.

O COLÓQUIO COM NICODEMOS

“Havia, entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um notável entre os judeus. A noite ele veio encontrar Jesus e lhe disse: ‘Rabi, sabemos que vens da parte de Deus como mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que fazes, se Deus não estiver com ele 'Jesus lhe respondeu: ‘Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus’.

Disse-lhe Nicodemos: ‘Como pode um homem nascer; Sendo já velho? Poderá entrar segunda vez no seio de sua mãe e nascer?’ Respondeu-lhe Jesus: ‘Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus’.” (Jo 3:1-5).

Quando abordamos a reencarnação, buscando sua confirmação no Novo Testamento, uma das passagens mais significativas e notáveis é esta do colóquio, ou seja, do diálogo entre Jesus e Nicodemos.

Primeiramente, podemos observar que Nicodemos, embora fariseu mostrava-se receptivo aos ensinamentos do Mestre. Na obra “Boa Nova, lição 14, o Espírito Humberto de Campos, através da psicografia de Francisco C. Xavier, afirma: “Entre estes, figurava Nicodemos, fariseu notável pelo coração bem formado e pelos dotes da inteligência. Assim, uma noite, ao cabo de grandes preocupações e longos raciocínios, procurou a Jesus, em particular seduzido pela magnanimidade de suas ações e pela grandeza de sua doutrina salvadora”.

Um ponto digno de nota na passagem evangélica acima transcrita é que Nicodemos, não obstante todo o conhecimento que possuía como Doutor da Lei, também não compreendia os mecanismos da reencarnação.

Como sempre nos alerta Kardec, Jesus, ao ensinar, falava de acordo com a possibilidade de entendimento de cada um e, em especial, quando o momento era propício. Sendo assim, por vezes, era necessário falar por parábolas, figuras ou símbolos.

Ao tratar da reencarnação, aqui, Jesus utilizou os termos “água” e “Espírito”, ao afirmar: “... quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus”.

Mas o que significa, afinal, “nascer da água e do Espírito”?

A resposta encontramos em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no cap. IV, item 8. Explica o codificador, inicialmente, o significado dessas palavras:

Água - fora de seu sentido específico, a água era considerada o elemento primordial gerador da vida, da matéria, como se pode notar nas seguintes frases extraídas da Bíblia, do livro da Genesis e indicadas por Kardec: “que o firmamento seja feito no meio das águas”, “que as águas produzam animais viventes...”. Constata-se que era, portanto, o símbolo da natureza material; Espírito - era o símbolo da natureza inteligente e, por consequência, independente, distinto, diferente da matéria.

Em síntese, temos que: nascer da água significa nascer no corpo físico, que é um corpo gerado pelos pais biológicos, e tem uma existência transitória, regida pelas leis físicas, da matéria. Em relação a nascer do Espírito, há, aqui, a indicação positiva de que há uma independência do Espírito em relação ao seu corpo material; logo, embora em cada existência tenhamos um corpo físico diferente, o Espírito é sempre o mesmo.

Este episódio - o de Nicodemos - é, repisamos, um dos mais evidentes e notários que afirmam a pluralidade das existências.

Muitos teólogos; bem sabemos, tudo fizeram para tentar encontrar outro significado para a passagem; um que se adequasse aos seus dogmas. Outros, ainda, ao traduzirem a Bíblia, por oportunismo, buscaram adulterar as palavras de Jesus, como alerta-nos Kardec no item 7, do mesmo capítulo acima indicado, ao ressaltar que muitos substituíram a expressão “Espírito” para “Espírito Santo”, o que, diz o codificador “não corresponde ao mesmo pensamento”.

Em que pese esses intentos, a verdade será um dia conhecida de todos. A Nicodemos; questionou Jesus ainda: “És mestre em Israel e ignoras estas coisas?”.

Nesse dia inesquecível, podemos imaginar que Nicodemos deve ter ficado confundido, talvez pensativo, refletindo sobre os mistérios das “coisas do céu”, sobre as possibilidades infinitas da vida e da jornada do Espírito imortal.

A todos aqueles que quiserem “ver”, o Evangelho é um livro aberto de conhecimento e da suprema Sabedoria trazida pelo Mestre sublime. Que “os que têm olhos” vejam!

CONHECEREIS A VERDADE E A VERDADE VOS LIBERTARÁ

“Disse, então, Jesus aos judeus que nele haviam crido: ‘Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.’.” (Jo 8:31-32).

Nesta frase de Jesus - conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará - temos uma sentença; mais do que uma simples possibilidade, encontramos um determinismo, uma circunstância inevitável: todos os Espíritos estão fadados à evolução.

O Espírito, podemos lembrar, nasce simples e ignorante. É da Lei que, através de uma série de existências, vá avançando em conhecimento e moralidade até atingir a perfeição relativa.

Entre esses extremos, o ser estará, pelo seu esforço, conquistando gradualmente o conhecimento. Assim, nesse caminhar, o pensamento vai se construindo e o sentimento religioso vai se aprimorando e se fortalecendo.

Vemos que as diversas religiões, em seu início, tinham práticas rudimentares e tribais; ao avançarem, instituíram vários dogmas e rituais.

Nesse momento, em que o indivíduo encontra-se inserido numa religião dogmática, por um lado a sua fé não é raciocinada, quando aceita todos os dogmas sem questionamento; por outro, pode acabar por dar maior importância às práticas exteriores.

Este, a propósito, era o cenário dominante a época de Jesus; eis porque o Mestre se empenhava em ensinar o verdadeiro caminho de adoração a Deus.

Neste estágio, em que o indivíduo se encontra limitado por conceitos fechados e por práticas exclusivamente ritualísticas, encontramo-lo como que encarcerado.

Toda ignorância, não importa o grau, sempre gerará uma visão deficiente da realidade, gerará decepções, medos, angústias, desconfiança e, às vezes, ceticismo e incredulidade.

Quando o Ser, em seu avançar, começa a rejeitar conceitos antigos, sente a necessidade de buscar novos conhecimentos.

A época de Jesus, como constantemente afirma Kardec, o momento era propício ao advento da Boa Nova.

Os ensinamentos do Mestre representam, pois, a Lei Divina e a Moral universal.

Em cada um de seus ensinamentos, Jesus procura nos despertar para a Verdade. Essa Verdade, quando estamos receptivos e humildes para ouvi-la e acolhê-la, propicia-nos a Libertação.

Essa Libertação é o rompimento de todas as amarras que nos prendem aos valores do mundo, que podem induzir-nos ao egoísmo, as disputas, a discórdia e ao desamor.

Todos esses sentimentos negativos trazem-nos sofrimento, aflição, desequilíbrio físico e espiritual.

A verdade, ao contrário, conduz-nos aos sentimentos de fraternidade, solidariedade e nos torna capazes de perdoar nossos semelhantes, compartilhar nossos recursos materiais e espirituais.

Jesus, nosso Mestre Maior, através da exemplificação de seu Amor incondicional, trouxe-nos a verdade que nos liberará.

Ao Espiritismo, coube a importante missão de resgatar os ensinamentos do Cristo, em sua essência e em sua magnitude, tomando a verdade mais acessível a todos que a buscam.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como a verdade trazida por Jesus influi em nossa vida?

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.
 

terça-feira, 29 de abril de 2025

7ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Perdão Das Ofensas

CORREÇÃO FRATERNA

“Se o teu irmão pecar vai corrigi-lo a sós. Se ele te ouvir ganhaste o teu irmão. Se não te ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão seja decida pela palavra de duas ou três testemunhas.” (Mt 18:15-16).

A moderação, a discrição, a sensatez devem sempre ser à base de nossas ações.

Muitas vezes, convivendo com nossos semelhantes, momentos há em que vemos alguém agir de forma dura, egoística, agressiva.

Nessas circunstancias, se o momento for oportuno, e estivermos tocados de compaixão pelo nosso semelhante, e, então, despertar em nós um impulso de aconselhá-lo, evidenciando um erro, apenas poderemos fazê-lo, como ensinou Jesus, com discrição e cautela. Isso porque todo escândalo deve ser evitado.

Quando falamos em observar as ações de nosso semelhante, poderia, em uma primeira impressão, aparentar que estaríamos fazendo um julgamento. E certo é que nunca devemos julgar ninguém.

Mas o ato de julgar que é condenável é aquele em que nós fazemos um juízo de condenação de nosso semelhante, faltando, assim, com a caridade. Esse julgar é sim reprovável, pois nós não temos condição alguma de, nesse sentido, julgar nosso semelhante, pois apenas a Deus, que sabe a intenção de cada ação, cabe a analise da ação de cada Ser.

Existe, porém, o ato de discernir, ou seja, de analisar e distinguir, diferenciar uma coisa de outra. Quando, então, avaliamos e ponderamos sobre um certo fato, podemos, pela razão, situá-lo dentro de um sistema de valores. Podemos, assim, pelo sentimento amoroso e, especialmente, pela lógica e pela razão, segundo nossa capacidade de entendimento, afirmar se tal ato representa o bem ou mal, se a conduta é virtuosa ou não.

Usando essa nossa faculdade, poderemos atuar positivamente no mundo, ensinando, exemplificando, corrigindo... Mas, corrigindo fraternalmente.

Isso implica em uma ação suave, respeitosa, afável, nunca constrangendo alguém, mas sempre agindo de forma a acolher e ensinar amorosamente, agindo com caridade, cujo sentido, podemos encontrar na resposta a questão 886 de “O Livros dos Espíritos”:

“Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas.”

PERDÃO DAS OFENSAS

“Então Pedro chegando-se a ele, perguntou-lhe: ‘Senhor quantas vezes devo perdoar ao irmão que pecar contra mim? Até sete vezes? ’. Jesus respondeu-lhe: ‘Não te digo até sete, mas até setenta vezes sete vezes.’.” (Mt 18:21-22).

Nesta passagem, Jesus diz quantas vezes devemos perdoar nosso próximo.

Haveria então certa quantidade limite de vezes que deveríamos perdoar nosso próximo? E depois, estaríamos dispensados de perdoar?

Obviamente que não.

É que o número sete, como se sabe, tinha para os judeus um significado cabalístico e simbólico que representava o infinito. Em outras palavras, temos então: perdoar todas às vezes, tantas vezes quantas forem as agressões. Esse ideal cristão é o grande objetivo a ser alcançado, a ser trilhado passo a passo, eis que é uma grande conquista.

Para muitos de nós, os impulsos mais espontâneos são de ataque, de repelir a agressão, de revanche, de condenação, de ressentimento, de mágoa, etc...

Avançar e evoluir é preciso!

Esse avanço é proporcional aos nossos esforços em estudar e vivenciar o Evangelho e a Doutrina Espírita.

Pelo estudo, compreendemos uma série de circunstancias da vida e do mundo que antes nem desconfiávamos.

“Descobrimos que cada ser só pode agir de acordo com o seu entendimento, e seria, pois, falta de caridade desejar que ele fosse mais do que realmente é”.

Descobrimos ainda que nossos atos são valorosos quando agimos virtuosamente, e que todo ato de desamor será uma semente plantada que gerará uma colheita obrigatória e proporcional ao mal praticado.

Estudando a Doutrina, aprendemos a compreender e ter compaixão pelo nosso semelhante, não por obrigação, por medo de punição, mas pela razão, e também pelo sentimento do coração.

As mensagens de Jesus despertam-nos para a vida, despertam-nos para o desenvolvimento de nossas potencialidades.

Aquele que aprendeu a perdoar descobriu que essa é a única atitude que nos liberta e nos traz paz verdadeira. O exercício constante do perdão vai elevando-nos a níveis cada vez mais sublimes de consciência.

Portanto, mesmo diante de ofensas físicas e morais é possível ficarmos inabaláveis na fé, intocáveis em nossa integridade moral, inalcançáveis pelas ofensas inferiores... Ficamos invulneráveis. Que possamos sempre exercer o perdão e experimentar tais estados sublimes de consciência.

PARÁBOLA DO DEVEDOR IMPLACÁVEL

“Eis porque o Reino dos Céus é semelhante a um rei que resolveu acertar contas com os seus servos. Ao começar o acerto, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos. Não tendo este com que pagar o senhor ordenou que o vendessem juntamente com a mulher e com os filhos e todos os seus bens, para o pagamento da dívida. O servo, porém, caiu aos seus pés e, prostrado, suplicava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei tudo.’ Diante disso, o senhor compadecendo-se do servo, soltou-o e perdoou-lhe a divida. Mas, quando saiu dali, esse servo encontrou um dos seus companheiros de servidão, que lhe devia cem denários e, agarrando-o pelo pescoço, pôs-se a sufocá-lo e a insistir: ‘Paga-me o que me deves.’ O companheiro, caindo a seus pés, rogava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei. ’Mas ele não quis ouvi-lo; antes, retirou-se e mandou lançá-lo na prisão até que pagasse o que devia. Vendo os companheiros de serviço o que acontecera, ficaram muitos penalizados e, procurando o senhor; contaram-lhe todo o acontecido. Então o senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo mau, eu te perdoei toda tua dívida, porque me rogaste. Não devias, também tu, ter compaixão do teu companheiro, como eu tive compaixão de ti? ’Assim, encolerizado, o seu senhor o entregou aos verdugos, até que pagasse toda a sua dívida. Eis como meu Pai celeste agirá convosco, se cada um de vos não perdoar de coração, ao seu irmão.” (Mt 18:23-35).

O que faz com que o Homem sempre use um juízo mais duro contra os outros do que contra si mesmo?

O que faz com que ele deseje ser tratado com piedade e misericórdia, se ele próprio não usa da compaixão para com seu semelhante?

A “cegueira” é a resposta.

Quanto mais próximo do primitivismo, da ignorância, menos o indivíduo é capaz de ver e compreender as circunstâncias. Quanto mais avança em estudo e aprendizado, mais se toma capaz de olhar para o mundo e para as pessoas com uma visão mais abrangente, mais coerente, mais sábia.

Na parábola acima transcrita, vemos que o servo que havia sido perdoado pelo seu senhor, não foi capaz, ele próprio, de perdoar aquele que lhe devia, assim, recebeu a punição de seu senhor.

Quando refletimos sobre essa parábola, podemos perguntar-nos: Será que todas as vezes que pedimos e ansiamos por perdão... Será que nós também perdoaríamos nosso semelhante pelos mesmos motivos? Será que pelas mesmas falhas que cometemos diariamente nós somos complacentes quando nosso próximo também as comete?

Esses questionamentos devem sempre ser objeto de nossas reflexões, pois não há crescimento sem autoconhecimento, não há crescimento sem esforço para renovar as próprias condutas.

Sendo certo que pode haver mérito pelas nossas ações, tanto maior será o mérito quando agirmos baseados no Bem.

Esse mérito que conquistamos é exatamente o que nos legitima a também pedir perdão e, especialmente, a merecer o perdão para nós mesmos. Precisamos fazer por merecer!

Joanna de Angelis, na obra “Libertação pelo Amor”, lição 20, inspira-nos: “A saúde integral resulta de inúmeros fatores entre os quais a dádiva da compaixão. Disputa a honra de ser aquele que concede a paz, distendendo a mão de benevolência em solidariedade paternal ao agressor".

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente a importância do perdão em nossa vida.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Joanna de Angelis - Libertação pelo Amor.

A imagem acima é meramente ilustrativa. Fonte: Internet Google.